A Malásia apresentou uma proposta para a criação de um Conselho Halal da ASEAN com o objetivo de fortalecer a cooperação estratégica na indústria Halal regional, facilitar o trânsito de produtos Halal entre países e impulsionar o comércio intra-ASEAN, que ainda não atingiu seu potencial máximo. A iniciativa foi apresentada durante uma sessão de mesa redonda da indústria Halal entre Malásia e Indonésia, realizada em Jacarta em 22 de abril de 2025.
Nova Plataforma para Integração do Mercado Halal Regional
Segundo Khairul Azwan Harun, presidente da Halal Development Corporation (HDC), a proposta foi apresentada durante encontro que contou com a presença do Vice-Primeiro-Ministro da Malásia, Datuk Seri Dr. Ahmad Zahid Hamidi, e do chefe da Agência Organizadora de Garantia de Produtos Halal da Indonésia (BPJPH), Ahmad Haikal Hassan.
“Este Conselho Halal da ASEAN servirá como plataforma para agilizar o comércio, expandir mercados e harmonizar o uso de logotipos Halal, além de aproveitar um mercado regional de quase 700 milhões de pessoas”, afirmou Azwan em declarações à imprensa.
Durante a conferência, ambos os países também propuseram facilitar a entrada de produtos Halal através do reconhecimento mútuo de certificados Halal malaios e indonésios, eliminando a necessidade de procedimentos ou inspeções adicionais. Esta medida visa não apenas economizar custos e tempo, mas também impulsionar significativamente o comércio bilateral entre Malásia e Indonésia, especialmente para micro, pequenas e médias empresas que buscam penetrar um mercado combinado de mais de 240 milhões de muçulmanos.
Reconhecimento Mútuo de Certificações como Estratégia de Crescimento
A implementação do reconhecimento mútuo de certificações representaria uma mudança significativa para o mercado Halal regional. “Produtos malaios certificados como Halal e regulados pelo Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia (JAKIM) poderão ser comercializados diretamente na Indonésia, e vice-versa. Esta é uma virada de jogo que aumentará imediatamente o valor de exportação de nossos produtos Halal”, destacou Azwan.
O presidente da HDC também mencionou que a Malásia e a Indonésia concordaram em liderar esforços para melhorar o comércio intra-ASEAN, particularmente para produtos Halal, a fim de capitalizar o potencial do mercado Halal regional, atualmente avaliado em aproximadamente US$ 1,3 trilhão.
“A Malásia e a Indonésia desempenham um papel catalisador neste esforço, pois ambas são as maiores economias islâmicas da região. O fortalecimento do comércio Halal entre os países da ASEAN posicionará o grupo como um bloco econômico Halal competitivo”, acrescentou.
Diplomacia Halal: Estratégia para Liderança Global
Azwan observou que esses resultados estratégicos estão alinhados com a estrutura de Diplomacia Halal delineada pelo governo por meio da HDC para garantir que a Malásia permaneça líder global na indústria Halal. A implementação das três iniciativas-chave será refinada na reunião do Conselho de Desenvolvimento da Indústria Halal em 29 de maio, presidida por Ahmad Zahid, antes de ser oficialmente finalizada pelo Secretariado da ASEAN.
O conceito de diplomacia Halal, liderado por Ahmad Zahid, concentra-se em compartilhar a experiência da Malásia no desenvolvimento do ecossistema Halal com países amigos, particularmente dentro da ASEAN. Esta abordagem já tem rendido frutos significativos para a Malásia em suas relações comerciais internacionais. Em setembro de 2024, durante uma visita de trabalho à China, o Vice-Primeiro-Ministro da Malásia conseguiu desbloquear potencial de investimento de aproximadamente RM4 bilhões de players da indústria Halal chinesa.
Expansão para Novos Mercados e Transformação Digital
A Malásia, através da HDC, adotou uma abordagem proativa para expandir a influência da indústria Halal em mercados não tradicionais, como Norte da África, Ásia Central e Ásia Ocidental, por meio da estratégia de “diplomacia Halal”.
“Não podemos avançar sozinhos. Malásia e Indonésia precisam colaborar como uma entidade Halal unificada da ASEAN para atender à demanda do mercado Halal global, já que os países produtores só conseguem atender a 20% dos requisitos”, explicou Azwan.
De acordo com o Plano Diretor da Indústria Halal (HIMP 2030), a Malásia almeja alcançar valores de exportação Halal superiores a RM260 bilhões até 2030, promovendo seis setores-chave: alimentos e bebidas, ingredientes, logística, cosméticos e nutracêuticos, dispositivos médicos e produtos farmacêuticos.
Azwan também instou os atores da indústria Halal a serem mais agressivos na realização da transformação digital do sistema Halal, incluindo certificação e normas, para garantir que a Malásia mantenha sua posição como ecossistema Halal global líder. Esta transformação é considerada crucial para aumentar a eficiência e transparência da cadeia de suprimentos Halal, em linha com tecnologias avançadas e demandas de mercado cada vez mais sofisticadas.
Uma abordagem baseada em ciência, tecnologia e inovação (CTI) também é vista como um impulsionador fundamental na revolução do sistema Halal local através de tecnologias como blockchain, inteligência artificial e Internet das Coisas.
“A transformação digital não apenas acelerará os processos de certificação, mas também aumentará a confiança do consumidor e facilitará o monitoramento da conformidade com as normas Halal em toda a cadeia de valor. A Malásia, que há muito tempo é referência no desenvolvimento da indústria Halal global, agora enfrenta o desafio de permanecer relevante na era digital”, concluiu Azwan.
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Este artigo apresenta uma análise abrangente do relatório AGROINSIGHT de abril de 2025, com foco na Origem Vegetal. O objetivo é oferecer uma visão detalhada sobre o desempenho, tendências, desafios e oportunidades do setor vegetal brasileiro. Serão abordados aspectos estatísticos, conjunturais e prospectivos, além de destacar oportunidades de negócios e apresentar tabelas comparativas relevantes.
Introdução
O setor de origem vegetal ocupa papel central no agronegócio brasileiro, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB), geração de empregos e saldo da balança comercial. O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 oferece uma radiografia detalhada do desempenho recente, desafios conjunturais e perspectivas futuras desse segmento, considerando fatores como produção, exportação, preços, custos de produção e dinâmica de mercado. A análise detalhada deste relatório é fundamental para orientar decisões estratégicas de produtores, exportadores, investidores e formuladores de políticas públicas.
Panorama Geral do Setor Vegetal em Abril de 2025
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 revela que o setor de origem vegetal manteve papel de destaque no agronegócio brasileiro, mesmo diante de desafios conjunturais como oscilações climáticas, volatilidade cambial e pressões sobre custos de produção. A produção agrícola apresentou desempenho robusto em culturas-chave, com destaque para soja, milho, algodão, café e cana-de-açúcar. O cenário internacional, marcado por demanda consistente de grandes mercados importadores e flutuações nos preços internacionais, influenciou diretamente a rentabilidade dos produtores.
O documento destaca que, apesar de adversidades climáticas pontuais em algumas regiões, a adoção de tecnologias de manejo, sementes geneticamente melhoradas e práticas sustentáveis permitiu mitigar perdas e garantir produtividade elevada em diversas culturas. O relatório também aponta para a crescente importância da rastreabilidade, sustentabilidade e conformidade com normas internacionais, especialmente para mercados como União Europeia, China e países do Oriente Médio.
Desempenho das Principais Culturas de Origem Vegetal
Soja
A soja manteve-se como principal cultura de exportação do Brasil em 2025, consolidando a posição do país como maior exportador mundial. O relatório destaca crescimento de área plantada, impulsionado por preços internacionais favoráveis e demanda aquecida da China. A produtividade média nacional apresentou leve aumento em relação ao ciclo anterior, reflexo de investimentos em tecnologia e manejo integrado de pragas e doenças. O custo de produção, entretanto, registrou elevação devido à valorização de insumos importados e aumento de despesas com defensivos agrícolas.
A tabela a seguir apresenta dados comparativos de produção, produtividade e exportações de soja:
Indicador
2024
2025
Variação (%)
Área plantada (mil ha)
42.500
43.800
+3,1
Produção (mil t)
156.000
159.500
+2,2
Produtividade (kg/ha)
3.670
3.640
-0,8
Exportação (mil t)
96.000
98.500
+2,6
O relatório ressalta que a leve queda na produtividade média foi compensada pelo aumento de área, garantindo crescimento na produção total. O ambiente externo, com recuperação gradual da economia chinesa, sustentou o ritmo de embarques, embora a concorrência da Argentina tenha se intensificado após a normalização climática naquele país.
Milho
O milho consolidou-se como segunda principal cultura de grãos, com expansão de área e produção, especialmente na segunda safra (safrinha). O relatório aponta que a demanda interna por milho para ração animal e etanol permaneceu elevada, enquanto as exportações foram favorecidas pela desvalorização do real frente ao dólar. O clima favorável na região Centro-Oeste contribuiu para produtividade acima da média histórica.
A tabela a seguir resume os principais indicadores do milho:
Indicador
2024
2025
Variação (%)
Área plantada (mil ha)
21.200
22.000
+3,8
Produção (mil t)
119.000
124.500
+4,6
Produtividade (kg/ha)
5.610
5.660
+0,9
Exportação (mil t)
50.000
52.800
+5,6
O relatório evidencia que o milho brasileiro ganhou competitividade internacional, especialmente após a redução de estoques nos Estados Unidos. O crescimento da produção de etanol de milho também contribuiu para diversificação de mercados e agregação de valor.
Algodão
O algodão brasileiro manteve trajetória de crescimento, impulsionado pela demanda internacional e ganhos de produtividade. O relatório destaca que o Brasil consolidou-se como segundo maior exportador global, atrás apenas dos Estados Unidos. A adoção de cultivares de alto rendimento e manejo eficiente de irrigação foram determinantes para o desempenho positivo, mesmo diante de custos elevados de insumos.
Indicador
2024
2025
Variação (%)
Área plantada (mil ha)
1.650
1.720
+4,2
Produção (mil t)
3.050
3.170
+3,9
Produtividade (kg/ha)
1.850
1.840
-0,5
Exportação (mil t)
2.100
2.200
+4,8
O relatório ressalta que a estabilidade dos preços internacionais e a valorização do algodão com certificação de sustentabilidade abriram novas oportunidades em mercados premium.
Café
O café brasileiro registrou safra volumosa em 2025, beneficiada por condições climáticas favoráveis em Minas Gerais e Espírito Santo. O relatório aponta aumento da produção de café arábica de alta qualidade, com valorização nos mercados externos. O segmento de cafés especiais apresentou crescimento expressivo, impulsionado por certificações e rastreabilidade.
Indicador
2024
2025
Variação (%)
Produção (mil sacas)
54.000
58.500
+8,3
Exportação (mil sacas)
40.500
43.200
+6,7
O relatório destaca que a valorização do café brasileiro no mercado internacional foi sustentada por campanhas de promoção e pela crescente demanda por cafés sustentáveis e de origem controlada.
Cana-de-Açúcar
A cana-de-açúcar manteve-se como base da produção de açúcar e etanol no Brasil. O relatório evidencia crescimento da produção, impulsionado por investimentos em renovação de canaviais e mecanização. O segmento de etanol de segunda geração ganhou relevância, contribuindo para a diversificação da matriz energética.
Indicador
2024
2025
Variação (%)
Área colhida (mil ha)
8.500
8.700
+2,4
Produção (mil t)
670.000
685.000
+2,2
Açúcar (mil t)
40.000
41.800
+4,5
Etanol (mil m³)
30.500
31.200
+2,3
O relatório ressalta que a demanda internacional por açúcar brasileiro aumentou após quebras de safra em concorrentes asiáticos, enquanto o mercado interno de etanol foi favorecido pela política de combustíveis renováveis.
Tendências de Mercado e Dinâmica dos Preços
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 destaca que o ambiente de preços das principais commodities vegetais foi marcado por volatilidade, reflexo de fatores como clima, câmbio, custos de produção e dinâmica da demanda internacional. A soja e o milho apresentaram preços médios superiores aos do ano anterior, sustentados pela demanda asiática e redução de estoques globais. O algodão e o café também registraram valorização, especialmente nos segmentos de maior valor agregado.
O documento enfatiza que a volatilidade cambial exerceu forte influência sobre a rentabilidade dos produtores, com a desvalorização do real frente ao dólar favorecendo as exportações, mas pressionando os custos dos insumos importados. O relatório aponta que a gestão de riscos, por meio de instrumentos como hedge e contratos futuros, tornou-se ainda mais relevante para mitigar os impactos das oscilações de preços.
A tabela abaixo apresenta a evolução dos preços médios das principais commodities vegetais em 2024 e 2025:
Produto
Preço Médio 2024 (R$/t)
Preço Médio 2025 (R$/t)
Variação (%)
Soja
1.850
1.960
+5,9
Milho
1.120
1.180
+5,4
Algodão
7.900
8.300
+5,1
Café
1.180
1.260
+6,8
Açúcar
2.050
2.180
+6,3
O relatório observa que, apesar do aumento dos preços, a elevação dos custos de produção reduziu as margens de lucro em algumas culturas, especialmente para produtores menos capitalizados.
Custos de Produção e Rentabilidade
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 dedica atenção especial à análise dos custos de produção, destacando a pressão exercida pela valorização dos insumos importados, como fertilizantes, defensivos e sementes. O documento aponta que o aumento dos custos foi parcialmente compensado pela elevação dos preços das commodities e ganhos de produtividade, mas ressalta que a margem de rentabilidade permaneceu apertada para produtores que não adotaram práticas de gestão eficiente.
A tabela a seguir sintetiza a evolução dos custos de produção das principais culturas vegetais:
Cultura
Custo Médio 2024 (R$/ha)
Custo Médio 2025 (R$/ha)
Variação (%)
Soja
4.500
4.820
+7,1
Milho
3.200
3.420
+6,9
Algodão
8.600
9.080
+5,6
Café
10.200
10.950
+7,4
Cana-de-Açúcar
6.800
7.150
+5,1
O relatório enfatiza que a adoção de tecnologias de precisão, agricultura digital e manejo sustentável foram determinantes para a redução de custos variáveis e aumento da eficiência produtiva. O documento também destaca a importância da gestão financeira, planejamento de compras e acesso a linhas de crédito com taxas competitivas.
Exportações e Competitividade Internacional
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 evidencia que o setor vegetal brasileiro manteve elevada competitividade internacional, sustentada por vantagens comparativas como disponibilidade de terras, clima favorável e capacidade de resposta rápida à demanda global. O documento aponta que as exportações de soja, milho, algodão, café e açúcar atingiram volumes recordes, impulsionadas pela recuperação econômica global e pela busca de segurança alimentar por parte de grandes importadores.
O relatório destaca, entretanto, que a concorrência internacional se intensificou, especialmente com a recuperação da produção argentina e a entrada de novos players no mercado asiático. O documento ressalta que a diferenciação por qualidade, rastreabilidade e conformidade com normas internacionais tornou-se fator crítico para a manutenção e expansão de mercados.
A tabela abaixo apresenta o desempenho das exportações brasileiras de origem vegetal em 2024 e 2025:
Produto
Exportação 2024 (mil t)
Exportação 2025 (mil t)
Variação (%)
Soja
96.000
98.500
+2,6
Milho
50.000
52.800
+5,6
Algodão
2.100
2.200
+4,8
Café
40.500
43.200
+6,7
Açúcar
26.000
27.800
+6,9
O relatório enfatiza que a abertura de novos mercados, especialmente no Oriente Médio e Sudeste Asiático, foi favorecida pela certificação Halal e pelo atendimento a normas sanitárias e fitossanitárias rigorosas.
Sustentabilidade, Inovação e Certificações
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 dedica seção especial à sustentabilidade, inovação e certificações, ressaltando que a adoção de práticas agrícolas sustentáveis tornou-se requisito fundamental para acesso a mercados exigentes e obtenção de melhores preços. O documento destaca o avanço da agricultura regenerativa, integração lavoura-pecuária-floresta e uso de bioinsumos como tendências consolidadas.
O relatório evidencia que a rastreabilidade e a conformidade com normas internacionais de segurança de alimentos e sustentabilidade agregaram valor aos produtos vegetais brasileiros, ampliando o acesso a nichos de mercado premium.
O documento também aponta que a inovação tecnológica, por meio de agricultura digital, uso de drones, sensoriamento remoto e inteligência artificial, contribuiu para o aumento da eficiência produtiva, redução de custos e mitigação de riscos climáticos.
Oportunidades de Negócios e Perspectivas Futuras
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 identifica diversas oportunidades de negócios para o setor vegetal brasileiro, destacando a expansão da demanda por alimentos, fibras e bioenergia em mercados emergentes. O documento ressalta o potencial de crescimento das exportações de produtos com certificação Halal, orgânicos e de origem sustentável.
O relatório aponta que a diversificação de culturas, agregação de valor por meio de processamento industrial e desenvolvimento de produtos inovadores representam estratégias promissoras para aumento da rentabilidade e redução da vulnerabilidade a oscilações de preços internacionais.
O documento destaca, ainda, a necessidade de investimentos em infraestrutura logística, armazenamento e transporte para redução de custos e aumento da competitividade. O fortalecimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, inovação e acesso a crédito também é apontado como fator crítico para o desenvolvimento sustentável do setor.
Desafios e Riscos
O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 alerta para desafios e riscos que podem impactar o desempenho do setor vegetal brasileiro nos próximos anos. O documento destaca a volatilidade climática, com eventos extremos como secas e enchentes, como principal fator de risco para a produção agrícola. A dependência de insumos importados e a volatilidade cambial também são apontadas como ameaças à rentabilidade dos produtores.
O relatório enfatiza a importância da gestão de riscos, diversificação de mercados e adoção de seguros agrícolas como estratégias para mitigação de impactos adversos. O documento ressalta, ainda, a necessidade de adaptação às exigências crescentes de sustentabilidade e conformidade com normas internacionais, sob pena de perda de competitividade.
Considerações Finais
A análise do relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 evidencia que o setor de origem vegetal brasileiro manteve desempenho robusto, mesmo diante de desafios conjunturais e estruturais. O crescimento da produção, exportações e adoção de práticas sustentáveis consolidou o Brasil como protagonista global no agronegócio. O documento destaca que a inovação, certificação Halal, rastreabilidade e conformidade com normas internacionais serão determinantes para a manutenção e expansão da competitividade do setor nos próximos anos.
A diversificação de culturas, agregação de valor, investimentos em infraestrutura e fortalecimento de políticas públicas são apontados como caminhos para o desenvolvimento sustentável e geração de oportunidades de negócios. O relatório alerta para a necessidade de gestão eficiente de riscos e adaptação às novas demandas do mercado global, especialmente em relação à sustentabilidade e segurança de alimentos.
O setor vegetal brasileiro, ao combinar tradição, inovação e compromisso com a sustentabilidade, está preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do cenário global em transformação.
Em movimento significativo para fortalecer a cooperação em padronização e acreditação entre países islâmicos, o Secretário Geral do Instituto de Normas e Metrologia para os Países Islâmicos (SMIIC), Ihsan Ovut, realizou uma visita oficial ao Conselho Nacional de Acreditação do Paquistão (PNAC), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Esta visita, ocorrida em 23 de abril de 2025, marca um passo importante na harmonização de normas Halal e no fortalecimento da infraestrutura de qualidade no mundo islâmico, com potencial impacto positivo para o comércio internacional de produtos Halal.
A Busca pela Harmonização de Normas Halal
A reunião entre Ihsan Ovut e o Diretor Geral do PNAC, Ateeq ur Rehman Memon, centrou-se na implementação das normas Halal do SMIIC no Paquistão, com ênfase especial nas normas OIC/SMIIC 2 e OIC/SMIIC 3. Estas normas são fundamentais para estabelecer requisitos consistentes para organismos que fornecem certificação Halal e para entidades de acreditação que supervisionam esses organismos certificadores, respectivamente.
O Paquistão tem demonstrado comprometimento com a adoção de normas harmonizadas, tendo já incorporado nove normas SMIIC em seu sistema nacional. Este processo de adoção, iniciado em 2022, representa um avanço significativo para garantir a credibilidade e aceitação global das certificações Halal emitidas no país. A implementação dessas normas visa remover barreiras comerciais e facilitar o comércio internacional de produtos Halal.
O Papel Crucial dos Acordos de Reconhecimento Mútuo
Durante o encontro, ambos os líderes destacaram a importância de fomentar acordos de reconhecimento multilateral (MRAs) entre os estados membros da Organização para Cooperação Islâmica (OIC). Estes acordos são instrumentos essenciais para estabelecer confiança mútua e facilitar o comércio entre nações islâmicas, eliminando a necessidade de múltiplas certificações para um mesmo produto.
Memon enfatizou a necessidade de maior aceitação do logotipo do SMIIC em todos os países islâmicos, o que contribuiria significativamente para a harmonização das práticas Halal e impulsionaria o comércio intra-OIC. A adoção universal deste símbolo representaria um passo importante para consumidores e produtores, simplificando a identificação de produtos genuinamente Halal em mercados globais.
Desafios da Multiplicidade de Normas Halal
Um dos maiores obstáculos para o crescimento da indústria Halal global é a multiplicidade de normas existentes. Atualmente, diversos países islâmicos possuem suas próprias normas Halal, incluindo Malásia, Indonésia, Brunei, Emirados Árabes Unidos e Paquistão. Esta diversidade, embora reflita particularidades culturais e interpretações religiosas locais, cria confusão e dificuldades para produtores, especialmente aqueles em países ocidentais que desejam exportar para mercados islâmicos.
A harmonização dessas normas tem sido um objetivo persistente do SMIIC, que trabalha para estabelecer uma infraestrutura de qualidade Halal global (OHAQ – OIC Global Halal Quality Infrastructure). Esta estrutura visa garantir a rastreabilidade dos produtos, aumentar a confiança dos consumidores, promover o reconhecimento mútuo entre certificações e diminuir barreiras técnicas ao comércio.
Evolução das Normas SMIIC
Desde sua criação, o SMIIC tem desenvolvido e atualizado continuamente suas normas para atender às necessidades do mercado Halal em expansão. As primeiras três normas OIC/SMIIC entraram em vigor em 17 de maio de 2011, estabelecendo diretrizes gerais para alimentos Halal, requisitos para organismos de certificação e diretrizes para entidades de acreditação.
Recentemente, o SMIIC anunciou a publicação de novas normas que abordam diferentes aspectos da inspeção Halal, produtos farmacêuticos e alimentação animal. Estas incluem a OIC/SMIIC 57:2022, que estabelece requisitos para organismos de inspeção Halal; a OIC/SMIIC 50-1:2022, que cobre a fabricação e transporte de produtos farmacêuticos Halal; e a OIC/SMIIC 23:2022, que delineia requisitos para preparação e produção de alimentos destinados a animais Halal.
Impacto para o Comércio Internacional de Produtos Halal
A visita do Secretário Geral do SMIIC ao PNAC reafirma a visão compartilhada de promover integração regional através de práticas padronizadas, marcando um passo positivo para maior colaboração em garantia de qualidade e avaliação de conformidade no mundo islâmico. Esta colaboração é particularmente importante em um contexto onde o mercado Halal global está em rápido crescimento, com um valor estimado de mercado de US$ 2,2 trilhões em 2018.
Para o Paquistão, a implementação efetiva das normas SMIIC representa uma oportunidade de fortalecer sua posição no mercado Halal internacional, garantindo que seus produtos sejam reconhecidos e aceitos globalmente. O Conselho Nacional de Acreditação do Paquistão lançou o Esquema de Acreditação Halal para estabelecer uma estrutura robusta para acreditação de organismos de certificação Halal no país, assegurando que produtos e serviços Halal originários do Paquistão atendam a normas internacionalmente reconhecidas.
Perspectivas Futuras para Harmonização Global
O futuro da harmonização das normas Halal depende da colaboração próxima entre as autoridades de todos os países envolvidos na emissão de certificações Halal. Apenas através dessa cooperação será possível alcançar um quadro regulatório homogêneo com procedimentos de certificação e acreditação unificados, cada vez mais necessários em um mercado globalizado.
O SMIIC, com seu Plano Estratégico 2021-2030, está comprometido em desenvolver normas de alta qualidade que sejam utilizadas mundialmente, apoiar as necessidades de seus membros e garantir o engajamento efetivo de suas partes interessadas, além de apoiar o aprimoramento da infraestrutura de qualidade e a interconectividade de seus membros.
Conclusão
A visita do Secretário Geral do SMIIC ao chefe do PNAC representa um marco importante no esforço contínuo para harmonizar normas Halal e fortalecer a infraestrutura de qualidade no mundo islâmico. Este encontro não apenas destaca o compromisso do Paquistão com a implementação de normas Halal internacionalmente reconhecidas, mas também reforça a importância da colaboração entre países islâmicos para enfrentar os desafios da indústria Halal global.
À medida que o mercado Halal continua a crescer, a harmonização de normas torna-se cada vez mais crucial para facilitar o comércio internacional e garantir a confiança dos consumidores. O trabalho do SMIIC e do PNAC exemplifica como a cooperação internacional pode contribuir para o desenvolvimento de um sistema Halal global que beneficie produtores, certificadores e, principalmente, consumidores muçulmanos em todo o mundo.
A maior organização muçulmana da Indonésia, Nahdlatul Ulama (NU), instou o governo a manter-se firme quanto aos requisitos de certificação Halal para produtos importados, apesar das recentes críticas dos Estados Unidos. Esta postura demonstra a importância cultural e religiosa das certificações Halal em países de maioria muçulmana, bem como o crescente debate sobre comércio internacional e soberania regulatória em questões que envolvem práticas religiosas.
O Posicionamento da Nahdlatul Ulama e as Críticas Americanas
O presidente da NU, Yahya Cholil Staquf, declarou que a Indonésia tem o dever de proteger sua população majoritariamente muçulmana de produtos de consumo, alimentos e bebidas que não estejam em conformidade com as normas Halal. Durante uma coletiva de imprensa em Jacarta, Staquf enfatizou: “Os Estados Unidos podem expressar suas preocupações, mas temos o direito soberano de implementar regulamentações que protejam nosso povo”. Ele sublinhou que a certificação Halal é uma política legítima e necessária em um país onde a maioria dos cidadãos é muçulmana, acrescentando que é completamente razoável que o público exija regulamentações Halal, e o governo deve responder a essas aspirações.
As declarações do líder da NU surgem após o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) incluir os requisitos Halal da Indonésia em seu mais recente relatório sobre barreiras comerciais estrangeiras. O USTR categorizou a certificação Halal obrigatória da Indonésia como uma “barreira técnica ao comércio” para as exportações americanas. Esta não é a primeira vez que os EUA criticam as normas Halal; documentos anteriores do USTR já haviam manifestado preocupações semelhantes, classificando-as como barreiras comerciais potenciais.
A Amplitude das Regulamentações Halal na Indonésia
De acordo com o relatório do USTR, a Indonésia agora exige certificação Halal para uma ampla gama de produtos, incluindo alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos, cosméticos, dispositivos médicos, produtos biológicos e geneticamente modificados, bens de consumo e produtos químicos. Estas regulamentações baseiam-se na Lei nº 33/2014 sobre Garantia de Produtos Halal, que determina que todos os processos comerciais – como produção, armazenamento, embalagem, distribuição e marketing – devem aderir às normas Halal.
A certificação Halal na Indonésia é supervisionada pela Agência Organizadora de Garantia de Produtos Halal (BPJPH), que emitiu regulamentações separadas sobre a acreditação de certificadores Halal estrangeiros e avaliações de conformidade. O USTR argumenta que essas regras impõem burocracia redundante, requisitos complexos para auditores e proporções rígidas de escopo para auditores que estão aumentando os custos de conformidade e atrasando o processo de acreditação para exportadores americanos.
Impacto das Tarifas de Trump na Indústria Halal da Indonésia
As tensões comerciais entre os EUA e a Indonésia foram exacerbadas recentemente quando o presidente Donald J. Trump impôs uma tarifa de importação de 32% sobre produtos indonésios em 2 de abril de 2025. Esta medida afetará as exportações da Indonésia para os EUA, que anteriormente totalizavam US$ 23,46 bilhões. Frente a este desafio, a Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia (KADIN) expressou confiança de que o país pode resistir à política tarifária imposta pelos Estados Unidos sobre sua indústria Halal.
Isnaeni Iskandar, Vice-Chefe da Agência de Alfabetização, Advocacia e Cooperação da KADIN, sugeriu que a Indonésia deveria aproveitar o desafio como uma oportunidade para fortalecer a indústria Halal doméstica. “A Indonésia é alvo como mercado pelos EUA, então precisamos focar em como podemos competir internamente”, afirmou Isnaeni durante uma discussão online intitulada “Os Efeitos da Trump-nomics e o Destino da Indústria Halal” pelo Centro de Economia e Negócios da Sharia da Faculdade de Economia e Negócios da Universidade da Indonésia.
O Debate sobre Certificação Halal Obrigatória vs. Voluntária
O debate sobre se a certificação Halal deve ser obrigatória ou voluntária não é exclusivo da Indonésia. Na Malásia, por exemplo, houve controvérsia quando o Departamento de Desenvolvimento Islâmico (Jakim) esclareceu que, mesmo que a carne em um sanduíche pré-embalado vendido em uma loja seja certificada como Halal, isso não torna automaticamente o produto inteiro Halal. Sirajuddin Suhaimee, diretor-geral do Jakim, enfatizou que nenhum produto ou serviço pode ser rotulado como Halal ou exibir um logotipo Halal sem verificação e certificação adequadas de seu departamento.
No contexto indonésio, a oposição à certificação Halal obrigatória tem sido levantada por players da indústria. O Ministério da Indústria argumentou, através de seu site, que a rotulagem obrigatória colocaria um ônus financeiro adicional sobre produtores de pequena escala, pois eles seriam obrigados a pagar mais taxas. Yelita Basri, diretora da indústria alimentícia do Ministério da Indústria, defendeu que a rotulagem Halal deveria permanecer voluntária para os produtores, afirmando: “A urgência da rotulagem Halal deve ser decidida pelos clientes. Se o mercado exigir majoritariamente rotulagem Halal nos produtos, os produtores buscarão voluntariamente essa certificação.”
O Papel da Nahdlatul Ulama na Certificação Halal
A Nahdlatul Ulama tem desempenhado um papel significativo na aceleração da certificação Halal na Indonésia. Pesquisas mostram que organizações como BMT NU Ngasem têm trabalhado para agilizar os processos de certificação Halal através de esquemas de autodeclaração para Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Este esquema permite que empresários com assistência de um assistente registrado do processo de produtos Halal façam declarações independentes sobre o status Halal de seus produtos.
No entanto, houve críticas do Conselho Indonésio de Ulemas (MUI) aos planos da NU de elaborar suas próprias certificações Halal. Lukmanul Hakim, diretor da agência de estudo de alimentos, medicamentos e cosméticos do MUI (LPPOM MUI), argumentou que era desnecessário para a NU emitir suas próprias certificações, pois o certificado Halal do LPPOM era transparente e prático. Em resposta, o presidente da Associação de Empresários da NU (HPN), Abdul Kholik, questionou a proibição, afirmando que o plano de certificação da NU visava proteger seus membros sob referências mais rigorosas da NU para determinar se um produto é Halal.
Considerações Finais sobre Normas Halal no Comércio Global
A discussão sobre certificações Halal transcende fronteiras e envolve questões complexas de comércio, soberania e práticas religiosas. Enquanto países muçulmanos como a Indonésia buscam proteger seus cidadãos através de regulamentações Halal, parceiros comerciais como os Estados Unidos expressam preocupações sobre barreiras potenciais ao comércio. O desafio está em encontrar um equilíbrio que respeite tanto os princípios religiosos quanto facilite o comércio internacional.
A indústria Halal global continua a crescer, e a necessidade de harmonização de normas e procedimentos de certificação torna-se cada vez mais evidente. Organizações como a Nahdlatul Ulama têm um papel crucial a desempenhar neste processo, não apenas defendendo os interesses religiosos de suas comunidades, mas também contribuindo para discussões mais amplas sobre como integrar princípios religiosos em um sistema de comércio global cada vez mais interconectado.
A Malásia declarou oficialmente sua prontidão para desenvolver a Rede Ferroviária Pan-Asiática (PARN), uma iniciativa de infraestrutura estratégica destinada a conectar o país à China e impulsionar o comércio, especialmente na indústria Halal. Este ambicioso projeto ferroviário representa uma mudança significativa na maneira como os produtos Halal podem ser transportados através do continente asiático, oferecendo novas rotas comerciais que podem transformar a dinâmica do mercado regional e internacional de produtos certificados.
Conectividade Estratégica e Expansão do Mercado Halal
O Ministro dos Transportes da Malásia, Anthony Loke, revelou que o presidente chinês Xi Jinping expressou apoio ao projeto PARN durante sua recente visita de Estado à Malásia. A iniciativa é vista como um portal para expandir o acesso aos mercados do oeste da China, incluindo a região da Mongólia Interior e Xinjiang, áreas que possuem populações muçulmanas consideráveis. Esta conexão ferroviária transcontinental apresenta uma oportunidade sem precedentes para exportar produtos Halal diretamente a essas regiões através de transporte ferroviário, eliminando muitas das complexidades logísticas atuais que os exportadores enfrentam.
A estratégia da Malásia em desenvolver esta rede ferroviária não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também um movimento calculado para posicionar o país como um centro de distribuição Halal para toda a Ásia. Com sua certificação Halal reconhecida internacionalmente, a Malásia pode aproveitar esta nova infraestrutura para consolidar sua posição como líder global na indústria Halal, que continua a crescer em valor e importância estratégica.
ASEAN Express: Um Projeto Piloto em Funcionamento
O compromisso da Malásia com a conectividade ferroviária internacional já está em andamento através de um projeto piloto conhecido como ASEAN Express. Lançado em 2024, esta iniciativa conjunta entre a Keretapi Tanah Melayu Bhd (KTMB), a maior empresa ferroviária do país, e a State Railway of Thailand (SRT), representa um passo concreto em direção à realização da visão mais ampla da PARN. A colaboração, que também reúne parceiros na China, tem como objetivo transportar cargas da Malásia para Chongqing, na China, com um tempo de trânsito de nove dias.
O ASEAN Express serve como um importante estudo de caso para demonstrar a viabilidade técnica e comercial do transporte ferroviário transfronteiriço em grande escala na região. Ao estabelecer protocolos operacionais e superar obstáculos iniciais, este projeto piloto está estabelecendo as bases para a implementação mais ampla da PARN, permitindo ajustes e melhorias antes da expansão completa da rede.
Benefícios Estratégicos Além do Comércio Halal
A importância estratégica da PARN vai além das considerações puramente comerciais. Em uma entrevista recente, o Ministro Loke destacou que esta infraestrutura ferroviária poderia servir como uma rota alternativa crucial para o transporte de mercadorias caso ocorram tensões no Mar do Sul da China, uma das rotas marítimas mais importantes e contestadas do mundo. “Se você puder conectar todo o caminho da Malásia até a China, isso significa que este é um modo alternativo de transporte para a China e um link alternativo muito importante em termos de cadeias de suprimento, especialmente quando você tem tensões no Mar do Sul da China”, explicou Loke.
Esta dimensão de segurança da infraestrutura revela o pensamento estratégico por trás do projeto. Ao diversificar as rotas de transporte disponíveis, a Malásia e seus parceiros regionais podem aumentar a resiliência de suas cadeias de suprimentos contra potenciais interrupções geopolíticas. Para a indústria Halal, que depende fortemente de cadeias de suprimentos confiáveis para manter a integridade dos produtos, esta resiliência adicional representa um valor significativo.
Integração Regional e Benefícios Compartilhados
A visão da PARN se alinha perfeitamente com os objetivos de longa data da ASEAN para maior integração regional. No ano passado, Loke convocou os estados membros da ASEAN a fortalecerem a integração regional por meio da conexão de redes ferroviárias, facilitando assim um fluxo mais livre de mercadorias em toda a região. Ele enfatizou que a conectividade, particularmente ligando redes ferroviárias da Malásia Peninsular à Tailândia, Laos e China, tem sido parte da visão de longo prazo da ASEAN.
O ministro também destacou que os benefícios do projeto não se limitam apenas à Malásia e à China. “Acredito que mais integração significa melhor desenvolvimento e melhores oportunidades para todos”, afirmou. “Não é que, se isso acontecer, beneficiará apenas a Malásia e a China. Os países pelos quais passamos também se beneficiarão.” Esta abordagem colaborativa é essencial para garantir o apoio regional necessário para um projeto de infraestrutura tão ambicioso.
Desafios Técnicos e Regulatórios
Apesar do entusiasmo, o ministro também apontou que ainda existem vários desafios na implementação de um serviço ferroviário global, particularmente no que diz respeito a restrições legais e regulatórias, que a Malásia trabalhará com os países relevantes para resolver. Estes desafios não são insignificantes e incluem questões como diferenças nas bitolas ferroviárias, protocolos de sinalização, procedimentos de fronteira e harmonização regulatória.
Os trabalhos de modernização na linha ferroviária de Johor Bahru a Padang Besar estão em andamento e devem ser concluídos até o final deste ano. “O governo está investindo fundos substanciais para transformá-la em uma ferrovia de pista dupla. Após a conclusão, teremos uma rede ferroviária contínua de pista dupla de Johor Bahru até Padang Besar”, explicou Loke. Esta infraestrutura doméstica modernizada é um pré-requisito essencial para a integração efetiva com a rede ferroviária pan-asiática mais ampla.
Próximos Passos Diplomáticos
A dimensão diplomática do projeto também está avançando, com Loke programado para se reunir com o Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Transportes da Tailândia, Suriya Juangroongruangkit, em 2 de maio para discutir a PARN. Esta reunião destaca a natureza colaborativa e multinacional do projeto, que exigirá coordenação estreita entre vários países para ser bem-sucedido.
A Tailândia recentemente deu sinal verde para a construção da ferrovia Bangcoc-Vientiane, que visa se conectar com a ferrovia Kunming-Vientiane, construída pela China. Este desenvolvimento representa um passo significativo para completar o trecho norte da Rede Ferroviária Pan-Asiática, aproximando a visão de uma conexão ferroviária contínua de Singapura a Kunming da realidade.
Impacto no Mercado Halal Global
Para a indústria Halal, as implicações da PARN são profundas. Com um mercado global Halal avaliado em trilhões de dólares e em crescimento, a logística tem sido um dos principais gargalos para a expansão do comércio. A rede ferroviária proposta não apenas reduziria os custos e os tempos de trânsito, mas também poderia facilitar o comércio de produtos Halal perecíveis que atualmente enfrentam desafios de transporte significativos.
As regiões ocidentais da China, como Xinjiang, representam mercados substanciais e ainda inexplorados para produtos Halal da Malásia e de outros países da ASEAN. Ao estabelecer uma conexão ferroviária direta, os produtores Halal da Malásia ganhariam acesso sem precedentes a estes mercados, potencialmente transformando a escala e o escopo da indústria.
A PARN também pode servir como um catalisador para maior harmonização das normas Halal em toda a região, à medida que os países trabalham juntos para facilitar o comércio transfronteiriço de produtos Halal. Esta harmonização poderia simplificar ainda mais o comércio e fortalecer a integridade das certificações Halal internacionalmente.
O Futuro da Conectividade Pan-Asiática
A visão da Rede Ferroviária Pan-Asiática representa um novo capítulo na conectividade regional e no comércio Halal. Ao unir países, culturas e mercados através de infraestrutura ferroviária moderna, o projeto tem o potencial de transformar a dinâmica econômica da Ásia e fortalecer a posição da Malásia como um centro Halal global.
Enquanto o projeto avança, será crucial manter o foco tanto nos benefícios comerciais imediatos quanto nas implicações estratégicas de longo prazo. Para a indústria Halal, a PARN oferece não apenas novas oportunidades de mercado, mas também maior resiliência e sustentabilidade para as cadeias de suprimentos. Para a Malásia e seus parceiros regionais, representa um passo em direção a uma visão compartilhada de prosperidade econômica e integração.
À medida que os países da ASEAN continuam a fortalecer seus laços econômicos e a desenvolver infraestrutura compartilhada, iniciativas como a PARN servirão como poderosos catalisadores para o crescimento e a cooperação regional. O compromisso da Malásia com este projeto ambicioso sinaliza sua determinação em desempenhar um papel de liderança na formação do futuro da conectividade asiática e do comércio Halal global.
O governo brasileiro anunciou recentemente uma importante conquista para o setor agropecuário nacional. As autoridades sanitárias marroquinas aprovaram um novo Certificado Sanitário Internacional (CSI) que atualiza os requisitos para exportações de carne bovina brasileira e, pela primeira vez, autoriza a importação de miúdos bovinos brasileiros para o país norte-africano. Esta decisão representa um significativo avanço nas relações comerciais entre os dois países e abre novas oportunidades para os produtores brasileiros no mercado internacional.
O Acordo e suas Implicações Econômicas
O novo certificado sanitário aprovado pelo Marrocos não apenas atualiza os requisitos para a exportação de carne bovina brasileira, mas também amplia o escopo dos produtos permitidos, incluindo agora os miúdos bovinos. Esta aprovação reflete a confiança das autoridades marroquinas no sistema de inspeção sanitária brasileiro e cria oportunidades adicionais para os produtores nacionais desenvolverem parcerias comerciais mais abrangentes na região.
Com esta conquista, o agroalimentar brasileiro atinge sua 46ª abertura de mercado em 2025, totalizando impressionantes 346 novas oportunidades comerciais desde o início de 2023. Estes resultados são fruto de uma coordenação eficiente entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores, demonstrando o compromisso do governo brasileiro em expandir as exportações agropecuárias.
Potencial do Mercado Marroquino
O Marrocos representa um mercado extremamente promissor para os produtos agropecuários brasileiros. Com uma população superior a 37 milhões de habitantes, o país norte-africano importou mais de US$ 43 milhões em produtos cárneos em 2023, tendo o Brasil como seu segundo principal fornecedor. Este dado evidencia a já existente relação comercial entre os dois países, que agora se fortalece ainda mais com a ampliação dos produtos permitidos.
Em 2024, as exportações agrícolas brasileiras para o Marrocos já totalizaram aproximadamente US$ 1,36 bilhão, destacando-se produtos como açúcar e etanol, cereais, farinhas e preparações, animais vivos e café. A inclusão dos miúdos bovinos na lista de produtos permitidos representa um potencial aumento nesse valor, agregando ainda mais valor à cadeia produtiva brasileira.
Contexto de Alta de Preços no Marrocos
A abertura do mercado marroquino para mais produtos cárneos brasileiros ocorre em um momento oportuno. O país norte-africano tem enfrentado uma alta histórica nos preços das carnes vermelhas, com valores chegando a 120 dirhams por quilo (aproximadamente R$ 65) em algumas cidades como Casablanca. Esta elevação de preços tem sido impulsionada por diversos fatores, incluindo o estresse hídrico, aumento dos custos dos insumos agrícolas e flutuações nos mercados internacionais.
Para amenizar essa situação e garantir o abastecimento do mercado interno com carnes a preços mais acessíveis, o Marrocos tem buscado diversificar suas fontes de importação. Além do Brasil, o país também firmou acordos com a Argentina e sete empresas espanholas para importação de carnes vermelhas. Estas medidas visam promover uma redução gradual dos preços no mercado local.
Certificação Halal e Controle Sanitário
Um aspecto fundamental para a exportação de carnes para o Marrocos é a certificação Halal, que garante que os produtos atendem aos requisitos religiosos islâmicos. O Brasil, que possui uma significativa indústria de alimentos certificados Halal, está bem posicionado para atender a essa exigência. As carnes brasileiras exportadas para o Marrocos devem contar com certificação Halal emitida por organismo islâmico reconhecido.
Além da certificação religiosa, o Marrocos impõe rigorosos controles sanitários para as carnes importadas. O Escritório Nacional de Segurança Sanitária dos Produtos Alimentares do Marrocos (ONSSA) estabelece que as carnes importadas sejam submetidas a inspeções nas fronteiras e acompanhadas de certificado sanitário emitido pelas autoridades competentes do país de origem, além do certificado de abate Halal.
Perspectivas e Estratégia de Crescimento
A aprovação do novo certificado sanitário representa mais do que uma simples abertura de mercado; é parte de uma estratégia mais ampla de expansão da presença brasileira em mercados internacionais. O Brasil tem trabalhado intensamente para abrir novos mercados para seus produtos agropecuários, tendo alcançado 46 novas aberturas apenas em 2025.
Para o Marrocos, a importação de carnes brasileiras se insere em uma estratégia nacional de modernização e fortalecimento da fileira de carnes vermelhas. O país tem planos ambiciosos, que incluem o aumento da produção anual para 850.000 toneladas até 2030, a modernização de 120 abatedouros aprovados e a melhoria da produtividade, aumentando o peso médio das carcaças para 270 kg para bovinos.
Brasil como Potência Exportadora
O acordo com o Marrocos reforça a posição do Brasil como uma potência global no setor agropecuário. O país tem expandido consistentemente sua presença em mercados internacionais, com destaque para produtos como carne bovina, frango, soja, açúcar e café. Em 2023, o Marrocos importou um total de 2.807 toneladas de carne bovina do Brasil, tornando-se o quarto maior importador africano de produtos brasileiros.
Ao final de 2024, o Brasil já havia exportado para o Marrocos 1.530 toneladas de carne bovina, inserindo-se em um contexto global em que o Brasil exportou um total de 2,645 milhões de toneladas para o mundo todo. A perspectiva é que essas exportações continuem crescendo, especialmente após a aprovação do novo certificado sanitário.
Esta ampliação do mercado para as carnes vermelhas brasileiras no Marrocos não apenas beneficia os produtores brasileiros, mas também contribui para a segurança alimentar marroquina, oferecendo alternativas mais acessíveis para os consumidores locais em um período de alta de preços. A diversificação das fontes de importação de carnes é uma estratégia importante para o Marrocos garantir o abastecimento de seu mercado interno.
A aprovação do novo certificado sanitário marca um importante capítulo nas relações comerciais entre Brasil e Marrocos, abrindo caminho para um intercâmbio comercial ainda mais intenso no futuro. As negociações continuam para reduzir as tarifas alfandegárias impostas pelo Marrocos sobre os produtos brasileiros, o que poderá impulsionar ainda mais as exportações brasileiras para esse mercado estratégico no norte da África.
Nova Proibição de Importação de Carne e Queijo da UE Gera Questionamentos para o Mercado Halal do Reino Unido
A recente proibição temporária imposta pelo governo britânico sobre importação de carnes e laticínios da União Europeia, motivada pela preocupação com a propagação da febre aftosa, levanta questões significativas para o mercado Halal no Reino Unido. Esta medida emergencial afeta diretamente a disponibilidade e os preços de produtos Halal, criando desafios e oportunidades para consumidores muçulmanos e produtores domésticos. As comunidades britânicas muçulmanas, bangladeshianas, paquistanesas e sul-asiáticas poderão enfrentar mudanças nas cadeias de abastecimento de alimentos que respeitam seus requisitos religiosos.
Contexto da Nova Proibição de Importação
O governo do Reino Unido implementou, a partir de 12 de abril de 2025, uma proibição temporária sobre a importação pessoal de produtos de carne e laticínios provenientes de todos os países da União Europeia. Esta medida foi adotada como resposta ao aumento de casos de febre aftosa detectados em diversos países europeus, incluindo Alemanha, Hungria, Eslováquia e Áustria. A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido como gado, ovelhas, porcos e outros animais como javalis selvagens, veados, lhamas e alpacas, representando um risco significativo para a indústria pecuária britânica.
A proibição abrange uma ampla gama de produtos, incluindo carne suína, bovina, de cordeiro, carneiro, cabra, veado e derivados como salsichas, além de produtos lácteos como leite, manteiga, queijo e iogurte. Essas restrições aplicam-se especificamente a viajantes que chegam à Grã-Bretanha vindos de países da UE, não importando se os produtos estão embalados ou foram adquiridos em lojas duty-free. Importante ressaltar que esta proibição atualmente afeta apenas importações pessoais e não comerciais, embora estas últimas já estejam sujeitas a regulamentos sanitários mais rigorosos.
O Ministro da Agricultura britânico, Daniel Zeichner, enfatizou o compromisso do governo em proteger os agricultores britânicos da febre aftosa, declarando que as restrições visam prevenir a propagação da doença e proteger a segurança alimentar da Grã-Bretanha. Esta ação preventiva busca evitar uma repetição do devastador surto de 2001, que resultou no abate de mais de seis milhões de animais e causou prejuízos bilionários para o setor agrícola do país.
Implicações Específicas para o Mercado Halal
As novas restrições de importação suscitam preocupações particulares dentro do setor alimentício Halal britânico. Historicamente, uma parcela significativa dos produtos Halal consumidos no Reino Unido tem origem em países da UE com cadeias de abastecimento e processos de certificação Halal bem estabelecidos. A proibição atual, mesmo focada em importações pessoais, pode sinalizar um período prolongado de restrições caso a situação da febre aftosa se agrave na Europa.
Para a comunidade muçulmana britânica, que já enfrentava adaptações nas importações após o Brexit, esta nova camada de restrições adiciona maior complexidade ao mercado. Muitos consumidores muçulmanos no Reino Unido têm preferências por produtos específicos de certas regiões europeias que oferecem certificações Halal confiáveis e atendem aos requisitos religiosos de abate. A interrupção dessas importações pessoais pode afetar particularmente aqueles que viajam frequentemente e costumam trazer tais produtos para consumo próprio.
Existe também a preocupação de que, se a proibição se estender ou influenciar o comércio mais amplo, poderá haver impacto nos preços dos produtos Halal no mercado britânico. O aumento da demanda por fontes domésticas, combinado com uma possível redução na disponibilidade geral, pode levar a aumentos de preços, afetando especialmente consumidores de baixa renda nas comunidades muçulmanas, que dependem do acesso a alimentos que cumpram com suas obrigações religiosas.
Oportunidades para Produtores Domésticos de Alimentos Halal
A proibição atual, embora desafiadora para importadores e consumidores, apresenta oportunidades significativas para produtores domésticos de carne Halal no Reino Unido. O provável aumento na demanda por produtos Halal produzidos localmente pode estimular o crescimento e desenvolvimento desse setor específico da indústria alimentícia britânica. Agricultores e abatedouros que aderem às práticas de abate Halal enfrentarão pressão para aumentar sua produção, mas também poderão capitalizar sobre a maior demanda do mercado.
Para os produtores Halal britânicos, esta situação oferece uma chance de expandir suas operações e possivelmente conquistar maior participação de mercado anteriormente ocupada por importações. Empresas locais que investirem em certificação adequada e ampliação de capacidade produtiva poderão se beneficiar a médio e longo prazo, fortalecendo a presença doméstica no setor Halal. No entanto, aumentar rapidamente a capacidade de produção Halal apresenta desafios significativos, incluindo a necessidade de garantir que todos os novos processos estejam em conformidade com os requisitos religiosos islâmicos.
Fornecedores e varejistas de produtos Halal baseados no Reino Unido provavelmente buscarão fontes alternativas, seja de produtores domésticos ou de países fora da UE com capacidades estabelecidas de exportação Halal. Isso pode levar ao desenvolvimento de novas parcerias comerciais e, possivelmente, a uma reestruturação das cadeias de abastecimento Halal para o mercado britânico, reduzindo a dependência de fontes europeias no futuro.
Complexidades Regulatórias e Certificação Halal
A atual proibição de importação ressalta a interseção entre medidas de segurança de alimentos baseadas em ciência e requisitos religiosos para certificação Halal. Enquanto a proibição governamental concentra-se na prevenção da transmissão de doenças animais, os requisitos Halal focam em aspectos específicos do abate e processamento que seguem princípios islâmicos, criando uma camada adicional de complexidade para produtores e importadores.
Um aspecto particularmente relevante nessa discussão refere-se ao atordoamento pré-abate dos animais. Uma decisão da Corte de Justiça Europeia de 2019 determinou que a carne derivada de animais abatidos de acordo com ritos religiosos sem atordoamento prévio não pode ser certificada como orgânica na UE. A Corte concluiu que tais práticas não atendem aos mais elevados padrões de bem-estar animal, considerados necessários para obter a certificação orgânica européia.
Esta decisão ilustra as complexidades enfrentadas por produtores e consumidores de carne Halal, que precisam navegar entre diferentes normas e requisitos, frequentemente divergentes. É importante observar que existe diversidade de opiniões dentro das próprias comunidades muçulmanas sobre o atordoamento pré-abate, com algumas autoridades religiosas permitindo certas formas de atordoamento reversível, desde que os animais estejam vivos no momento do corte ritual.
Impacto nas Comunidades Muçulmanas Britânicas
Para as comunidades muçulmanas do Reino Unido, incluindo britânicos de origem bangladeshiana, paquistanesa e sul-asiática, a proibição representa um desafio adicional ao acesso a alimentos culturalmente apropriados e religiosamente aceitáveis. Estas comunidades já enfrentavam adaptações nas cadeias de abastecimento alimentar após o Brexit, e esta nova medida adiciona mais uma camada de complexidade ao seu cotidiano.
As comunidades muçulmanas britânicas dependem fortemente da disponibilidade contínua de produtos Halal certificados para manter suas práticas alimentares religiosas. Qualquer disrupção nessas cadeias de abastecimento pode ter impactos sociais e culturais significativos, além das questões econômicas. Restaurantes, açougues e outros estabelecimentos especializados em alimentos Halal podem enfrentar dificuldades para manter a consistência na oferta de produtos, potencialmente afetando tanto empresários quanto consumidores desses segmentos.
A adaptação a essas novas circunstâncias poderá exigir maior flexibilidade das comunidades muçulmanas na busca por fontes alternativas de produtos Halal, possivelmente explorando novas marcas e fornecedores. Embora inicialmente desafiadora, esta situação também pode fortalecer conexões entre produtores locais Halal e consumidores muçulmanos, potencialmente criando cadeias de abastecimento mais curtas e sustentáveis a longo prazo.
Perspectivas Futuras para o Mercado Halal Britânico
A duração da atual proibição permanece indefinida, com o governo do Reino Unido indicando que as restrições continuarão em vigor até que o risco de propagação da febre aftosa seja adequadamente mitigado. Esta incerteza temporal cria desafios adicionais para planejamento tanto para empresas quanto para consumidores no setor Halal.
No longo prazo, esta situação poderá acelerar tendências que já estavam em desenvolvimento após o Brexit, como o aumento da produção doméstica de carne Halal e o desenvolvimento de novas rotas comerciais para importação de produtos Halal de países fora da UE. O mercado Halal britânico, avaliado em bilhões de libras anualmente, tem demonstrado resiliência considerável diante de mudanças regulatórias anteriores, sugerindo capacidade de adaptação a este novo cenário.
Para os produtores Halal domésticos, o momento atual representa uma oportunidade estratégica para investimento em capacidade produtiva e inovação em produtos que atendam às necessidades específicas de diferentes segmentos da comunidade muçulmana britânica. Empresas que aproveitarem este período para fortalecer suas credenciais de certificação Halal e expandir suas operações poderão emergir em posição mais competitiva quando o mercado eventualmente se estabilizar.
Conclusão
A proibição temporária de importações pessoais de carne e queijo da UE para o Reino Unido, embora motivada por preocupações legítimas de saúde animal, cria repercussões complexas para o mercado Halal britânico. O setor enfrentará desafios de abastecimento no curto prazo, mas também terá oportunidades para desenvolvimento de capacidade produtiva doméstica e diversificação de fontes internacionais no médio e longo prazos.
Para o mercado Halal especificamente, esta situação serve como catalisador para reflexão sobre resiliência da cadeia de abastecimento e dependência de importações. Produtores domésticos têm agora uma janela de oportunidade para expandir sua participação no mercado, enquanto consumidores muçulmanos podem precisar adaptar-se a mudanças na disponibilidade e preços de certos produtos, pelo menos temporariamente.
As autoridades reguladoras britânicas devem considerar as necessidades específicas das comunidades que dependem de alimentos Halal ao desenvolver e implementar medidas de controle sanitário. Um diálogo construtivo entre reguladores, produtores e representantes da comunidade muçulmana será essencial para garantir que as medidas de segurança de alimentos sejam eficazes enquanto respeitam os requisitos religiosos dessenciais para a certificação Halal.
A longo prazo, a resiliência do mercado Halal britânico dependerá da capacidade dos diversos atores envolvidos de adaptarem-se e inovarem em resposta a um ambiente regulatório e comercial em constante mudança, sempre mantendo o foco nos princípios fundamentais da certificação Halal e na segurança de alimentos para todos os consumidores.
A Organização para Cooperação Islâmica (OIC) está realizando a 47ª Sessão da Comissão Islâmica para Assuntos Econômicos, Culturais e Sociais na sede da OIC em Jeddah, Reino da Arábia Saudita. O evento, que teve início em 15 de abril de 2025, prosseguirá até 17 de abril de 2025, reunindo representantes dos estados membros para discutir e avaliar iniciativas estratégicas em diversas áreas de cooperação. Esta importante reunião estabelece diretrizes para as atividades futuras da organização e prepara resoluções que serão submetidas ao próximo Conselho de Ministros das Relações Exteriores.
A Organização para Cooperação Islâmica e a Importância da Comissão
A Organização para Cooperação Islâmica representa uma das mais influentes entidades intergovernamentais do mundo islâmico, dedicada a fortalecer laços entre os estados membros e promover seu desenvolvimento conjunto. A Comissão Islâmica para Assuntos Econômicos, Culturais e Sociais constitui um órgão fundamental dentro da estrutura da OIC, responsável por avaliar e formular políticas nas áreas de cooperação econômica, ciência e tecnologia, cultura, assuntos sociais e familiares, juventude e esportes.
Esta 47ª sessão da Comissão ocupa posição estratégica no calendário da organização, pois seus resultados serão encaminhados ao 51º Conselho de Ministros das Relações Exteriores (CFM), programado para acontecer em Istambul, República da Turquia, em junho de 2025. O trabalho desenvolvido pela Comissão estabelece os fundamentos para decisões importantes que afetarão a cooperação entre nações islâmicas nos próximos anos.
Durante a Sessão de Abertura, o Secretário-Geral da OIC, Sr. Hissein Brahim Taha, ressaltou que o sucesso das atividades da organização para o próximo ano dependerá diretamente da orientação e suporte fornecidos por esta reunião. Ele destacou que, desde a última 50ª Sessão do CFM realizada em Yaoundé, República de Camarões, em 29-30 de agosto de 2024, a OIC continuou priorizando a execução de suas resoluções em domínios como econômico, ciência e tecnologia, assuntos culturais, sociais e familiares, juventude e esportes.
Avanços na Cooperação Econômica e Segurança Alimentar
Na área de cooperação econômica, o Secretário-Geral expressou satisfação ao relatar que a participação do comércio intra-OIC no comércio exterior global dos Estados Membros aumentou de 19,16% em 2023 para 20,36% em 2024. Como resultado desse crescimento, 30 Estados Membros da OIC já atingiram a meta de 25% de comércio intra-OIC, representando um avanço significativo na integração econômica entre as nações islâmicas.
O Secretário-Geral enfatizou que os esforços de cooperação entre os Estados Membros da OIC no domínio da agricultura e segurança alimentar receberam impulso adequado através do desenvolvimento do Projeto de Plano Estratégico para Segurança Alimentar nos Estados Membros da OIC. Esta iniciativa visa contribuir mais efetivamente para o aumento da produtividade agrícola, desenvolvimento rural e segurança alimentar nos países da OIC, além de fortalecer a cooperação intra-OIC neste domínio.
Este desenvolvimento é particularmente relevante considerando dados recentes que indicam um crescimento modesto no comércio intra-OIC, que subiu de 873 bilhões de dólares em 2022 para 884 bilhões de dólares em 2023, refletindo um aumento de aproximadamente 1,23% apesar das dificuldades econômicas globais. Este crescimento é atribuído a fatores como aumento dos preços de commodities, flutuações nas taxas de câmbio do dólar e euro, e implementação de acordos bilaterais e regionais de comércio e investimento.
Ciência, Tecnologia e Saúde: Prioridades Estratégicas
O Sr. Hissein Taha confirmou a importância do avanço da ciência e tecnologia, educação superior, saúde, meio ambiente e recursos hídricos nos Estados Membros da OIC. Neste sentido, ele destacou que o Secretariado Geral da OIC, em colaboração com o COMSTECH (Comitê Permanente para Cooperação Científica e Tecnológica da OIC), está desenvolvendo a Visão de Inteligência Artificial da OIC, que fornecerá uma estrutura estratégica para os Estados Membros na formulação de políticas nacionais de IA.
Esta iniciativa alinha-se com esforços mais amplos do COMSTECH, que recentemente lançou um “serviço especializado” para fomentar a cooperação tecnológica entre os estados membros da OIC. O serviço foi inaugurado durante a visita do Secretário-Geral da OIC, Hissein Ibrahim Taha, ao Secretariado do COMSTECH em Islamabad, junto com o Ministro de Ciência e Tecnologia do Paquistão, Khalid Maqbool Siddiqui. Esta iniciativa estratégica visa aprimorar a autossuficiência tecnológica, promover o desenvolvimento sustentável e mitigar a fuga de cérebros nos estados membros da OIC.
Na área da saúde, o Secretário-Geral apontou que o Secretariado Geral da OIC tem buscado ativamente várias iniciativas destinadas a prevenir e combater doenças, com foco particular em câncer, poliomielite e promoção da autossuficiência na produção de vacinas. Estas medidas representam um compromisso contínuo com o fortalecimento dos sistemas de saúde nas nações islâmicas.
Iniciativas Culturais e Desenvolvimento Social
No domínio cultural, o Secretário-Geral da OIC mencionou que o Secretariado Geral está trabalhando em estreita colaboração com os Estados Membros e instituições da OIC para organizar eventos culturais conjuntos. Adicionalmente, a organização acompanha a implementação da Resolução relativa ao estabelecimento da Plataforma para Proteção e Preservação do Patrimônio Cultural no Mundo Muçulmano, em coordenação com as instituições envolvidas.
Com relação à cooperação intra-OIC no domínio social, o Secretário-Geral expressou satisfação ao relatar que o Secretariado Geral continua seus esforços para acompanhar a implementação das recomendações, incluindo o Documento de Jeddah sobre os Direitos das Mulheres no Islã, originadas da Conferência Internacional sobre Mulheres no Islã realizada em Jeddah, Arábia Saudita, em novembro de 2023. Este trabalho demonstra o compromisso da organização com o avanço dos direitos das mulheres e questões familiares dentro do contexto das tradições islâmicas.
Perspectivas Futuras e Resultados Esperados
Durante os três dias da Sessão da Comissão Islâmica, os representantes dos Estados Membros da OIC revisarão os projetos de resoluções nas áreas econômica, científica e tecnológica, cultural, social e familiar, juventude e esportes, recebidos dos Estados Membros. O resultado deste trabalho será submetido ao 51º Conselho de Ministros das Relações Exteriores (CFM), a ser realizado em Istambul, República da Turquia, em junho de 2025, para aprovação final.
Esta sessão representa um passo importante na contínua evolução da OIC como organização voltada para o desenvolvimento e cooperação, especialmente em um momento em que desafios globais como insegurança alimentar, mudanças climáticas e instabilidade econômica exigem respostas coordenadas. A capacidade da OIC de adaptar suas estratégias e reforçar a cooperação entre seus membros será fundamental para o sucesso de suas iniciativas futuras.
Conclusão
A 47ª Sessão da Comissão Islâmica para Assuntos Econômicos, Culturais e Sociais representa um momento crucial para a Organização para Cooperação Islâmica, oferecendo uma plataforma para avaliar o progresso alcançado e delinear estratégias futuras. Os avanços relatados em comércio intra-OIC, desenvolvimento agrícola, inovação tecnológica e questões sociais demonstram o compromisso contínuo da organização com o desenvolvimento holístico de seus Estados Membros.
O papel crescente da inteligência artificial, segurança alimentar e preservação cultural como prioridades estratégicas reflete uma adaptação às realidades contemporâneas e desafios emergentes. À medida que a sessão prossegue, seus resultados determinarão significativamente a direção da cooperação islâmica nas próximas décadas, com potencial para fortalecer a unidade e promover o desenvolvimento sustentável em todo o mundo muçulmano.
A recente missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia brasileira de consolidar alianças estratégicas com nações do mundo árabe. Durante os dias 7 a 10 de abril de 2025, a comitiva liderada pelo secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Marcel Moreira, avançou em discussões sanitárias, ampliou oportunidades de cooperação técnica e celebrou importantes conquistas comerciais, incluindo a abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos brasileiros. O Egito reafirmou sua posição como principal destino africano para produtos do agronegócio brasileiro, com exportações que alcançaram US$ 3,3 bilhões em 2024, evidenciando o potencial crescente do Brasil em contribuir para a segurança alimentar regional enquanto fortalece relações comerciais duradouras.
Contexto Estratégico da Missão ao Norte da África
A missão brasileira ao Marrocos e Egito reflete uma abordagem coordenada do governo brasileiro para intensificar sua presença comercial e diplomática no continente africano, especialmente na região norte. Esta iniciativa se insere em um contexto mais amplo de política externa brasileira, que busca diversificar mercados e estabelecer parcerias estratégicas com países que compartilham interesses mútuos no setor agropecuário. A viagem contou com apoio direto dos adidos agrícolas brasileiros nos respectivos países – Ellen Laurindo no Marrocos e Rafael Mohana no Egito – demonstrando a infraestrutura diplomática especializada que o Brasil mantém para facilitar negociações comerciais e técnicas no setor agropecuário.
O timing desta missão é particularmente significativo, ocorrendo em um momento em que a segurança alimentar global enfrenta desafios crescentes e quando o Brasil busca consolidar sua posição como um fornecedor confiável de alimentos para o mundo. As nações do norte da África representam mercados estratégicos não apenas pelo volume de importações, mas também por servirem como porta de entrada para um mercado consumidor mais amplo que abrange o Oriente Médio e outras regiões africanas.
A continuidade das relações entre Brasil e países árabes tem se fortalecido consistentemente ao longo dos anos, com missões anteriores pavimentando o caminho para os avanços atuais. Esta abordagem persistente e estruturada tem rendido frutos tangíveis para o agronegócio brasileiro, com diversas aberturas de mercado e reconhecimento da qualidade dos produtos nacionais.
Avanços nas Relações com o Marrocos
No primeiro destino da missão, o Marrocos, o foco principal esteve na aproximação institucional com autoridades sanitárias e na promoção comercial dos produtos brasileiros. O secretário adjunto Marcel Moreira realizou uma reunião produtiva com o diretor-geral da autoridade sanitária marroquina (ONSSA), Abdellah Janati, onde foram discutidos temas cruciais para o avanço das relações comerciais bilaterais.
Um ponto alto da visita foi o agradecimento formal pela recente abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos do Brasil, marcando a 346ª abertura de mercado desde o início da atual gestão do Ministério da Agricultura e Pecuária. Este avanço representa não apenas uma conquista comercial, mas também um reconhecimento da qualidade e segurança dos produtos brasileiros, especialmente relevante para o mercado Halal, onde produtos bovinos têm demanda significativa.
A visita ao Marrocos também incluiu a realização do “Brazilian Beef Dinner”, um evento estratégico organizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) em colaboração com a Embaixada do Brasil em Rabat. Este evento proporcionou um ambiente de negócios propício para aproximação comercial, reunindo autoridades locais, empresários e representantes do setor agroalimentar marroquino. A escolha de promover especificamente a carne bovina brasileira demonstra a importância deste produto nas relações comerciais entre os dois países e seu potencial de crescimento no mercado norte-africano.
As discussões sobre cooperação técnica entre os governos brasileiro e marroquino abrem perspectivas promissoras para a transferência de conhecimento e tecnologias em áreas como defesa agropecuária, sanidade animal e sistemas de inspeção, fortalecendo não apenas as relações comerciais, mas também institucionais entre as duas nações.
Expansão da Cooperação com o Egito
A segunda etapa da missão ocorreu no Egito, onde o secretário-adjunto Marcel Moreira foi recebido pelo ministro substituto da Agricultura e Recuperação de Terras, Moustafa El Sayyad, acompanhado por outras autoridades egípcias. O encontro representou um momento significativo nas relações bilaterais, considerando o expressivo crescimento das exportações agrícolas brasileiras para o país nos últimos anos.
Os números apresentados durante a reunião são impressionantes: em 2024, o Brasil exportou para o Egito mais de 8,5 milhões de toneladas de produtos do agronegócio, totalizando US$ 3,3 bilhões em valor. Este desempenho notável recolocou o Egito na posição de principal destino do agronegócio brasileiro no continente africano, demonstrando a relevância estratégica deste mercado para o Brasil.
No âmbito sanitário, os representantes brasileiros trabalharam para reforçar a confiança mútua construída ao longo dos últimos anos, que tem resultado em diversas aberturas de mercado para produtos brasileiros. Um marco importante nesta relação foi o Acordo de Equivalência (pré-listing), que representa o reconhecimento formal pelo Egito da eficiência e confiabilidade do sistema de defesa agropecuária brasileiro.
Durante os encontros, as autoridades egípcias manifestaram interesse em aprofundar ainda mais essa parceria, com avanços concretos em duas frentes principais: a implementação da certificação eletrônica para produtos de origem animal e a abertura de mercado para novos itens do agronegócio brasileiro. Estas iniciativas prometem não apenas aumentar o volume comercial entre os países, mas também tornar os processos mais eficientes e seguros.
Promoção da Carne Brasileira nos Mercados Árabes
Um elemento estratégico que permeou toda a missão foi a promoção ativa da carne bovina brasileira. Em ambos os países visitados, foram realizados eventos específicos para destacar a qualidade deste produto. No Cairo, seguindo o modelo já implementado em Rabat, o “Brazilian Beef Dinner” reuniu autoridades e empresários egípcios em torno da carne brasileira.
Estes eventos promocionais evidenciam o entendimento brasileiro de que o mercado árabe valoriza três aspectos fundamentais: qualidade do produto, segurança sanitária e relações comerciais de longo prazo. A escolha por priorizar a carne bovina nas ações promocionais reflete sua importância estratégica na pauta exportadora brasileira para a região, bem como seu alinhamento com as demandas do mercado Halal.
A presença da ABIEC na organização destes eventos demonstra a articulação entre governo e setor privado na promoção internacional dos produtos brasileiros, criando sinergias que potencializam os resultados comerciais. Esta abordagem coordenada entre instituições públicas e privadas tem se mostrado eficaz para enfrentar os desafios de mercados competitivos e complexos como os do norte da África.
Os eventos de promoção também serviram como plataforma para apresentar os avanços brasileiros em matéria de sustentabilidade, rastreabilidade e segurança de alimentos, aspectos cada vez mais valorizados pelo mercado global, especialmente no segmento de carnes.
Implicações para o Mercado Halal
A intensificação das relações comerciais entre o Brasil e países de maioria muçulmana como Marrocos e Egito tem implicações diretas para o mercado Halal global. O Brasil tem se consolidado como um dos principais fornecedores mundiais de produtos Halal, especialmente no setor de proteína animal, graças a investimentos consistentes em sistemas de certificação e capacitação para atender às exigências religiosas e técnicas deste segmento.
A abertura de mercado para miúdos bovinos brasileiros no Marrocos é particularmente relevante para o mercado Halal, pois representa um reconhecimento adicional da capacidade brasileira de fornecer produtos que atendam às normas islâmicas de abate e processamento. Esta conquista pode servir como referência para outros países com população majoritariamente muçulmana, potencialmente abrindo novas oportunidades comerciais.
O fortalecimento da confiança nas relações com autoridades sanitárias de Marrocos e Egito também beneficia indiretamente todo o sistema de certificação Halal brasileiro, pois demonstra que os controles sanitários e os processos produtivos nacionais são reconhecidos e respeitados internacionalmente, incluindo por mercados exigentes.
A estratégia brasileira de promover não apenas a abertura de mercados, mas também o estabelecimento de relações comerciais duradouras, alinha-se perfeitamente com os valores do comércio Halal, onde a confiança e a transparência são elementos fundamentais nas transações comerciais.
Consolidação de Alianças Estratégicas no Mundo Árabe
A missão ao Marrocos e Egito transcende os objetivos comerciais imediatos, representando um componente crucial na estratégia brasileira de consolidar alianças duradouras com países-chave do mundo árabe. Esta abordagem de longo prazo combina três elementos essenciais: relações diplomáticas sólidas, cooperação técnica estruturada e presença comercial qualificada.
O Brasil demonstra compreender que sua contribuição para a segurança alimentar global, especialmente em regiões como o norte da África, não se limita ao fornecimento de produtos agropecuários, mas inclui também a transferência de conhecimentos e tecnologias que podem ajudar os países parceiros a desenvolverem suas próprias capacidades produtivas.
A continuidade das iniciativas diplomáticas e comerciais, evidenciada pela sequência de missões e acordos firmados ao longo dos anos, revela uma política de Estado consistente para o fortalecimento das relações com o mundo árabe, que transcende mandatos governamentais específicos e estabelece bases sólidas para o futuro.
O reconhecimento do sistema brasileiro de defesa agropecuária através de acordos como o de Equivalência com o Egito representa um capital diplomático e comercial valioso, construído ao longo de anos de trabalho técnico e negociações, que pode ser aproveitado para expandir ainda mais a presença brasileira na região.
Perspectivas Futuras das Relações Comerciais Brasil-Norte da África
Analisando os resultados da missão e o contexto mais amplo das relações entre Brasil e os países do norte da África, é possível identificar perspectivas promissoras para o futuro. As tratativas para implementação da certificação eletrônica com o Egito e para novas aberturas de mercado indicam que há um horizonte de oportunidades ainda inexploradas.
A consolidação do Egito como principal destino africano do agronegócio brasileiro sinaliza a possibilidade de utilizar esta posição como plataforma para expansão para outros mercados da região. Similarmente, os avanços com o Marrocos podem servir como referência para negociações com outros países do norte da África.
O aprofundamento da cooperação técnica, além de seu valor intrínseco para as relações bilaterais, tem o potencial de criar um ambiente mais favorável para as exportações brasileiras ao familiarizar os parceiros com os sistemas e métodos brasileiros de produção agropecuária e controle sanitário.
A crescente demanda por segurança alimentar em uma região que enfrenta desafios significativos nesta área, combinada com a capacidade produtiva brasileira, cria um cenário de complementaridade que tende a fortalecer ainda mais os laços comerciais nos próximos anos.
Conclusão
A missão brasileira ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia de inserção internacional do agronegócio brasileiro, com foco especial nos mercados do norte da África. Os resultados obtidos – desde a abertura de mercado para miúdos bovinos no Marrocos até o reconhecimento do crescimento expressivo das exportações para o Egito – demonstram que esta estratégia está produzindo resultados tangíveis.
Para além dos ganhos comerciais imediatos, a missão reforça a posição brasileira como parceiro confiável para a segurança alimentar global, especialmente em regiões onde este tema é particularmente sensível. A abordagem que combina relacionamentos diplomáticos, cooperação técnica e promoção comercial estabelece bases sólidas para um relacionamento duradouro e mutuamente benéfico.
No contexto específico do mercado Halal, os avanços obtidos adicionam mais um capítulo importante na consolidação do Brasil como fornecedor global de referência, demonstrando capacidade não apenas de produzir em conformidade com as exigências religiosas, mas também de estabelecer os laços de confiança essenciais para este segmento.
A continuidade e o aprofundamento destas relações dependerão da manutenção dos esforços coordenados entre governo e setor privado, da capacidade brasileira de atender às demandas crescentes por sustentabilidade e rastreabilidade, e do entendimento estratégico de que os mercados do norte da África representam não apenas oportunidades comerciais, mas também alianças geopolíticas relevantes para o posicionamento global brasileiro.
O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT, produzido pelos adidos agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, apresenta uma abrangente análise de mercados internacionais para produtos de origem animal. Este documento estratégico mapeia oportunidades, tendências e desafios em diversos países, fornecendo informações valiosas para exportadores brasileiros que buscam diversificar seus mercados-alvo e compreender as particularidades regulatórias de cada região.
Panorama Global da Demanda por Proteína Animal
O mapeamento apresentado no relatório evidencia um cenário global de crescente demanda por proteína animal, especialmente em mercados emergentes e economistas em desenvolvimento. Este fenômeno é impulsionado principalmente pela urbanização acelerada, aumento da renda média da população e transformações nas preferências alimentares, que têm favorecido o consumo de carnes, laticínios e outros produtos de origem animal.
Na África do Sul, por exemplo, o mercado de alimentos para animais de companhia foi estimado em aproximadamente US$ 450 milhões anuais em 2022, com crescimento médio de 5% ao ano na última década. Este crescimento está diretamente relacionado à urbanização e ao desenvolvimento social, resultando em aumento na população de animais de companhia. As exportações brasileiras para este mercado cresceram 40% em 2024, atingindo US$ 3,7 milhões, demonstrando o potencial de expansão para produtos brasileiros.
Em Bangladesh, o setor de produção de proteína animal apresenta crescimento contínuo, impulsionado pelo desenvolvimento econômico e melhores condições de consumo para a população. A indústria de rações do país conta com mais de 200 empresas que produzem cerca de 8 milhões de toneladas anualmente, com forte dependência de importações, o que representa oportunidade significativa para exportadores brasileiros de farinhas e gorduras de origem animal.
Mercados Estratégicos e Oportunidades Regionais
Oriente Médio e Ásia
A Arábia Saudita configura-se como um dos principais mercados para carne de aves brasileira. Em 2023, o país importou US$ 1,3 bilhão em carne de aves, com o Brasil liderando as exportações com 67% de participação no mercado. Apesar da queda de 26% em relação a 2022, o Brasil manteve sua posição de destaque, seguido pela Ucrânia (12%), França (10%) e Rússia (9%). É importante observar que o Reino Saudita busca aumentar sua autossuficiência em produção de carne de frango para 80% até 2025, mas continuará dependendo de importações, especialmente de cortes de frango, representando oportunidade contínua para exportadores brasileiros.
Na China, o relatório destaca o comércio eletrônico como ferramenta estratégica para posicionamento de produtos brasileiros. O mercado chinês de e-commerce de alimentos foi avaliado em US$ 150 bilhões em 2023, com previsão de crescimento anual de 10-15% até 2025. Plataformas como JD.com, Tmall, Pinduoduo e Freshippo oferecem oportunidades únicas para alcançar o mercado consumidor chinês, possibilitando a construção de marcas e adaptação às preferências locais.
Europa e América do Norte
Na Alemanha, o mercado de ovos apresenta dinâmica interessante. O país é o quinto maior em receita no mercado de ovos global, com faturamento estimado em 4,7 bilhões de dólares em 2024. Apesar das mudanças regulatórias significativas, como a proibição de gaiolas convencionais e do abate de pintinhos, o consumo de ovos continua crescendo, atingindo 236 unidades per capita em 2023. Com uma taxa de autossuficiência de aproximadamente 70%, a Alemanha depende de importações para suprir sua demanda interna, criando oportunidades para fornecedores internacionais que atendam aos requisitos regulatórios da União Europeia.
No Canadá, a recente elevação de tarifas de importação nos EUA criou oportunidades para produtos brasileiros como carne de frango, mel e camarões. A imposição de tarifas de 25% sobre produtos canadenses por parte dos EUA, seguida de retaliação semelhante do Canadá, aumentou a competitividade de produtos brasileiros no mercado canadense, especialmente em setores como carne de aves e mel, onde o Brasil já possui presença estabelecida.
América Latina
Na América Latina, o Chile apresenta-se como um mercado promissor para exportação de tilápia brasileira. Desde 2017, o país tem adotado políticas para ampliar o consumo de pescado, como o programa “Del Mar a Mi Mesa”, que visa elevar o consumo per capita de 13 kg para 20 kg até 2027. O consumo per capita já aumentou para 16,8 kg em 2024, demonstrando crescimento contínuo. A competitividade da tilápia brasileira no mercado chileno é significativa, com preços aproximadamente quatro vezes inferiores aos de espécies mais acessíveis no mercado local, representando uma alternativa viável para diversificação da dieta chilena.
África e Oceania
Na África, Angola representa um mercado potencial para alimentos destinados a animais de companhia. Em 2024, o país importou US$ 19,3 milhões em alimentos preparados para animais, sendo US$ 7,6 milhões destinados a alimentos para cães ou gatos. Atualmente, Portugal domina este mercado com 85% de participação, enquanto o Brasil aparece em segundo lugar com apenas 4%. Esta baixa participação indica potencial significativo para ampliação das exportações brasileiras.
Na Austrália, o mercado de produtos de reciclagem animal oferece oportunidades para exportadores brasileiros, especialmente em farinhas de peixe, gorduras de origem animal e produtos não destinados ao consumo humano. A Austrália importou US$ 1,468 bilhão destes produtos em 2024, com o Brasil já figurando como principal fornecedor de produtos de origem animal não destinados ao consumo humano, com 25% do total importado pelo país.
Desafios Regulatórios e Exigências de Mercado
O relatório identifica diversos desafios regulatórios que exportadores brasileiros precisam superar para acessar mercados internacionais. Na União Europeia, por exemplo, produtos como ovos e ovoprodutos devem atender a rigorosos requisitos sanitários, incluindo planos de controle de resíduos aprovados e habilitação de estabelecimentos exportadores. A partir de setembro de 2026, será obrigatório o cumprimento do Regulamento (UE) 2023/905, que restringe o uso de antimicrobianos.
Na Argélia, o mercado de leite e derivados está aberto para o Brasil, com Certificado Sanitário Internacional acordado há mais de 15 anos. Contudo, exigências como análises de isótopos radioativos no leite exportado têm desencorajado a exploração deste mercado, levando o Ministério da Agricultura e Pecuária a negociar com autoridades argelinas a revisão destes parâmetros.
Em mercados islâmicos como Arábia Saudita e Argélia, produtos de origem animal devem atender às especificações Halal no quesito de certificação e rotulagem. Este requisito representa um desafio adicional, mas também uma oportunidade para exportadores brasileiros que já possuem sistemas de certificação Halal estabelecidos.
Tendências de Consumo e Inovação no Setor
O relatório identifica diversas tendências de consumo que estão moldando o mercado global de produtos de origem animal. Na Alemanha, por exemplo, há crescente valorização de ovos provenientes de sistemas alternativos de criação, como criação ao ar livre e orgânica. Esta tendência reflete preocupações com bem-estar animal e sustentabilidade, que estão influenciando os hábitos de consumo em diversos mercados desenvolvidos.
Na China, a digitalização do comércio de alimentos representa uma transformação significativa, com plataformas de e-commerce facilitando o acesso a produtos importados e oferecendo novas possibilidades de marketing e distribuição. O uso de tecnologias como blockchain para rastreabilidade e inteligência artificial para personalização de ofertas está redefinindo a experiência de compra e ampliando o alcance de produtos importados.
Em mercados emergentes como Bangladesh, o crescimento econômico está impulsionando a demanda por proteína animal, criando oportunidades para exportadores de insumos para produção animal, como farinhas e gorduras. Este cenário reflete uma tendência global de aumento no consumo de proteína animal em economias em desenvolvimento, à medida que a renda média da população cresce.
Conclusão
O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT fornece uma visão abrangente das oportunidades globais para produtos de origem animal brasileiros, destacando mercados estratégicos, tendências de consumo e desafios regulatórios. As análises apresentadas pelos adidos agrícolas brasileiros em diversos países confirmam o potencial significativo para expansão das exportações brasileiras, especialmente em mercados emergentes e em desenvolvimento.
Para aproveitar estas oportunidades, exportadores brasileiros precisarão desenvolver estratégias específicas para cada mercado, considerando particularidades culturais, regulatórias e logísticas. A adequação às exigências sanitárias, a certificação Halal para mercados islâmicos, e a utilização de plataformas digitais para mercados como a China serão elementos-chave para o sucesso nestes mercados.
A diversificação de destinos de exportação e a adaptação às tendências globais de consumo, como bem-estar animal, sustentabilidade e digitalização, serão essenciais para garantir a competitividade dos produtos brasileiros no cenário internacional cada vez mais complexo e exigente.