Nova Proibição de Importação de Carne e Queijo da UE Gera Questionamentos para o Mercado Halal do Reino Unido

Proibição de Importação da UE Impacta Mercado Halal no Reino Unido

Nova Proibição de Importação de Carne e Queijo da UE Gera Questionamentos para o Mercado Halal do Reino Unido

A recente proibição temporária imposta pelo governo britânico sobre importação de carnes e laticínios da União Europeia, motivada pela preocupação com a propagação da febre aftosa, levanta questões significativas para o mercado Halal no Reino Unido. Esta medida emergencial afeta diretamente a disponibilidade e os preços de produtos Halal, criando desafios e oportunidades para consumidores muçulmanos e produtores domésticos. As comunidades britânicas muçulmanas, bangladeshianas, paquistanesas e sul-asiáticas poderão enfrentar mudanças nas cadeias de abastecimento de alimentos que respeitam seus requisitos religiosos.

Contexto da Nova Proibição de Importação

O governo do Reino Unido implementou, a partir de 12 de abril de 2025, uma proibição temporária sobre a importação pessoal de produtos de carne e laticínios provenientes de todos os países da União Europeia. Esta medida foi adotada como resposta ao aumento de casos de febre aftosa detectados em diversos países europeus, incluindo Alemanha, Hungria, Eslováquia e Áustria. A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais de casco fendido como gado, ovelhas, porcos e outros animais como javalis selvagens, veados, lhamas e alpacas, representando um risco significativo para a indústria pecuária britânica.

A proibição abrange uma ampla gama de produtos, incluindo carne suína, bovina, de cordeiro, carneiro, cabra, veado e derivados como salsichas, além de produtos lácteos como leite, manteiga, queijo e iogurte. Essas restrições aplicam-se especificamente a viajantes que chegam à Grã-Bretanha vindos de países da UE, não importando se os produtos estão embalados ou foram adquiridos em lojas duty-free. Importante ressaltar que esta proibição atualmente afeta apenas importações pessoais e não comerciais, embora estas últimas já estejam sujeitas a regulamentos sanitários mais rigorosos.

O Ministro da Agricultura britânico, Daniel Zeichner, enfatizou o compromisso do governo em proteger os agricultores britânicos da febre aftosa, declarando que as restrições visam prevenir a propagação da doença e proteger a segurança alimentar da Grã-Bretanha. Esta ação preventiva busca evitar uma repetição do devastador surto de 2001, que resultou no abate de mais de seis milhões de animais e causou prejuízos bilionários para o setor agrícola do país.

Implicações Específicas para o Mercado Halal

As novas restrições de importação suscitam preocupações particulares dentro do setor alimentício Halal britânico. Historicamente, uma parcela significativa dos produtos Halal consumidos no Reino Unido tem origem em países da UE com cadeias de abastecimento e processos de certificação Halal bem estabelecidos. A proibição atual, mesmo focada em importações pessoais, pode sinalizar um período prolongado de restrições caso a situação da febre aftosa se agrave na Europa.

Para a comunidade muçulmana britânica, que já enfrentava adaptações nas importações após o Brexit, esta nova camada de restrições adiciona maior complexidade ao mercado. Muitos consumidores muçulmanos no Reino Unido têm preferências por produtos específicos de certas regiões europeias que oferecem certificações Halal confiáveis e atendem aos requisitos religiosos de abate. A interrupção dessas importações pessoais pode afetar particularmente aqueles que viajam frequentemente e costumam trazer tais produtos para consumo próprio.

Existe também a preocupação de que, se a proibição se estender ou influenciar o comércio mais amplo, poderá haver impacto nos preços dos produtos Halal no mercado britânico. O aumento da demanda por fontes domésticas, combinado com uma possível redução na disponibilidade geral, pode levar a aumentos de preços, afetando especialmente consumidores de baixa renda nas comunidades muçulmanas, que dependem do acesso a alimentos que cumpram com suas obrigações religiosas.

Oportunidades para Produtores Domésticos de Alimentos Halal

A proibição atual, embora desafiadora para importadores e consumidores, apresenta oportunidades significativas para produtores domésticos de carne Halal no Reino Unido. O provável aumento na demanda por produtos Halal produzidos localmente pode estimular o crescimento e desenvolvimento desse setor específico da indústria alimentícia britânica. Agricultores e abatedouros que aderem às práticas de abate Halal enfrentarão pressão para aumentar sua produção, mas também poderão capitalizar sobre a maior demanda do mercado.

Para os produtores Halal britânicos, esta situação oferece uma chance de expandir suas operações e possivelmente conquistar maior participação de mercado anteriormente ocupada por importações. Empresas locais que investirem em certificação adequada e ampliação de capacidade produtiva poderão se beneficiar a médio e longo prazo, fortalecendo a presença doméstica no setor Halal. No entanto, aumentar rapidamente a capacidade de produção Halal apresenta desafios significativos, incluindo a necessidade de garantir que todos os novos processos estejam em conformidade com os requisitos religiosos islâmicos.

Fornecedores e varejistas de produtos Halal baseados no Reino Unido provavelmente buscarão fontes alternativas, seja de produtores domésticos ou de países fora da UE com capacidades estabelecidas de exportação Halal. Isso pode levar ao desenvolvimento de novas parcerias comerciais e, possivelmente, a uma reestruturação das cadeias de abastecimento Halal para o mercado britânico, reduzindo a dependência de fontes europeias no futuro.

Complexidades Regulatórias e Certificação Halal

A atual proibição de importação ressalta a interseção entre medidas de segurança de alimentos baseadas em ciência e requisitos religiosos para certificação Halal. Enquanto a proibição governamental concentra-se na prevenção da transmissão de doenças animais, os requisitos Halal focam em aspectos específicos do abate e processamento que seguem princípios islâmicos, criando uma camada adicional de complexidade para produtores e importadores.

Um aspecto particularmente relevante nessa discussão refere-se ao atordoamento pré-abate dos animais. Uma decisão da Corte de Justiça Europeia de 2019 determinou que a carne derivada de animais abatidos de acordo com ritos religiosos sem atordoamento prévio não pode ser certificada como orgânica na UE. A Corte concluiu que tais práticas não atendem aos mais elevados padrões de bem-estar animal, considerados necessários para obter a certificação orgânica européia.

Esta decisão ilustra as complexidades enfrentadas por produtores e consumidores de carne Halal, que precisam navegar entre diferentes normas e requisitos, frequentemente divergentes. É importante observar que existe diversidade de opiniões dentro das próprias comunidades muçulmanas sobre o atordoamento pré-abate, com algumas autoridades religiosas permitindo certas formas de atordoamento reversível, desde que os animais estejam vivos no momento do corte ritual.

Impacto nas Comunidades Muçulmanas Britânicas

Para as comunidades muçulmanas do Reino Unido, incluindo britânicos de origem bangladeshiana, paquistanesa e sul-asiática, a proibição representa um desafio adicional ao acesso a alimentos culturalmente apropriados e religiosamente aceitáveis. Estas comunidades já enfrentavam adaptações nas cadeias de abastecimento alimentar após o Brexit, e esta nova medida adiciona mais uma camada de complexidade ao seu cotidiano.

As comunidades muçulmanas britânicas dependem fortemente da disponibilidade contínua de produtos Halal certificados para manter suas práticas alimentares religiosas. Qualquer disrupção nessas cadeias de abastecimento pode ter impactos sociais e culturais significativos, além das questões econômicas. Restaurantes, açougues e outros estabelecimentos especializados em alimentos Halal podem enfrentar dificuldades para manter a consistência na oferta de produtos, potencialmente afetando tanto empresários quanto consumidores desses segmentos.

A adaptação a essas novas circunstâncias poderá exigir maior flexibilidade das comunidades muçulmanas na busca por fontes alternativas de produtos Halal, possivelmente explorando novas marcas e fornecedores. Embora inicialmente desafiadora, esta situação também pode fortalecer conexões entre produtores locais Halal e consumidores muçulmanos, potencialmente criando cadeias de abastecimento mais curtas e sustentáveis a longo prazo.

Perspectivas Futuras para o Mercado Halal Britânico

A duração da atual proibição permanece indefinida, com o governo do Reino Unido indicando que as restrições continuarão em vigor até que o risco de propagação da febre aftosa seja adequadamente mitigado. Esta incerteza temporal cria desafios adicionais para planejamento tanto para empresas quanto para consumidores no setor Halal.

No longo prazo, esta situação poderá acelerar tendências que já estavam em desenvolvimento após o Brexit, como o aumento da produção doméstica de carne Halal e o desenvolvimento de novas rotas comerciais para importação de produtos Halal de países fora da UE. O mercado Halal britânico, avaliado em bilhões de libras anualmente, tem demonstrado resiliência considerável diante de mudanças regulatórias anteriores, sugerindo capacidade de adaptação a este novo cenário.

Para os produtores Halal domésticos, o momento atual representa uma oportunidade estratégica para investimento em capacidade produtiva e inovação em produtos que atendam às necessidades específicas de diferentes segmentos da comunidade muçulmana britânica. Empresas que aproveitarem este período para fortalecer suas credenciais de certificação Halal e expandir suas operações poderão emergir em posição mais competitiva quando o mercado eventualmente se estabilizar.

Conclusão

A proibição temporária de importações pessoais de carne e queijo da UE para o Reino Unido, embora motivada por preocupações legítimas de saúde animal, cria repercussões complexas para o mercado Halal britânico. O setor enfrentará desafios de abastecimento no curto prazo, mas também terá oportunidades para desenvolvimento de capacidade produtiva doméstica e diversificação de fontes internacionais no médio e longo prazos.

Para o mercado Halal especificamente, esta situação serve como catalisador para reflexão sobre resiliência da cadeia de abastecimento e dependência de importações. Produtores domésticos têm agora uma janela de oportunidade para expandir sua participação no mercado, enquanto consumidores muçulmanos podem precisar adaptar-se a mudanças na disponibilidade e preços de certos produtos, pelo menos temporariamente.

As autoridades reguladoras britânicas devem considerar as necessidades específicas das comunidades que dependem de alimentos Halal ao desenvolver e implementar medidas de controle sanitário. Um diálogo construtivo entre reguladores, produtores e representantes da comunidade muçulmana será essencial para garantir que as medidas de segurança de alimentos sejam eficazes enquanto respeitam os requisitos religiosos dessenciais para a certificação Halal.

A longo prazo, a resiliência do mercado Halal britânico dependerá da capacidade dos diversos atores envolvidos de adaptarem-se e inovarem em resposta a um ambiente regulatório e comercial em constante mudança, sempre mantendo o foco nos princípios fundamentais da certificação Halal e na segurança de alimentos para todos os consumidores.

Referências

  1. New EU Import Ban on Meat and Cheese Raises Questions for UK Halal Market (https://dazzlingdawn.com/2025/4/16/new-eu-import-ban-on-meat-and-cheese-raises-questions-for-uk-halal-market)
  2. UK ban on EU cheese and meat: What it means for you – BBC (https://www.bbc.com/news/articles/c0qn7jzj3qgo)
  3. UK bans EU cheese and meat to stop disease spreading – BBC (https://www.bbc.com/news/articles/cx2vpp8zzd7o)
  4. Government extends ban on personal meat imports to protect farmers from foot and mouth (https://www.gov.uk/government/news/government-extends-ban-on-personal-meat-imports-to-protect-farmers-from-foot-and-mouth)
  5. Halal meat cannot be certified as organic under the EU law (https://www.euromeatnews.com/Article-Halal-meat-cannot-be-certified-as-organic-under-the-EU-law/2637)
  6. European travellers banned from bringing meat and dairy into the UK (https://www.euronews.com/travel/2025/04/16/travel-warning-bringing-european-meat-and-dairy-products-into-the-uk-could-land-you-a-6000)
Tudo sobre refeições Halal em voos internacionais: o que saber e como solicitar

As 5 Principais Companhias Aéreas que Oferecem Refeições de Alta Qualidade com Certificação Halal

Ao embarcar em uma viagem aérea, os passageiros muçulmanos frequentemente enfrentam a preocupação de encontrar refeições adequadas que atendam aos requisitos Halal. Felizmente, algumas das principais companhias aéreas do mundo agora oferecem opções culinárias de alta qualidade com certificação Halal, elevando a experiência de viagem para milhões de passageiros. Este cenário representa não apenas um avanço em termos de inclusão, mas também reflete o crescimento significativo do mercado Halal global, que continua a se expandir além dos produtos alimentícios para abranger diversos setores, incluindo turismo e serviços de hospitalidade.

O Panorama das Refeições Halal em Companhias Aéreas

A certificação Halal para refeições aéreas tornou-se um diferencial competitivo importante para as companhias, especialmente aquelas que operam em rotas com grande demanda de passageiros muçulmanos. A certificação Halal envolve um processo rigoroso que verifica se os alimentos estão em conformidade com os preceitos islâmicos, garantindo que não contenham substâncias proibidas como carne suína e álcool, além de assegurar que os métodos de processamento sigam as diretrizes da lei islâmica.

Em voos internacionais, as refeições Halal são frequentemente identificadas pelo código MOML (Muslim Meal). No entanto, é importante notar que nem todas as refeições rotuladas como MOML possuem certificação Halal oficial. Algumas companhias simplesmente oferecem refeições sem ingredientes proibidos, mas sem passar pelo processo formal de certificação, enquanto outras investem em certificação completa por organismos reconhecidos internacionalmente.

As Cinco Estrelas da Culinária Halal nos Céus

1. Emirates

A Emirates lidera o ranking como a companhia aérea que serve as melhores refeições a bordo, todas com certificação Halal. Desde o cordeiro biryani até o curry de frango com arroz e salmão defumado, cada prato é preparado com atenção meticulosa e é adequado para muçulmanos, utilizando ingredientes de alta qualidade. O compromisso com a alimentação Halal se aplica a todos os voos da Emirates em todas as classes, tornando-a uma escolha confiável para viajantes muçulmanos.

A demanda por refeições vegetarianas e veganas na Emirates também cresceu significativamente, com um aumento de 40% ano a ano no consumo de refeições à base de plantas em sua rede. Em 2023, a companhia serviu mais de 450.000 refeições veganas em seus voos, um aumento substancial em relação às 280.000 refeições veganas servidas em 2022.

2. Etihad

De acordo com o site oficial da Etihad, todas as refeições servidas a bordo são preparadas conforme rigorosas regulamentações Halal. Isso significa que passageiros muçulmanos não precisam fazer uma solicitação especial para refeições Halal com antecedência. A experiência gastronômica da Etihad é considerada cinco estrelas, com pratos inspirados nos destinos globais da companhia aérea, como o margooga de frango e frango ao molho curry japonês.

3. Turkish Airlines

Constantemente classificada entre as companhias aéreas com as melhores refeições, a Turkish Airlines está comprometida em servir alimentos preparados de acordo com as diretrizes islâmicas. Seu cardápio premiado apresenta uma variedade de pratos, desde a culinária tradicional turca até sabores globais. Passageiros da classe executiva podem saborear especialidades como o defumado kebab Adana, enquanto os viajantes da classe econômica desfrutam de sanduíches frescos feitos com diversos pães e condimentos.

4. Delta

Embora a Delta possa não ser o primeiro nome que vem à mente quando se pensa em refeições Halal, esta companhia aérea norte-americana oferece refeições Halal pré-encomendadas. Todas as refeições solicitadas desta forma são livres de carne suína, derivados de porco e álcool. Passageiros voando na Primeira Classe, Delta One e em todos os voos da Main Cabin podem solicitar refeições Halal com antecedência para uma experiência gastronômica mais inclusiva.

5. ANA

A All Nippon Airways (ANA) oferece refeições muçulmanas que aderem às regulamentações e costumes do Islam. As refeições são preparadas sem ingredientes proibidos como carne suína, derivados de porco, gelatina, álcool ou frutos do mar fora das diretrizes Halal. Alguns pratos incluem frango ao curry com manteiga, curry de espinafre com queijo cottage, salada de quatro feijões e muffins de abóbora.

O Que Diferencia as Líderes em Serviços Halal

As companhias aéreas líderes em ofertas Halal não apenas fornecem refeições certificadas, mas também incorporam uma compreensão mais ampla das necessidades dos viajantes muçulmanos. Isso inclui considerações sobre horários de oração, disponibilidade de opções de entretenimento apropriadas e atenção a requisitos culturais específicos.

A certificação Halal desempenha um papel crucial no mercado global, garantindo que produtos e serviços atendam às exigências da lei islâmica. Para produtos alimentícios, isso envolve verificar a origem dos ingredientes, os métodos de processamento e manipulação, além de garantir a ausência de substâncias não-Halal. Um sistema de certificação Halal confiável e credível é essencial para construir a confiança do consumidor e garantir acesso a mercados internacionais.

Desafios na Oferta de Refeições Halal em Voos

Apesar dos avanços, existem desafios significativos na oferta de refeições Halal em voos. Um incidente relatado em março de 2024 envolveu um casal de Glasgow que havia solicitado refeições veganas em um voo da Emirates de Dubai para Bangkok, mas recebeu refeições com carne Halal por engano. Este caso destaca a complexidade de gerenciar diferentes tipos de solicitações de refeições especiais e a importância de sistemas robustos para rastrear e atender a essas solicitações.

Outro desafio é a variação nas normas e certificações Halal entre diferentes países e regiões. O que é considerado Halal em um país pode não ser aceito em outro, criando desafios para companhias aéreas internacionais que servem passageiros de diversas origens.

O Crescimento do Mercado Halal Global e seu Impacto nas Políticas das Companhias Aéreas

O mercado Halal global está avaliado em trilhões de dólares americanos e projeta-se um crescimento robusto contínuo nos próximos anos. Estima-se que a economia Halal global esteja crescendo a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,5%, podendo atingir US$ 2,8 trilhões até 2025.

Este crescimento é impulsionado pelo aumento da população muçulmana global, maior consciência e demanda por produtos éticos e em conformidade com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança. O mercado Halal não está mais restrito apenas a produtos alimentícios, tendo evoluído para um ecossistema diversificado que abrange finanças Halal, turismo, moda, cosméticos, produtos farmacêuticos e entretenimento.

As companhias aéreas estão respondendo a esta tendência não apenas oferecendo refeições Halal, mas também considerando outros aspectos da experiência de viagem para atender às necessidades dos viajantes muçulmanos. Isso inclui a disponibilização de salas de oração em aeroportos, opções de entretenimento a bordo compatíveis com valores islâmicos e treinamento da tripulação para compreender e respeitar as necessidades culturais e religiosas dos passageiros muçulmanos.

Dicas para Viajantes Muçulmanos ao Escolher Companhias Aéreas

Para os viajantes muçulmanos que buscam garantir que suas necessidades sejam atendidas durante o voo, aqui estão algumas dicas práticas:

  1. Entenda o que envolve a comida Halal aérea: Alimentos Halal em companhias aéreas referem-se a refeições que seguem as leis dietéticas islâmicas prescritas no Alcorão e Sunnah (Tradição profética) . Estas refeições são preparadas de acordo com os padrões Halal, utilizando ingredientes certificados Halal e garantindo que não ocorra contaminação cruzada com alimentos não-Halal.
  2. Reserve sua refeição Halal com antecedência: Para garantir que você receba uma refeição Halal, é essencial solicitá-la com antecedência. A maioria das companhias aéreas exige que você faça essa solicitação pelo menos 24 a 48 horas antes do seu voo.
  3. Verifique diretamente com a companhia aérea: Confirme sua solicitação de refeição Halal diretamente com a companhia aérea alguns dias antes do seu voo, além de informar seu agente de viagens. Mantenha e-mails de confirmação ou números de referência relacionados ao seu pedido de refeição especial.
  4. Reconfirme a bordo: Reconfirme educadamente seu pedido de refeição Halal com a tripulação de cabine ao embarcar no voo. Verifique cuidadosamente o conteúdo da sua refeição antes de consumi-la para garantir que esteja de acordo com seus requisitos dietéticos.

Opção Kosher como Alternativa em Voos Internacionais

Além das refeições Halal, companhias aéreas brasileiras como LATAM, Azul e Avianca também oferecem a opção de refeição kosher (KSML) em voos internacionais de longa duração. A solicitação deve ser feita com antecedência, geralmente pelo site, aplicativo ou central de atendimento, logo após a reserva, para garantir o serviço no dia da viagem. A maioria das restrições alimentares presentes na tradição kosher, como a proibição da carne de porco, coincide com as normas Halal, tornando a refeição kosher uma alternativa viável na ausência de opções Halal. O próprio Alcorão, no versículo 5:5 da surata Al-Maida, permite aos muçulmanos consumir o alimento do “Povo do Livro”, ou seja, judeus e cristãos, desde que respeitadas as demais restrições islâmicas e o método de abate manual.

O Futuro das Ofertas Halal em Viagens Aéreas

O futuro das ofertas Halal em viagens aéreas parece promissor à medida que mais companhias reconhecem o valor de atender ao crescente segmento de viajantes muçulmanos. Espera-se que mais companhias aéreas busquem certificação Halal para suas refeições e desenvolvam programas abrangentes para atender às diversas necessidades dos passageiros muçulmanos.

A colaboração entre companhias aéreas e organismos de certificação Halal, como o JAKIM da Malásia, provavelmente se tornará mais comum. O JAKIM é amplamente reconhecido como uma referência global em certificação Halal, estabelecendo normas rigorosas que são aceitas em numerosos países ao redor do mundo. Sua expertise pode ajudar as companhias aéreas a implementar práticas Halal consistentes e de alta qualidade.

As inovações tecnológicas também desempenharão um papel importante no futuro das ofertas Halal em voos, permitindo melhor rastreabilidade dos ingredientes, sistemas de pedidos mais eficientes e maior transparência para os passageiros sobre o status Halal de suas refeições.

Conclusão

As cinco principais companhias aéreas que oferecem refeições de alta qualidade com certificação Halal – Emirates, Etihad, Turkish Airlines, Delta e ANA – estão liderando o caminho na criação de experiências de viagem mais inclusivas e acolhedoras para passageiros muçulmanos. Seu compromisso com a excelência culinária e com o atendimento das necessidades dietéticas religiosas demonstra uma resposta ao crescente mercado Halal global e uma compreensão mais profunda da diversidade de seus passageiros.

À medida que o mercado Halal continua a se expandir globalmente, podemos esperar que mais companhias aéreas sigam este exemplo, melhorando suas ofertas Halal e considerando abordagens mais holísticas para atender às necessidades dos viajantes muçulmanos. Para os passageiros, isso significa mais opções, maior confiança e uma experiência de viagem mais confortável e agradável.

A evolução das ofertas Halal em viagens aéreas não é apenas uma tendência de negócios, mas um reflexo de um mundo cada vez mais consciente e respeitoso com a diversidade cultural e religiosa. As companhias aéreas que reconhecem e atendem a essa diversidade não apenas ganham vantagem competitiva, mas também contribuem para uma indústria de viagens mais inclusiva e acolhedora para todos.

Referências

  1. Alternative Airlines. Guide to Airlines With Halal In-Flight Mealshttps://www.alternativeairlines.com/halal-airline-meals
  2. Centro Halal Da América Latina. Notícias: JAKIM planeja estabelecer certificação Halal nas Filipinashttps://www.centrohalal.com.br/jakim-certificacao-halal-filipinas/
  3. Halal Times. Top 5 Airlines Now Offer Top-Rated Food with Halal Certificationhttps://www.halaltimes.com/top-5-airlines-now-offer-top-rated-food-with-halal-certification/
  4. Halal Times. Emirates Serves Halal Instead of Vegan Meal to Passengershttps://www.halaltimes.com/emirates-serves-halal-instead-of-vegan-meal-to-passengers
  5. Tempo.co. Top 5 Airlines with the Best Food and Halal Certifiedhttps://en.tempo.co/read/1996607/top-5-airlines-with-the-best-food-and-halal-certified

Banner promocional do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica 2025, destacando data, local e organizador em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

2º Fórum Global de FinTech Islâmica em Dubai: Inovação e Crescimento Ético no Setor Financeiro

O 2º Fórum Global de FinTech Islâmica, realizado em 15 de abril de 2025 no Dusit Thani Hotel em Dubai, consolidou-se como um dos eventos mais relevantes para o futuro das finanças éticas globais. Organizado pelo AlHuda Centre of Islamic Banking and Economics (CIBE), o encontro reuniu especialistas de mais de 30 países para debater como a tecnologia pode ampliar o acesso a serviços financeiros alinhados aos princípios da Sharia. Com projeções indicando que o mercado de FinTech Islâmica ultrapassará US$ 180 bilhões até 2026, o fórum destacou iniciativas pioneiras em blockchain, inteligência artificial e sustentabilidade, além de propor frameworks regulatórios para harmonizar padrões entre nações. A cerimônia de premiação reconheceu projetos inovadores em inclusão financeira, enquanto o anúncio de um fórum dedicado a créditos de carbono Halal sinalizou a integração entre ética islâmica e agendas ambientais globais.

Panorama do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica

Contexto e Objetivos do Evento

O evento, realizado anualmente desde 2024, surgiu como resposta à necessidade de um diálogo multissetorial sobre os desafios e oportunidades da digitalização no setor financeiro islâmico. Sob o tema “Inovação Ética para Inclusão Financeira”, a edição de 2025 focou em três pilares: desenvolvimento tecnológico inclusivo, governança regulatória ágil e integração de critérios ambientais. Participaram representantes de instituições como o Banco Islâmico de Desenvolvimento, startups de países do Sudeste Asiático e autoridades regulatórias do Golfo. Um dos objetivos centrais foi estabelecer diretrizes para que inovações como contratos inteligentes e moedas digitais sejam adaptadas aos princípios de transparência e justiça social inerentes à economia islâmica.

Cerimônia de Abertura e Autoridades Presentes

A sessão inaugural contou com a presença de figuras-chave do setor, incluindo embaixadores, CEOs de instituições financeiras e líderes de organizações internacionais. Muhammad Zubair, diretor do AlHuda CIBE, enfatizou em seu discurso que a FinTech Islâmica não se limita a comunidades muçulmanas, mas oferece soluções universais para problemas como exclusão bancária e especulação financeira. Nameer Khan, presidente da Associação MENA de FinTech, destacou casos de sucesso nos Emirados Árabes Unidos, onde plataformas digitais reduziram o custo de remessas internacionais para trabalhadores migrantes em até 40%.

Tecnologias Emergentes e Aplicações Práticas

Blockchain e Rastreabilidade de Ativos

A aplicação de blockchain em finanças islâmicas foi um dos tópicos mais explorados. Painéis técnicos demonstraram como a tecnologia permite a tokenização de sukuk (títulos de dívida islâmicos), garantindo transparência na distribuição de lucros e compliance com regras anti-riba (proibição de usura). Um caso emblemático apresentado envolveu a plataforma Ethis Crowdfunding, que utiliza smart contracts para conectar investidores a projetos de habitação social na Indonésia, assegurando que todos os fluxos financeiros obedeçam a critérios pré-aprovados por conselhos de Sharia.

No setor de alimentos Halal, startups do Catar exibiram sistemas baseados em blockchain para rastrear a origem de carnes e medicamentos, desde o abate até o ponto de venda. Essas soluções integram sensores IoT em frigoríficos e veículos de transporte, gerando registros imutáveis que verificam o cumprimento de normas sanitárias e éticas.

Inteligência Artificial e Personalização de Serviços

A integração de IA generativa em plataformas bancárias foi outro destaque. Bancos digitais como o Wahed investiram em algoritmos capazes de analisar o perfil de risco de usuários e sugerir carteiras de investimento alinhadas aos seus valores religiosos. Um avanço significativo foi a demonstração de um assistente virtual por voz, desenvolvido em parceria com a Microsoft, que orienta microempreendedores na Nigéria sobre gestão financeira conforme princípios islâmicos, utilizando linguagem natural em dialetos locais.

No campo de segurança de alimentos, sistemas de visão computacional estão sendo treinados para inspecionar linhas de produção em tempo real, identificando contaminantes ou desvios nos processos de certificação Halal. Essas tecnologias reduzem a dependência de auditorias presenciais, um gargalo histórico para exportadores de países como o Brasil.

Metaverso e Novos Modelos de Negócio

A iminente convergência entre finanças islâmicas e metaverso gerou debates intensos. Especialistas projetaram ecossistemas virtuais onde usuários podem adquirir terrenos digitais, participar de crowdfunding para obras de caridade ou contratar takaful (seguros cooperativos) para avatares. A empresa Wave apresentou um protótipo de mercado virtual para artigos de luxo Halal, onde cada item possui um NFT que certifica sua origem e conformidade com padrões éticos.

Críticos alertaram para riscos de especulação em ambientes imersivos, lembrando que princípios islâmicos proíbem transações envolvendo gharar (incerteza excessiva). Como contraponto, reguladores da Malásia compartilharam experiências com sandboxes regulatórios para testar modelos de negócio no metaverso antes de autorizá-los comercialmente.

Crescimento do Mercado e Projeções Estratégicas

Expansão Geográfica e Demográfica

Dados apresentados pelo Qatar Financial Centre revelaram que a região do Golfo responde por 45% do mercado global de FinTech Islâmica, seguida pelo Sudeste Asiático (30%) e África Subsaariana (15%). O crescimento acelerado na Nigéria e no Quênia está ligado à combinação de população jovem, alta penetração de smartphones e demanda por alternativas a sistemas bancários convencionais, muitas vezes percebidos como opressivos.

Um estudo de caso sobre o Paquistão mostrou como plataformas de microcrédito islâmicas estão usando dados alternativos (como histórico de pagamento de contas de celular) para avaliar a credibilidade de pequenos empresários excluídos do sistema tradicional. Essa abordagem aumentou a taxa de aprovação de empréstimos em 22% desde 2023.

Desafios Regulatórios e Harmonização

A falta de padronização entre jurisdições foi amplamente discutida. Enquanto a Arábia Saudita estabeleceu um marco legal para stablecoins lastreadas em ouro, outros países ainda tratam criptoativos sob regras genéricas, criando insegurança jurídica. Proposta pelo Conselho de Serviços Financeiros Islâmicos, a criação de um passaporte regulatório permitiria que startups certificadas em um país operassem em outros membros da Organização de Cooperação Islâmica sem burocracia redundante.

Outro obstáculo é a escassez de profissionais qualificados em dupla formação (tecnologia e jurisprudência islâmica). Para enfrentar isso, universidades dos Emirados Árabes e da Malásia anunciaram programas de doutorado conjunto em FinTech e Economia Islâmica, com bolsas patrocinadas por instituições financeiras.

Premiações e Iniciativas Futuras

Reconhecimento a Inovações Transformadoras

A edição 2025 do Global Islamic FinTech Awards destacou projetos com impacto social mensurável. O prêmio de Melhor Startup foi para a indonésia ZakatHub, cuja plataforma usa blockchain para distribuir doações com rastreamento em tempo real, garantindo que 98% dos recursos cheguem a beneficiários finais. Na categoria Governança, a Autoridade Monetária da Malásia foi reconhecida por seu framework para crowdfunding de waqf (fundos de caridade), que já financiou 120 centros de saúde comunitários.

Créditos de Carbono e Sustentabilidade

O anúncio mais comentado foi a criação do Fórum Global de Créditos de Carbono Halal, previsto para 2026. A iniciativa visa desenvolver um mercado para compensações ambientais auditadas por conselhos de Sharia, assegurando que projetos de reflorestamento ou energia renovável gerem benefícios tangíveis para comunidades locais. Um piloto em andamento na Amazônia envolve a venda de créditos vinculados à preservação de áreas habitadas por populações indígenas, com mecanismos de repartição de lucros inspirados no conceito de mudarabah (parceria comercial islâmica).

Conclusão: Rumo a um Sistema Financeiro Inclusivo

O legado do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica reside em sua capacidade de traduzir princípios éticos milenares em soluções para desafios contemporâneos. A convergência entre inovação tecnológica e filosofia econômica islâmica oferece um modelo viável para combater desigualdades e promover desenvolvimento sustentável.

Para consolidar esse movimento, é fundamental estabelecer parcerias entre hubs tecnológicos e instituições acadêmicas, capacitando uma nova geração de profissionais. Simultaneamente, mecanismos de governança colaborativa devem ser priorizados para evitar fragmentação regulatória. Por fim, a integração de métricas de impacto social e ambiental em produtos financeiros garantirá que o crescimento do setor esteja alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Com essas ações, a FinTech Islâmica tem o potencial de redefinir não apenas mercados muçulmanos, mas todo o ecossistema financeiro global, provando que ética e inovação podem coexistir como forças complementares.

Referências

  1. AlHuda CIBE (2025). Relatório Técnico do 2º Fórum Global de FinTech Islâmica. Disponível em: https://www.alhudacibe.com/giftf2025/
  2. Autoridade Monetária da Malásia (2024). Framework para Crowdfunding de Waqf: Diretrizes e Casos de Estudo.
  3. Qatar Financial Centre (2023). Global Islamic Fintech Report: Tendências e Projeções 2026.
Parceria Estratégica entre Malásia e China para o Desenvolvimento de Parque Industrial Halal de Alta Tecnologia

Parceria Estratégica entre Malásia e China para o Desenvolvimento de Parque Industrial Halal de Alta Tecnologia

A indústria Halal da Malásia está prestes a expandir sua influência global com o desenvolvimento do Parque Industrial de Alimentos Halal China-Malásia em Perak. Esta iniciativa colaborativa entre o Grupo de Investimento China-Malásia e a Corporação de Desenvolvimento Econômico Islâmico de Perak visa criar um hub dinâmico para pesquisa, produção, certificação e comércio de produtos Halal. A parceria estratégica combinará as respeitadas normas de certificação Halal da Malásia com as capacidades avançadas de processamento alimentar e gerenciamento da cadeia de suprimentos da China, fortalecendo significativamente a posição da Malásia no mercado Halal global.

Estrutura e Objetivos do Novo Parque Industrial

O parque industrial Halal em Perak representa um marco significativo na expansão das capacidades da indústria Halal da Malásia. Com uma área de 60 hectares, o acordo de desenvolvimento foi formalizado recentemente através de uma cerimônia de assinatura entre Liang Jun, presidente do Grupo de Investimento China-Malásia, e Amirul Hakim Abdullah, diretor executivo da Corporação de Desenvolvimento Econômico Islâmico de Perak. A cerimônia contou com a presença de importantes figuras como o presidente da corporação, Prof. Datuk Dr. Ansary Ahmed, o diretor do Conselho de Negócios Malásia-China, Datuk Beh Hang Kong, e o vice-diretor do comitê de gestão do Parque Industrial Qinzhou China-Malásia, Zuo Kongtian.

O parque industrial tem como objetivo aproveitar o alcance global da certificação Halal malaia em conjunto com a experiência chinesa em processamento de alimentos e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Esta sinergia visa estabelecer um centro de excelência para pesquisa, produção, certificação e comércio no setor Halal. Conforme destacado por Datuk Beh Hang Kong, diretor do Conselho de Negócios Malásia-China, o parque tem o potencial de aprofundar a cooperação bilateral em processamento de alimentos Halal, reconhecimento mútuo de normas e desenvolvimento de marcas.

Implementação e Vantagens Estratégicas

“O Grupo de Investimento China-Malásia planeja estabelecer este parque de alimentos Halal dentro do Parque Industrial Qinzhou, aderindo às normas estabelecidas pelo Jakim da Malásia”, afirmou Beh. Este projeto se beneficiará de várias vantagens estratégicas, incluindo acesso privilegiado ao mercado da Asean, eficiente transporte ferroviário China-Europa e infraestrutura logística abrangente.

O projeto atrairá empreendimentos de produção e processamento de alimentos Halal da Malásia e de países da Asean. Oferecerá serviços em comércio, logística, armazenamento e certificação Halal para apoiar fabricantes e exportadores. Adicionalmente, o parque contará com um centro de certificação Halal e uma base de treinamento de talentos para garantir suporte profissional aos processos de certificação e desenvolvimento da força de trabalho.

Importância da Certificação e Mercado Halal

A Malásia é reconhecida globalmente por seu sistema de certificação Halal de alto padrão, o que contribuiu para o estabelecimento de uma forte rede de diplomacia Halal, reforçando ainda mais a posição do país como um importante player global no setor Halal. Esta reputação ficou evidente quando a Malásia manteve o primeiro lugar no Indicador Global de Economia Islâmica (GIEI) por 10 anos consecutivos, refletindo a contínua liderança da nação neste importante setor econômico.

O mercado Halal chinês representa uma oportunidade significativa, considerando que a China, com sua população de 1,4 bilhão, abriga mais de 20 milhões de muçulmanos. A demanda chinesa por produtos e serviços Halal não pode ser ignorada, o que explica por que a Malásia está “avançando rapidamente no mercado (chinês)”, segundo Mohd Mustafa Abdul Aziz, CEO da Corporação de Desenvolvimento do Comércio Externo da Malásia (MATRADE).

Perspectivas Econômicas e Colaboração Futura

O Fórum de Negócios Halal Malásia-China, realizado em 10 de setembro em Xangai, desbloqueou um novo potencial de investimento no setor Halal da Malásia, com aproximadamente RM4 bilhões em investimentos de players da indústria Halal chinesa. O vice-primeiro-ministro Datuk Seri Ahmad Zahid Hamidi, que participou do fórum como parte de sua visita de trabalho de cinco dias à China, destacou que o investimento abrange vários setores, incluindo medicina herbal, alimentos e bebidas, vacinas, cosméticos e produtos farmacêuticos.

Durante o fórum, o vice-primeiro-ministro também propôs o estabelecimento de um Corredor Comercial Halal Malásia-China para impulsionar o comércio Halal no âmbito da iniciativa One Belt One Road. “Isso nos permitiria atender melhor às necessidades Halal das nações BRICS, ASEAN e Sul Global, ao mesmo tempo que agilizaria o comércio entre a China e a Malásia para uma cadeia de suprimentos mais eficiente”, disse ele.

O Contexto Mais Amplo da Indústria Halal Malaia

A Malásia está intensificando esforços para expandir seus parques industriais Halal, com o objetivo de aumentar as capacidades de produção local e atrair investimentos estrangeiros, particularmente de empresas multinacionais. Khairul Azwan Harun, presidente da Halal Development Corporation Bhd (HDC), explicou que órgãos governamentais como o Ministério de Investimento, Comércio e Indústria (Miti) e a Autoridade de Desenvolvimento de Investimentos da Malásia (Mida), juntamente com players da indústria, estão focados em fortalecer a cadeia de suprimentos da Malásia, particularmente em setores relacionados a alimentos, bebidas e produtos de consumo.

Um elemento-chave desta estratégia é garantir a disponibilidade de matérias-primas locais, que desempenha um papel crítico na atração de empresas estrangeiras. “Se empresas estrangeiras precisarem importar quantidades significativas de matérias-primas, isso cria custos duplos, que estamos buscando minimizar. Nosso objetivo é garantir que as empresas possam contar com materiais de origem local, reduzindo custos de produção e aumentando a competitividade da Malásia”, afirmou Khairul Azwan.

A Evolução da Colaboração Halal entre Malásia e China

Esta nova iniciativa não representa o primeiro esforço colaborativo entre a Malásia e a China no desenvolvimento da indústria Halal. Em janeiro de 2013, o Conselho de Desenvolvimento da Região Econômica da Costa Leste (ECERDC) da Malásia assinou um Memorando de Entendimento (MOU) com o Escritório Industrial Têxtil e Leve de Ningxia (NLTIB) da República Popular da China para explorar, colaborar e criar oportunidades de investimento na indústria Halal internacional.

A região autônoma de Ningxia, localizada no centro-norte da China, tem uma grande concentração de muçulmanos e foi designada pelo governo chinês como centro de produção de alimentos Halal. O escopo da cooperação ECERDC-NLTIB cobriu manufatura, matchmaking de negócios, certificação Halal, armazenamento e logística, políticas de compartilhamento de informações e pesquisa e desenvolvimento.

Conclusão

A iniciativa do Parque Industrial de Alimentos Halal China-Malásia em Perak sublinha o compromisso da Malásia em elevar sua indústria Halal e fomentar a colaboração internacional neste setor em rápido crescimento. Combinando a expertise da Malásia em certificação Halal com as capacidades avançadas da China em processamento e distribuição, esta parceria estratégica promete fortalecer a posição de ambos os países no mercado Halal global, criando novas oportunidades para fabricantes, exportadores e consumidores de produtos Halal.

Este desenvolvimento representa não apenas uma oportunidade econômica significativa, mas também um passo importante na evolução da indústria Halal global, demonstrando como a colaboração internacional pode impulsionar a inovação e o crescimento em um setor fundamentado em princípios religiosos e éticos rigorosos.

Referências

Muslim Network TV. Malaysia partners with China to launch cutting-edge halal food park. https://www.muslimnetwork.tv/malaysia-partners-with-china-to-launch-cutting-edge-halal-food-park/

The Star. From local halal hub to the world. https://www.thestar.com.my/news/nation/2025/04/13/from-local-halal-hub-to-the-world

Malay Mail. DPM Zahid says halal diplomacy in action as Malaysia secures RM4b investment from China industry players. https://www.malaymail.com/news/malaysia/2024/09/13/dpm-zahid-says-halal-diplomacy-in-action-as-malaysia-secures-rm4b-investment-from-china-industry-players/150253

China Daily HK. China vital to Malaysia’s halal hub dreams. https://www.chinadailyhk.com/hk/article/593239

HDC Global. Malaysia steps up efforts to expand halal industrial parks. https://hdcglobal.com/news/2024/09/18/malaysia-steps-up-efforts-to-expand-halal-industrial-parks/

ECERDC. China-Malaysia ties set to soar, the Halal way in ECER. https://www.ecerdc.com.my/media_releases/china-malaysia-ties-set-to-soar-the-halal-way-in-ecer/

Brasil reforça laços comerciais com Marrocos e Egito, ampliando exportações agrícolas, promovendo carne bovina e fortalecendo sua posição no mercado Halal.

Brasil Fortalece Laços Comerciais com Marrocos e Egito e Amplia Agenda Agropecuária no Norte da África

A recente missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia brasileira de consolidar alianças estratégicas com nações do mundo árabe. Durante os dias 7 a 10 de abril de 2025, a comitiva liderada pelo secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Marcel Moreira, avançou em discussões sanitárias, ampliou oportunidades de cooperação técnica e celebrou importantes conquistas comerciais, incluindo a abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos brasileiros. O Egito reafirmou sua posição como principal destino africano para produtos do agronegócio brasileiro, com exportações que alcançaram US$ 3,3 bilhões em 2024, evidenciando o potencial crescente do Brasil em contribuir para a segurança alimentar regional enquanto fortalece relações comerciais duradouras.

Contexto Estratégico da Missão ao Norte da África

A missão brasileira ao Marrocos e Egito reflete uma abordagem coordenada do governo brasileiro para intensificar sua presença comercial e diplomática no continente africano, especialmente na região norte. Esta iniciativa se insere em um contexto mais amplo de política externa brasileira, que busca diversificar mercados e estabelecer parcerias estratégicas com países que compartilham interesses mútuos no setor agropecuário. A viagem contou com apoio direto dos adidos agrícolas brasileiros nos respectivos países – Ellen Laurindo no Marrocos e Rafael Mohana no Egito – demonstrando a infraestrutura diplomática especializada que o Brasil mantém para facilitar negociações comerciais e técnicas no setor agropecuário.

O timing desta missão é particularmente significativo, ocorrendo em um momento em que a segurança alimentar global enfrenta desafios crescentes e quando o Brasil busca consolidar sua posição como um fornecedor confiável de alimentos para o mundo. As nações do norte da África representam mercados estratégicos não apenas pelo volume de importações, mas também por servirem como porta de entrada para um mercado consumidor mais amplo que abrange o Oriente Médio e outras regiões africanas.

A continuidade das relações entre Brasil e países árabes tem se fortalecido consistentemente ao longo dos anos, com missões anteriores pavimentando o caminho para os avanços atuais. Esta abordagem persistente e estruturada tem rendido frutos tangíveis para o agronegócio brasileiro, com diversas aberturas de mercado e reconhecimento da qualidade dos produtos nacionais.

Avanços nas Relações com o Marrocos

No primeiro destino da missão, o Marrocos, o foco principal esteve na aproximação institucional com autoridades sanitárias e na promoção comercial dos produtos brasileiros. O secretário adjunto Marcel Moreira realizou uma reunião produtiva com o diretor-geral da autoridade sanitária marroquina (ONSSA), Abdellah Janati, onde foram discutidos temas cruciais para o avanço das relações comerciais bilaterais.

Um ponto alto da visita foi o agradecimento formal pela recente abertura do mercado marroquino para miúdos bovinos do Brasil, marcando a 346ª abertura de mercado desde o início da atual gestão do Ministério da Agricultura e Pecuária. Este avanço representa não apenas uma conquista comercial, mas também um reconhecimento da qualidade e segurança dos produtos brasileiros, especialmente relevante para o mercado Halal, onde produtos bovinos têm demanda significativa.

A visita ao Marrocos também incluiu a realização do “Brazilian Beef Dinner”, um evento estratégico organizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) em colaboração com a Embaixada do Brasil em Rabat. Este evento proporcionou um ambiente de negócios propício para aproximação comercial, reunindo autoridades locais, empresários e representantes do setor agroalimentar marroquino. A escolha de promover especificamente a carne bovina brasileira demonstra a importância deste produto nas relações comerciais entre os dois países e seu potencial de crescimento no mercado norte-africano.

As discussões sobre cooperação técnica entre os governos brasileiro e marroquino abrem perspectivas promissoras para a transferência de conhecimento e tecnologias em áreas como defesa agropecuária, sanidade animal e sistemas de inspeção, fortalecendo não apenas as relações comerciais, mas também institucionais entre as duas nações.

Expansão da Cooperação com o Egito

A segunda etapa da missão ocorreu no Egito, onde o secretário-adjunto Marcel Moreira foi recebido pelo ministro substituto da Agricultura e Recuperação de Terras, Moustafa El Sayyad, acompanhado por outras autoridades egípcias. O encontro representou um momento significativo nas relações bilaterais, considerando o expressivo crescimento das exportações agrícolas brasileiras para o país nos últimos anos.

Os números apresentados durante a reunião são impressionantes: em 2024, o Brasil exportou para o Egito mais de 8,5 milhões de toneladas de produtos do agronegócio, totalizando US$ 3,3 bilhões em valor. Este desempenho notável recolocou o Egito na posição de principal destino do agronegócio brasileiro no continente africano, demonstrando a relevância estratégica deste mercado para o Brasil.

No âmbito sanitário, os representantes brasileiros trabalharam para reforçar a confiança mútua construída ao longo dos últimos anos, que tem resultado em diversas aberturas de mercado para produtos brasileiros. Um marco importante nesta relação foi o Acordo de Equivalência (pré-listing), que representa o reconhecimento formal pelo Egito da eficiência e confiabilidade do sistema de defesa agropecuária brasileiro.

Durante os encontros, as autoridades egípcias manifestaram interesse em aprofundar ainda mais essa parceria, com avanços concretos em duas frentes principais: a implementação da certificação eletrônica para produtos de origem animal e a abertura de mercado para novos itens do agronegócio brasileiro. Estas iniciativas prometem não apenas aumentar o volume comercial entre os países, mas também tornar os processos mais eficientes e seguros.

Promoção da Carne Brasileira nos Mercados Árabes

Um elemento estratégico que permeou toda a missão foi a promoção ativa da carne bovina brasileira. Em ambos os países visitados, foram realizados eventos específicos para destacar a qualidade deste produto. No Cairo, seguindo o modelo já implementado em Rabat, o “Brazilian Beef Dinner” reuniu autoridades e empresários egípcios em torno da carne brasileira.

Estes eventos promocionais evidenciam o entendimento brasileiro de que o mercado árabe valoriza três aspectos fundamentais: qualidade do produto, segurança sanitária e relações comerciais de longo prazo. A escolha por priorizar a carne bovina nas ações promocionais reflete sua importância estratégica na pauta exportadora brasileira para a região, bem como seu alinhamento com as demandas do mercado Halal.

A presença da ABIEC na organização destes eventos demonstra a articulação entre governo e setor privado na promoção internacional dos produtos brasileiros, criando sinergias que potencializam os resultados comerciais. Esta abordagem coordenada entre instituições públicas e privadas tem se mostrado eficaz para enfrentar os desafios de mercados competitivos e complexos como os do norte da África.

Os eventos de promoção também serviram como plataforma para apresentar os avanços brasileiros em matéria de sustentabilidade, rastreabilidade e segurança de alimentos, aspectos cada vez mais valorizados pelo mercado global, especialmente no segmento de carnes.

Implicações para o Mercado Halal

A intensificação das relações comerciais entre o Brasil e países de maioria muçulmana como Marrocos e Egito tem implicações diretas para o mercado Halal global. O Brasil tem se consolidado como um dos principais fornecedores mundiais de produtos Halal, especialmente no setor de proteína animal, graças a investimentos consistentes em sistemas de certificação e capacitação para atender às exigências religiosas e técnicas deste segmento.

A abertura de mercado para miúdos bovinos brasileiros no Marrocos é particularmente relevante para o mercado Halal, pois representa um reconhecimento adicional da capacidade brasileira de fornecer produtos que atendam às normas islâmicas de abate e processamento. Esta conquista pode servir como referência para outros países com população majoritariamente muçulmana, potencialmente abrindo novas oportunidades comerciais.

O fortalecimento da confiança nas relações com autoridades sanitárias de Marrocos e Egito também beneficia indiretamente todo o sistema de certificação Halal brasileiro, pois demonstra que os controles sanitários e os processos produtivos nacionais são reconhecidos e respeitados internacionalmente, incluindo por mercados exigentes.

A estratégia brasileira de promover não apenas a abertura de mercados, mas também o estabelecimento de relações comerciais duradouras, alinha-se perfeitamente com os valores do comércio Halal, onde a confiança e a transparência são elementos fundamentais nas transações comerciais.

Consolidação de Alianças Estratégicas no Mundo Árabe

A missão ao Marrocos e Egito transcende os objetivos comerciais imediatos, representando um componente crucial na estratégia brasileira de consolidar alianças duradouras com países-chave do mundo árabe. Esta abordagem de longo prazo combina três elementos essenciais: relações diplomáticas sólidas, cooperação técnica estruturada e presença comercial qualificada.

O Brasil demonstra compreender que sua contribuição para a segurança alimentar global, especialmente em regiões como o norte da África, não se limita ao fornecimento de produtos agropecuários, mas inclui também a transferência de conhecimentos e tecnologias que podem ajudar os países parceiros a desenvolverem suas próprias capacidades produtivas.

A continuidade das iniciativas diplomáticas e comerciais, evidenciada pela sequência de missões e acordos firmados ao longo dos anos, revela uma política de Estado consistente para o fortalecimento das relações com o mundo árabe, que transcende mandatos governamentais específicos e estabelece bases sólidas para o futuro.

O reconhecimento do sistema brasileiro de defesa agropecuária através de acordos como o de Equivalência com o Egito representa um capital diplomático e comercial valioso, construído ao longo de anos de trabalho técnico e negociações, que pode ser aproveitado para expandir ainda mais a presença brasileira na região.

Perspectivas Futuras das Relações Comerciais Brasil-Norte da África

Analisando os resultados da missão e o contexto mais amplo das relações entre Brasil e os países do norte da África, é possível identificar perspectivas promissoras para o futuro. As tratativas para implementação da certificação eletrônica com o Egito e para novas aberturas de mercado indicam que há um horizonte de oportunidades ainda inexploradas.

A consolidação do Egito como principal destino africano do agronegócio brasileiro sinaliza a possibilidade de utilizar esta posição como plataforma para expansão para outros mercados da região. Similarmente, os avanços com o Marrocos podem servir como referência para negociações com outros países do norte da África.

O aprofundamento da cooperação técnica, além de seu valor intrínseco para as relações bilaterais, tem o potencial de criar um ambiente mais favorável para as exportações brasileiras ao familiarizar os parceiros com os sistemas e métodos brasileiros de produção agropecuária e controle sanitário.

A crescente demanda por segurança alimentar em uma região que enfrenta desafios significativos nesta área, combinada com a capacidade produtiva brasileira, cria um cenário de complementaridade que tende a fortalecer ainda mais os laços comerciais nos próximos anos.

Conclusão

A missão brasileira ao Marrocos e Egito representa um marco significativo na estratégia de inserção internacional do agronegócio brasileiro, com foco especial nos mercados do norte da África. Os resultados obtidos – desde a abertura de mercado para miúdos bovinos no Marrocos até o reconhecimento do crescimento expressivo das exportações para o Egito – demonstram que esta estratégia está produzindo resultados tangíveis.

Para além dos ganhos comerciais imediatos, a missão reforça a posição brasileira como parceiro confiável para a segurança alimentar global, especialmente em regiões onde este tema é particularmente sensível. A abordagem que combina relacionamentos diplomáticos, cooperação técnica e promoção comercial estabelece bases sólidas para um relacionamento duradouro e mutuamente benéfico.

No contexto específico do mercado Halal, os avanços obtidos adicionam mais um capítulo importante na consolidação do Brasil como fornecedor global de referência, demonstrando capacidade não apenas de produzir em conformidade com as exigências religiosas, mas também de estabelecer os laços de confiança essenciais para este segmento.

A continuidade e o aprofundamento destas relações dependerão da manutenção dos esforços coordenados entre governo e setor privado, da capacidade brasileira de atender às demandas crescentes por sustentabilidade e rastreabilidade, e do entendimento estratégico de que os mercados do norte da África representam não apenas oportunidades comerciais, mas também alianças geopolíticas relevantes para o posicionamento global brasileiro.

Referências

  1. Brasil reforça laços comerciais com Marrocos e Egito e amplia agenda agropecuária no norte da África. Ministério da Agricultura e Pecuária
  2. Brasil reforça laços com Marrocos e Egito e amplia agenda agropecuária no norte da África. Agência Gov – EBC
  3. Marrocos amplia relações comerciais com o Brasil após missão do Mapa. Diplomacia Business
  4. Embratur reforça laços e busca mais turistas do mundo árabe durante fórum econômico Brasil e países árabes. Embratur

Secretária de Comércio filipina Cristina Roque reunida com representantes da JAKIM, com bandeiras das Filipinas e DTI ao fundo.

JAKIM da Malásia Planeja Estabelecer Certificadora Halal de Classe Mundial nas Filipinas

O Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia, conhecido como JAKIM, anunciou recentemente planos para estabelecer um organismo de certificação Halal – Halal Certification Body (HCB) – de classe mundial nas Filipinas. Esta iniciativa, confirmada pela Secretária de Comércio filipina Cristina Roque, representa um avanço significativo para a indústria Halal do país, com potencial para gerar benefícios econômicos substanciais. A colaboração pretende elevar os padrões de certificação nas Filipinas, facilitar o acesso a mercados internacionais para produtos filipinos e fortalecer os laços comerciais entre as duas nações. Com um valor projetado de 230 bilhões de pesos filipinos – R$ 23,57 Bilhões – em comércio e investimentos e a criação de 120.000 empregos até 2028, esta parceria estratégica promete transformar as Filipinas em um importante hub Halal na região Ásia-Pacífico.

Anúncio da Colaboração Estratégica entre JAKIM e Filipinas

A notícia sobre a potencial expansão da JAKIM para as Filipinas foi divulgada pela Secretária de Comércio Cristina Roque, que revelou ter se reunido com representantes da agência malaia para discutir esta promissora colaboração. Em uma publicação no Facebook, Roque destacou a importância desta parceria para o fortalecimento da presença filipina na economia Halal global. A JAKIM, reconhecida mundialmente como uma autoridade líder em certificação Halal, traria sua expertise para o mercado filipino, estabelecendo uma entidade certificadora que atenderia aos mais elevados padrões internacionais. O Departamento de Comércio e Indústria (DTI) das Filipinas confirmou que qualquer órgão certificador estabelecido com a participação da JAKIM seguiria normas globais reconhecidas, como parte do mandato de um HCB no país.

A colaboração ainda se encontra em fase exploratória, mas demonstra o interesse mútuo em desenvolver um sistema robusto de certificação Halal nas Filipinas. A iniciativa representa não apenas uma oportunidade para elevar os padrões de certificação do país, mas também para fortalecer as relações diplomáticas e comerciais entre as Filipinas e a Malásia. Embora as discussões estejam em estágio inicial, a secretária Roque estabeleceu metas ambiciosas, desafiando a agência malaia a concretizar sua aspiração de se tornar um órgão certificador Halal no país dentro deste ano. Esta urgência reflete o compromisso do governo filipino em capitalizar rapidamente as oportunidades apresentadas pelo mercado Halal global.

O Papel da JAKIM e a Importância da Certificação Halal Global

A JAKIM é amplamente reconhecida como uma referência global em certificação Halal, estabelecendo normas rigorosas que são aceitas em numerosos países ao redor do mundo. Estabelecida sob o Departamento do Primeiro Ministro da Malásia, a JAKIM desenvolveu um sistema de certificação abrangente e respeitado, fundamentado em princípios islâmicos sólidos e processos transparentes. Sua expertise vai além da simples emissão de certificados, abrangendo pesquisa, treinamento e desenvolvimento de normas Halal, fatores que moldaram significativamente o panorama Halal global e conferem grande valor à sua marca de certificação. O selo de aprovação da JAKIM é altamente valorizado tanto por consumidores quanto por empresas, servindo como garantia confiável de conformidade com os requisitos islâmicos.

A certificação Halal desempenha um papel crucial no mercado global, assegurando que produtos e serviços atendam às exigências da lei islâmica. Para produtos alimentícios, isso envolve verificar a origem dos ingredientes, os métodos de processamento e manipulação, além de garantir a ausência de substâncias não-Halal como carne suína e álcool. No caso de itens não alimentícios, como cosméticos e produtos farmacêuticos, a certificação examina os ingredientes e processos de fabricação para confirmar que estão livres de substâncias haram (proibidas). Um sistema de certificação Halal confiável e credível é essencial para construir a confiança do consumidor, garantir acesso a mercados internacionais, estabelecer padrões de qualidade consistentes e prevenir fraudes e rotulagem incorreta de produtos.

O mercado Halal global não está mais restrito apenas a produtos alimentícios, tendo evoluído para um ecossistema diversificado que abrange uma ampla gama de bens e serviços que aderem aos princípios islâmicos. Isto inclui finanças Halal, turismo, moda, cosméticos, produtos farmacêuticos e até mesmo mídia e entretenimento. O crescimento deste mercado é impulsionado por vários fatores, incluindo o aumento da população muçulmana global, a crescente conscientização e demanda por produtos éticos e compatíveis com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança, mesmo entre consumidores não-muçulmanos.

Benefícios Potenciais para Empresas Filipinas e a Economia Nacional

O estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial nas Filipinas, potencialmente com a orientação da JAKIM, traz uma multiplicidade de vantagens para as empresas locais. Setores como alimentos e bebidas, naturalmente adequados para conformidade Halal, têm muito a ganhar. Além dos alimentos, as indústrias farmacêutica e cosmética, que cada vez mais reconhecem a demanda por produtos certificados Halal, também poderiam experimentar um impulso significativo. Um sistema de certificação credível e internacionalmente reconhecido pode abrir portas para mercados de exportação lucrativos, permitindo que empresas filipinas aproveitem o crescente apetite global por bens Halal.

A secretária Roque enfatizou que o envolvimento de uma agência estrangeira como a JAKIM seria instrumental não apenas para fornecer certificação, mas também treinamento crucial e acesso vital ao mercado para empresas filipinas. Navegar pelas complexidades das normas Halal internacionais e compreender os requisitos dos diferentes países importadores pode ser um obstáculo significativo para produtores locais. A experiência e reputação global da JAKIM poderiam fornecer orientação inestimável, simplificando o processo e construindo confiança entre compradores internacionais. Este acesso aprimorado ao mercado, associado à certificação rigorosa, deve melhorar significativamente a competitividade geral das Filipinas na arena Halal global.

Além dos benefícios diretos para empresas individuais, a colaboração com a JAKIM pode ter impactos econômicos mais amplos para as Filipinas. O aumento das exportações de produtos Halal pode melhorar a balança comercial do país, enquanto o desenvolvimento de uma indústria Halal robusta pode criar empregos e oportunidades de empreendedorismo. A localização estratégica das Filipinas no Sudeste Asiático, combinada com sua base de recursos naturais abundantes, a posiciona bem para servir tanto mercados Halal regionais quanto internacionais. A crescente população muçulmana do país também fornece uma base de consumo incorporada e uma fonte de talentos para a indústria Halal.

O Cenário Atual da Certificação Halal nas Filipinas

As Filipinas possuem uma significativa população muçulmana, principalmente concentrada nas regiões sul de Mindanao, criando uma base natural para o desenvolvimento da indústria Halal no país. Atualmente, existem doze órgãos de certificação Halal acreditados nas Filipinas, de acordo com o site da Comissão Nacional de Filipinos Muçulmanos (NCMF). Estes órgãos desempenham um papel vital na análise de produtos alimentícios e não alimentícios para garantir sua conformidade com a Lei Sharia, tornando-os permissíveis para consumo ou uso por muçulmanos. Enquanto esses órgãos certificadores locais cumprem uma função importante, a colaboração com uma entidade globalmente reconhecida como a JAKIM poderia elevar todo o ecossistema de certificação Halal nas Filipinas, introduzindo melhores práticas internacionais e potencialmente simplificando processos.

O desenvolvimento de um sistema de certificação Halal robusto está alinhado com o crescente foco do governo filipino no desenvolvimento do setor Halal. A presença de múltiplos órgãos certificadores indica uma infraestrutura básica, mas há uma clara oportunidade para melhorar a padronização, o reconhecimento e a capacidade geral do sistema de certificação Halal filipino. A colaboração com a JAKIM poderia ajudar a resolver desafios comuns enfrentados por empresas locais que buscam certificação Halal, incluindo falta de familiaridade com requisitos internacionais, processos longos e burocráticos, e os custos associados à obtenção e manutenção da certificação.

A Comissão Nacional de Filipinos Muçulmanos (NCMF) é a agência governamental mandatada para promover e desenvolver a indústria Halal filipina, estabelecida pela República Act No. 9997. O NCMF trabalha para apoiar o crescimento do setor Halal e garantir que os processos de certificação atendam aos padrões internacionais. Uma parceria com a JAKIM poderia complementar esses esforços, trazendo expertise adicional e reforçando a credibilidade do sistema de certificação Halal filipino. Isso poderia beneficiar não apenas produtores, mas também consumidores, fornecendo maior garantia de autenticidade e qualidade dos produtos Halal disponíveis no mercado filipino.

O Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal Filipina 2023-2028

No ano passado, o Departamento de Comércio e Indústria (DTI) das Filipinas lançou o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal Filipina, abrangendo o período de 2023 a 2028. Este ambicioso plano delineia um roteiro claro para transformar as Filipinas em um hub Halal de destaque na região Ásia-Pacífico. As metas estabelecidas no plano são substanciais, visando um potencial de 230 bilhões de pesos filipinos em comércio e investimentos e a criação de 120.000 empregos até o final do mandato do presidente Marcos em 2028. A potencial parceria com a JAKIM e o estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial são componentes cruciais para alcançar esses objetivos ambiciosos.

A secretária Roque enfatizou a importância de aproveitar o forte apoio atual do governo à indústria Halal, encorajando investidores como a JAKIM a capitalizar o suporte fornecido pelo presidente Ferdinand “Bongbong” Marcos Jr. “Ele tem 3 anos restantes e devemos aproveitar o apoio que ele está dando”, acrescentou ela, referindo-se ao mandato de Marcos que terminará em 2028. Este senso de urgência ressalta o compromisso do governo em fazer avanços significativos no desenvolvimento do setor Halal nos próximos anos. Com parcerias públicas e privadas, a secretária expressou confiança de que o suporte necessário para o florescimento do setor Halal poderia ser assegurado.

O plano estratégico não aborda apenas a certificação, mas adota uma abordagem holística para desenvolver a indústria Halal nas Filipinas. Isto inclui fortalecer a infraestrutura para produção Halal, facilitar o acesso a financiamento para empresas do setor Halal, desenvolver recursos humanos com conhecimento e habilidades em práticas Halal, e promover produtos filipinos Halal em mercados internacionais. A secretária Roque está advogando pelo envolvimento potencial da JAKIM não apenas na certificação, mas também no auxílio ao marketing de produtos Halal locais. O objetivo é que a certificação Halal de um órgão respeitável tenha um “efeito multiplicador”, impulsionando não apenas exportações, mas também atraindo investimentos e criando oportunidades de emprego nas Filipinas.

Implicações para o Mercado Halal Global e Regional

A potencial colaboração entre as Filipinas e a JAKIM para estabelecer um órgão certificador Halal de classe mundial tem implicações significativas para o mercado Halal regional e global. O Sudeste Asiático, com suas grandes populações muçulmanas em países como Indonésia, Malásia e Brunei, representa um mercado-chave para produtos Halal. As Filipinas, com sua localização estratégica e recursos naturais abundantes, têm o potencial de se tornar um importante centro de produção e distribuição Halal na região. A adoção de normas de certificação de classe mundial, alinhadas com as práticas da JAKIM, pode facilitar o comércio intra-regional de produtos Halal e fortalecer a posição das Filipinas dentro da cadeia de suprimentos Halal regional.

O mercado Halal global é avaliado em trilhões de dólares americanos e está projetado para um crescimento robusto contínuo nos próximos anos. Estima-se que a economia Halal global esteja crescendo a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 7,5%, podendo atingir US$ 2,8 trilhões até 2025. Este crescimento é impulsionado pelo aumento da população muçulmana global, maior consciência e demanda por produtos éticos e em conformidade com a Sharia, e o reconhecimento das normas Halal como marca de qualidade e segurança. Para as Filipinas, este mercado em expansão representa uma oportunidade econômica significativa, que pode ser melhor aproveitada através de um sistema de certificação Halal credível e internacionalmente reconhecido.

A parceria com a JAKIM também poderia ter implicações políticas e diplomáticas mais amplas, fortalecendo os laços entre as Filipinas e a Malásia e potencialmente abrindo portas para maior cooperação em outras áreas econômicas. A Malásia tem sido um líder no desenvolvimento da economia Halal global, e sua disposição em compartilhar expertise com as Filipinas indica um espírito de colaboração regional. Esta parceria poderia servir como um modelo para futuras iniciativas de cooperação na região ASEAN, promovendo a integração econômica e o desenvolvimento mútuo. Em um nível mais amplo, poderia contribuir para o posicionamento da ASEAN como um centro global para produtos e serviços Halal.

Conclusão: Uma Nova Era para a Indústria Halal Filipina

A potencial colaboração entre as Filipinas e a JAKIM para estabelecer um órgão certificador Halal de classe mundial representa um passo significativo no desenvolvimento da indústria Halal do país. Esta parceria estratégica promete trazer múltiplos benefícios, incluindo maior acesso a mercados globais para produtos filipinos, processos de certificação aprimorados, transferência de conhecimento e expertise, e fortalecimento dos laços comerciais com a Malásia. Para empresas filipinas nos setores de alimentos, farmacêuticos e cosméticos, isto representa uma oportunidade de acessar o lucrativo mercado Halal global, que está projetado para crescimento contínuo nos próximos anos.

O compromisso do governo filipino com o desenvolvimento do setor Halal é evidente em seu Plano Estratégico de Desenvolvimento da Indústria Halal e no apoio ativo do presidente Marcos à indústria. A parceria com a JAKIM complementa estes esforços, trazendo credibilidade internacional e expertise para o sistema de certificação Halal do país. Embora a colaboração ainda esteja em fase exploratória, o senso de urgência expresso pela secretária Roque reflete a importância estratégica desta iniciativa e a determinação em fazer avanços significativos dentro do prazo relativamente curto do atual mandato presidencial.

À medida que a economia global Halal continua a expandir, as Filipinas estão bem posicionadas para capitalizar esta oportunidade, com sua localização estratégica, recursos naturais abundantes e significativa população muçulmana. O estabelecimento de um órgão certificador Halal de classe mundial, potencialmente com a orientação da JAKIM, pode ser um catalisador para transformar as Filipinas em um hub Halal de destaque na região Ásia-Pacífico. Se bem-sucedida, esta iniciativa não apenas gerará benefícios econômicos substanciais em termos de comércio, investimento e criação de empregos, mas também elevará o perfil das Filipinas no cenário Halal global, abrindo novas avenidas para crescimento e desenvolvimento.

Referências

  1. Malaysia-accredited Halal certifying body expected to start operating
  2. Malaysia’s JAKIM eyes setting up world-class Halal certifier in Philippines
  3. Halal compliance behaviors of food and accommodation businesses in the Zamboanga Peninsula, Philippines
  4. Transforming Halal Training Through Gamification and Immersive Technology to Empower Talents
  5. DTI urges Malaysia’s JAKIM to establish Halal certification in PH
  6. Halal industry roundup: Kumamoto firm expands exports to Muslim countries
A Indústria de Alimentos Halal no Canadá: Crescimento, Desafios e Oportunidades

A Indústria de Alimentos Halal no Canadá: Crescimento, Desafios e Oportunidades

A indústria global de alimentos Halal está em constante ascensão, com estimativas atuais avaliando o mercado em aproximadamente 3,3 trilhões de dólares. Projeções indicam que este setor deve alcançar 5,96 trilhões de dólares até 2033, refletindo uma taxa composta de crescimento anual de 9,33% no período entre 2025 e 2033. O Canadá emerge como um importante participante neste mercado, impulsionado por uma população muçulmana em crescimento e por um interesse crescente entre consumidores não-muçulmanos que buscam alternativas alimentares éticas. No entanto, apesar deste potencial promissor, a indústria enfrenta desafios significativos, principalmente relacionados à fragmentação do sistema de certificação Halal no país, criando um cenário complexo para produtores, varejistas e consumidores.

O Mercado Halal em Crescimento no Canadá

O setor de alimentos Halal no Canadá representa um mercado substancial, fortemente vinculado ao influxo de imigrantes que o país recebe anualmente. Segundo dados do governo canadense, o país acolhe aproximadamente meio milhão de novos imigrantes a cada ano, sendo que uma porcentagem significativa destes novos residentes consome produtos Halal, gerando um gasto anual superior a 1 bilhão de dólares. De acordo com estimativas do The Globe and Mail, apenas o setor de carne Halal canadense deverá atingir 300 milhões de dólares até 2031, crescendo a uma taxa anual entre 10% e 15%. Analistas projetam que o mercado canadense de alimentos e bebidas Halal—já avaliado entre 1 bilhão e 2,6 bilhões de dólares, dependendo da previsão—deverá crescer a taxas de dois dígitos nos próximos anos.

Este crescimento local reflete tendências globais mais amplas. Segundo dados da Statista (2021), o gasto global dos consumidores muçulmanos com alimentos foi de aproximadamente 1,3 trilhão de dólares em 2021, com projeção de alcançar quase 1,7 trilhão de dólares até 2025, indicando que a demanda por produtos Halal se estende muito além das regiões de maioria muçulmana. A posição do Canadá no comércio global de carne, que forma a espinha dorsal de seu mercado Halal interno, é particularmente relevante neste contexto.

Demografia e Demanda por Produtos Halal

A população muçulmana do Canadá representa um elemento crucial para a expansão do mercado Halal. Nas últimas duas décadas, esta população praticamente dobrou e continua em trajetória ascendente. Segundo a Statistics Canada, até 2021, os muçulmanos constituíam quase 5% da população total do país, um número significativo que justifica o crescente interesse das empresas em oferecer produtos Halal. Este crescimento demográfico, combinado com o aumento da renda disponível e a globalização crescente, impulsiona a demanda por uma gama cada vez mais diversificada de produtos Halal.

Um aspecto interessante deste mercado é o interesse crescente entre consumidores não-muçulmanos, que frequentemente reconhecem a certificação Halal como um indicador adicional de qualidade alimentar. Como observa Salima Jivraj, diretora de contas e líder multicultural na Nourish Food Marketing, o crescimento no setor Halal não é impulsionado apenas pelo aumento populacional, mas também pelo interesse cada vez maior de canadenses não-muçulmanos. Este fenômeno amplia consideravelmente o potencial de mercado para produtos certificados Halal, transcendendo seu público-alvo tradicional.

O Desafio da Certificação Fragmentada

Apesar do otimismo do setor, a indústria Halal canadense enfrenta um dilema crítico: a ausência de um padrão nacional unificado de certificação. Atualmente, a Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (CFIA) exige que produtos rotulados como Halal sejam certificados, mas não regula os próprios certificadores. A supervisão atual depende de entidades independentes como o Conselho Islâmico de Alimentação e Nutrição do Canadá (IFANCC), a Autoridade de Monitoramento Halal (HMA) e o Grupo Consultivo Halal (HAG).

Omar Subedar, da HMA, enfatiza que sem um processo de certificação abrangente e uniforme, a confiança do consumidor pode ser comprometida. Para receber certificação Halal, os produtos devem passar por uma avaliação minuciosa por uma organização certificadora Halal credenciada. Isto envolve uma revisão detalhada de toda a cadeia de suprimentos e do processo de fabricação para garantir que nenhum elemento ou prática comprometa a integridade Halal através de contaminação cruzada.

As nuances vão além dos protocolos de abate; contaminação cruzada, alimentação permitida para frutos do mar de criação e inclusão de ingredientes não-Halal, como gelatina à base de porco, podem invalidar o status Halal de um produto se não forem cuidadosamente gerenciados. Em 2004, Subedar e outros membros do Conselho Canadense de Teólogos Muçulmanos corroboraram isso ao realizar uma avaliação abrangente do setor de carne Halal, afirmando que cerca de 90% da carne disponível para os consumidores não adere realmente aos requisitos Halal.

Distribuição Regional e Principais Marcas

A distribuição geográfica da indústria Halal no Canadá apresenta padrões distintos, com Ontário e Quebec tradicionalmente liderando o cenário alimentar Halal no país. Estas províncias abrigam comunidades muçulmanas significativas que sustentam um robusto ecossistema de varejistas, restaurantes e mercearias especializadas com certificação Halal. No entanto, províncias como Alberta e Colúmbia Britânica estão rapidamente se equiparando, impulsionadas por níveis mais altos de imigração e crescente curiosidade dos consumidores por alimentos especializados.

O mercado canadense de alimentos Halal é representado por diversas marcas líderes que demonstram o interesse crescente neste segmento. Empresas como Mina Halal Foods, Zabiha Halal (Maple Lodge Farms), Sufra Halal, Iqbal Food Inc., Solmaz, Crescent e Sargent Farms têm estabelecido uma presença significativa no mercado. Além disso, o advento de plataformas de comércio eletrônico e serviços de entrega como Uber Eats e Instacart tem aumentado o alcance e a escala dos itens Halal, facilitando o acesso a estes produtos para uma base de consumidores mais ampla.

Grandes Cadeias e a Adoção do Halal

O potencial do setor alimentar Halal tem levado grandes marcas a entrar neste mercado, com resultados variados. Um caso particular que exemplifica essa tendência ocorreu em maio de 2023, quando o Kentucky Fried Chicken (KFC) Canadá se viu no centro de uma polêmica nas redes sociais após relatos sugerirem que certas localizações em Ontário poderiam mudar para servir apenas frango Halal. Esta decisão provocou acusações de “privilegiar uma minoria” e gerou debate público sobre inclusividade e preferências alimentares.

Mais recentemente, em 2024, o KFC Canadá anunciou que estava servindo carne Halal em todas as suas lojas de Ontário (exceto Thunder Bay e Ottawa), uma mudança que passou relativamente despercebida por muitos consumidores. A empresa também decidiu descontinuar produtos de porco em todos os locais, exceto aqueles co-marcados com o Taco Bell, como parte de sua iniciativa para oferecer opções de menu mais inclusivas. Esta decisão gerou reações mistas, com alguns consumidores apoiando a mudança por permitir que “mais pessoas jantem confortavelmente no KFC”, enquanto outros a criticaram como “totalmente inaceitável”.

Outras grandes marcas como Popeyes, Mary Brown, Boston Pizza e Osmow’s também introduziram itens Halal em estabelecimentos selecionados. No entanto, estas empresas nem sempre divulgam todas as medidas tomadas para prevenir a contaminação cruzada, frequentemente gerando ceticismo entre consumidores observantes. No nível do consumidor, a pressão por ofertas Halal autênticas está se manifestando em percepções mutáveis das marcas, ceticismo mais profundo em relação a alegações incompletas e renovados apelos por uma estrutura regulatória mais credível.

Inovação e Perspectivas Futuras

O futuro da indústria de alimentos Halal no Canadá parece promissor, com líderes do setor mantendo-se otimistas apesar dos desafios. Impulsionado por uma geração mais jovem de muçulmanos que buscam alimentos Halal convenientes e prontos para consumo que se adequem a estilos de vida modernos, a Agriculture and Agri-Food Canada projeta que o setor canadense de alimentos Halal está preparado para empreendedorismo e inovação.

Uma área promissora de inovação envolve o uso de tecnologia de blockchain para aprimorar a rastreabilidade dos alimentos Halal. Segundo Sayarun Nessa, Diretora da Halal Commerce Canada Inc., investimentos em soluções blockchain e Internet das Coisas (IoT) podem otimizar a cadeia de suprimentos Halal. “Sem um sistema confiável para rastrear um produto Halal do campo à mesa, a confusão persistirá”, afirma ela, destacando o potencial da transparência impulsionada pela tecnologia para abordar fraudes e unificar protocolos.

A aplicação de blockchain pode ser um divisor de águas para a rastreabilidade de produtos alimentares Halal, embora mal-entendidos em torno da tecnologia, estudos de caso limitados e falta de endosso regulatório permaneçam como obstáculos significativos. A tecnologia blockchain pode verificar toda a jornada de um produto, do campo à mesa, reduzindo o risco de fraude na certificação Halal e ajudando fabricantes de alimentos e varejistas a evitar recalls dispendiosos de produtos.

Considerações Culturais e Religiosas

A expansão do mercado Halal no Canadá também suscita questões culturais e religiosas importantes. Por exemplo, membros da comunidade Sikh têm manifestado preocupações com a disseminação de carne Halal, pois sua religião proíbe o consumo de carne ritualística. Segundo relatos de comunidades Sikh, tanto a carne Halal quanto a kosher utilizam processos nos quais o animal morre sob grande dor ao ter seu pescoço lentamente cortado e sendo deixado para morrer enquanto todo o sangue é drenado.

Essa diversidade de perspectivas religiosas sobre práticas alimentares ilustra a complexidade de se criar um sistema alimentar que respeite todas as tradições religiosas em uma sociedade multicultural como o Canadá. Enquanto algumas comunidades celebram a maior disponibilidade de opções Halal, outras podem se sentir excluídas ou preocupadas com a redução de alternativas que atendam às suas próprias necessidades dietéticas baseadas em fé.

Além disso, existem debates sobre o bem-estar animal relacionados aos métodos de abate Halal. Enquanto muçulmanos afirmam que o processo é humanitário quando realizado corretamente, críticos argumentam que o abate sem atordoamento prévio irreversível pode causar sofrimento desnecessário ao animal. Estas preocupações com o bem-estar animal acrescentam outra dimensão ao debate sobre a expansão do mercado Halal no Canadá.

Conclusão

A indústria de alimentos Halal no Canadá representa um setor vibrante e em rápido crescimento, impulsionado por uma demografia muçulmana em expansão e um interesse crescente de consumidores não-muçulmanos. Com projeções de crescimento significativo nos próximos anos, o mercado oferece oportunidades substanciais para empresas canadenses expandirem sua presença tanto no mercado interno quanto em exportações para países de maioria muçulmana.

No entanto, para realizar plenamente este potencial, o setor precisa superar desafios significativos, principalmente a fragmentação do sistema de certificação. A implementação de normas mais consistentes, potencialmente apoiadas por tecnologias inovadoras como blockchain, poderia aumentar a confiança do consumidor e facilitar o comércio internacional. À medida que a indústria evolui, também deverá considerar e respeitar as diversas perspectivas religiosas e culturais que existem em relação aos alimentos Halal no mosaico multicultural canadense.

O futuro da indústria Halal no Canadá dependerá da capacidade dos diversos participantes – certificadores, órgãos governamentais, produtores e varejistas – de colaborarem efetivamente para criar um sistema que seja transparente, confiável e respeitoso da diversidade de perspectivas que existem dentro da sociedade canadense. Com o crescimento contínuo da demanda global por produtos Halal, o Canadá está bem posicionado para se tornar um importante centro global para a produção e distribuição de alimentos Halal, desde que aborde proativamente os desafios existentes.

Referências

  1. The State of Halal Food Industry in Canada – Salaam Gateway
  2. Halal meat is big business both within and beyond Muslim communities – CBC
  3. Insights | Salaam Gateway – Global Islamic Economy
AGROINSIGHT Vol 3 Origem Animal

Relatório AGRO INSIGHT: Oportunidades Globais para Produtos de Origem Animal Brasileiros

O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT, produzido pelos adidos agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, apresenta uma abrangente análise de mercados internacionais para produtos de origem animal. Este documento estratégico mapeia oportunidades, tendências e desafios em diversos países, fornecendo informações valiosas para exportadores brasileiros que buscam diversificar seus mercados-alvo e compreender as particularidades regulatórias de cada região.

Panorama Global da Demanda por Proteína Animal

O mapeamento apresentado no relatório evidencia um cenário global de crescente demanda por proteína animal, especialmente em mercados emergentes e economistas em desenvolvimento. Este fenômeno é impulsionado principalmente pela urbanização acelerada, aumento da renda média da população e transformações nas preferências alimentares, que têm favorecido o consumo de carnes, laticínios e outros produtos de origem animal.

Na África do Sul, por exemplo, o mercado de alimentos para animais de companhia foi estimado em aproximadamente US$ 450 milhões anuais em 2022, com crescimento médio de 5% ao ano na última década. Este crescimento está diretamente relacionado à urbanização e ao desenvolvimento social, resultando em aumento na população de animais de companhia. As exportações brasileiras para este mercado cresceram 40% em 2024, atingindo US$ 3,7 milhões, demonstrando o potencial de expansão para produtos brasileiros.

Em Bangladesh, o setor de produção de proteína animal apresenta crescimento contínuo, impulsionado pelo desenvolvimento econômico e melhores condições de consumo para a população. A indústria de rações do país conta com mais de 200 empresas que produzem cerca de 8 milhões de toneladas anualmente, com forte dependência de importações, o que representa oportunidade significativa para exportadores brasileiros de farinhas e gorduras de origem animal.

Mercados Estratégicos e Oportunidades Regionais

Oriente Médio e Ásia

A Arábia Saudita configura-se como um dos principais mercados para carne de aves brasileira. Em 2023, o país importou US$ 1,3 bilhão em carne de aves, com o Brasil liderando as exportações com 67% de participação no mercado. Apesar da queda de 26% em relação a 2022, o Brasil manteve sua posição de destaque, seguido pela Ucrânia (12%), França (10%) e Rússia (9%). É importante observar que o Reino Saudita busca aumentar sua autossuficiência em produção de carne de frango para 80% até 2025, mas continuará dependendo de importações, especialmente de cortes de frango, representando oportunidade contínua para exportadores brasileiros.

Na China, o relatório destaca o comércio eletrônico como ferramenta estratégica para posicionamento de produtos brasileiros. O mercado chinês de e-commerce de alimentos foi avaliado em US$ 150 bilhões em 2023, com previsão de crescimento anual de 10-15% até 2025. Plataformas como JD.com, Tmall, Pinduoduo e Freshippo oferecem oportunidades únicas para alcançar o mercado consumidor chinês, possibilitando a construção de marcas e adaptação às preferências locais.

Europa e América do Norte

Na Alemanha, o mercado de ovos apresenta dinâmica interessante. O país é o quinto maior em receita no mercado de ovos global, com faturamento estimado em 4,7 bilhões de dólares em 2024. Apesar das mudanças regulatórias significativas, como a proibição de gaiolas convencionais e do abate de pintinhos, o consumo de ovos continua crescendo, atingindo 236 unidades per capita em 2023. Com uma taxa de autossuficiência de aproximadamente 70%, a Alemanha depende de importações para suprir sua demanda interna, criando oportunidades para fornecedores internacionais que atendam aos requisitos regulatórios da União Europeia.

No Canadá, a recente elevação de tarifas de importação nos EUA criou oportunidades para produtos brasileiros como carne de frango, mel e camarões. A imposição de tarifas de 25% sobre produtos canadenses por parte dos EUA, seguida de retaliação semelhante do Canadá, aumentou a competitividade de produtos brasileiros no mercado canadense, especialmente em setores como carne de aves e mel, onde o Brasil já possui presença estabelecida.

América Latina

Na América Latina, o Chile apresenta-se como um mercado promissor para exportação de tilápia brasileira. Desde 2017, o país tem adotado políticas para ampliar o consumo de pescado, como o programa “Del Mar a Mi Mesa”, que visa elevar o consumo per capita de 13 kg para 20 kg até 2027. O consumo per capita já aumentou para 16,8 kg em 2024, demonstrando crescimento contínuo. A competitividade da tilápia brasileira no mercado chileno é significativa, com preços aproximadamente quatro vezes inferiores aos de espécies mais acessíveis no mercado local, representando uma alternativa viável para diversificação da dieta chilena.

África e Oceania

Na África, Angola representa um mercado potencial para alimentos destinados a animais de companhia. Em 2024, o país importou US$ 19,3 milhões em alimentos preparados para animais, sendo US$ 7,6 milhões destinados a alimentos para cães ou gatos. Atualmente, Portugal domina este mercado com 85% de participação, enquanto o Brasil aparece em segundo lugar com apenas 4%. Esta baixa participação indica potencial significativo para ampliação das exportações brasileiras.

Na Austrália, o mercado de produtos de reciclagem animal oferece oportunidades para exportadores brasileiros, especialmente em farinhas de peixe, gorduras de origem animal e produtos não destinados ao consumo humano. A Austrália importou US$ 1,468 bilhão destes produtos em 2024, com o Brasil já figurando como principal fornecedor de produtos de origem animal não destinados ao consumo humano, com 25% do total importado pelo país.

Desafios Regulatórios e Exigências de Mercado

O relatório identifica diversos desafios regulatórios que exportadores brasileiros precisam superar para acessar mercados internacionais. Na União Europeia, por exemplo, produtos como ovos e ovoprodutos devem atender a rigorosos requisitos sanitários, incluindo planos de controle de resíduos aprovados e habilitação de estabelecimentos exportadores. A partir de setembro de 2026, será obrigatório o cumprimento do Regulamento (UE) 2023/905, que restringe o uso de antimicrobianos.

Na Argélia, o mercado de leite e derivados está aberto para o Brasil, com Certificado Sanitário Internacional acordado há mais de 15 anos. Contudo, exigências como análises de isótopos radioativos no leite exportado têm desencorajado a exploração deste mercado, levando o Ministério da Agricultura e Pecuária a negociar com autoridades argelinas a revisão destes parâmetros.

Em mercados islâmicos como Arábia Saudita e Argélia, produtos de origem animal devem atender às especificações Halal no quesito de certificação e rotulagem. Este requisito representa um desafio adicional, mas também uma oportunidade para exportadores brasileiros que já possuem sistemas de certificação Halal estabelecidos.

Tendências de Consumo e Inovação no Setor

O relatório identifica diversas tendências de consumo que estão moldando o mercado global de produtos de origem animal. Na Alemanha, por exemplo, há crescente valorização de ovos provenientes de sistemas alternativos de criação, como criação ao ar livre e orgânica. Esta tendência reflete preocupações com bem-estar animal e sustentabilidade, que estão influenciando os hábitos de consumo em diversos mercados desenvolvidos.

Na China, a digitalização do comércio de alimentos representa uma transformação significativa, com plataformas de e-commerce facilitando o acesso a produtos importados e oferecendo novas possibilidades de marketing e distribuição. O uso de tecnologias como blockchain para rastreabilidade e inteligência artificial para personalização de ofertas está redefinindo a experiência de compra e ampliando o alcance de produtos importados.

Em mercados emergentes como Bangladesh, o crescimento econômico está impulsionando a demanda por proteína animal, criando oportunidades para exportadores de insumos para produção animal, como farinhas e gorduras. Este cenário reflete uma tendência global de aumento no consumo de proteína animal em economias em desenvolvimento, à medida que a renda média da população cresce.

Conclusão

O Volume 3 do relatório AGRO INSIGHT fornece uma visão abrangente das oportunidades globais para produtos de origem animal brasileiros, destacando mercados estratégicos, tendências de consumo e desafios regulatórios. As análises apresentadas pelos adidos agrícolas brasileiros em diversos países confirmam o potencial significativo para expansão das exportações brasileiras, especialmente em mercados emergentes e em desenvolvimento.

Para aproveitar estas oportunidades, exportadores brasileiros precisarão desenvolver estratégias específicas para cada mercado, considerando particularidades culturais, regulatórias e logísticas. A adequação às exigências sanitárias, a certificação Halal para mercados islâmicos, e a utilização de plataformas digitais para mercados como a China serão elementos-chave para o sucesso nestes mercados.

A diversificação de destinos de exportação e a adaptação às tendências globais de consumo, como bem-estar animal, sustentabilidade e digitalização, serão essenciais para garantir a competitividade dos produtos brasileiros no cenário internacional cada vez mais complexo e exigente.

Referências

Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. AGRO INSIGHT – Volume 3: Origem Animal. 2025. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/relacoes-internacionais/adidos-agricolas/seja-um-exportador/agroinsight/AGROINSIGHTS03ANIMAL.pdf

Muçulmanos realizando oração em praça de Londres

O Ramadã Impulsiona a Economia do Reino Unido em £1,3 Bilhão

O Impacto Econômico do Ramadã na Economia Britânica

O Ramadã, além de seu profundo significado espiritual para milhões de muçulmanos, emerge como um poderoso catalisador econômico no Reino Unido, gerando entre £800 milhões e £1,3 bilhão anualmente para a economia britânica. Este fenômeno, revelado por um estudo recente do think tank Equi, demonstra como o mês sagrado transcende seu caráter religioso para se tornar um período de intensa atividade econômica, impulsionando diversos setores e fortalecendo a coesão social. Com aproximadamente 2,6 milhões de muçulmanos britânicos adultos observando o jejum em todo o país, o Ramadã provoca transformações significativas nos padrões de consumo, nas tendências de varejo e nas doações beneficentes, consolidando-se como uma força econômica que merece atenção tanto do setor privado quanto dos formuladores de políticas públicas.

A Dimensão Econômica do Ramadã no Reino Unido

O relatório elaborado pelo Dr. Mamnun Khan identifica quatro pilares fundamentais que sustentam a economia do Ramadã: gastos no varejo, investimentos em marketing, aprimoramentos na cadeia de valor dos negócios e contribuições caritativas. O impacto econômico do Ramadã manifesta-se através de múltiplas atividades, incluindo compras no varejo, doações beneficentes, vendas em supermercados, compras para o Eid, voluntariado e outras iniciativas que, em conjunto, não apenas impulsionam o crescimento econômico, mas também fortalecem o tecido social britânico. Esse fenômeno representa um exemplo impressionante de como práticas religiosas podem transcender a esfera espiritual para gerar consequências econômicas tangíveis e mensuráveis.

A magnitude desse impacto torna-se ainda mais evidente quando comparada com outros setores da economia britânica. Com valores estimados entre £800 milhões e £1,3 bilhão, a economia do Ramadã pode agora superar indústrias tradicionais como a de pesca marítima do Reino Unido, que gerou aproximadamente £1,1 bilhão em 2023. Mais impressionante ainda é observar que a taxa de crescimento da economia do Ramadã provavelmente supera o crescimento geral da economia britânica, que registrou apenas 0,1% no último trimestre de 2024 e um total de 1,1% ao longo do ano, segundo dados do Escritório de Responsabilidade Orçamentária.

Transformações nos Padrões de Consumo Durante o Mês Sagrado

O Ramadã provoca uma transformação profunda nos hábitos de consumo da comunidade muçulmana britânica, o que, por sua vez, impacta significativamente o setor de varejo. Os consumidores muçulmanos gastam entre £428 milhões e £642 milhões em alimentos, vestuário, presentes e viagens durante este período. Apenas os supermercados registram vendas estimadas entre £228 milhões e £342 milhões, um aumento notável de duas a três vezes em comparação com a década anterior. Este crescimento extraordinário pode ser atribuído a três fatores principais: o aumento da população muçulmana no Reino Unido, a crescente mobilidade socioeconômica desta comunidade e a evolução das preferências de consumo entre os muçulmanos mais jovens.

O crescimento exponencial da economia do Ramadã contrasta nitidamente com a expansão mais modesta do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido, que cresceu aproximadamente 11,8% desde 2015, segundo pesquisas da Câmara dos Comuns. Esta disparidade evidencia o dinamismo e a importância crescente dos gastos relacionados ao Ramadã no contexto econômico britânico mais amplo, transformando o que antes era considerado um nicho de mercado em um momento de varejo significativo no calendário comercial do país.

Expansão do Mercado de Produtos Halal e Adaptação das Cadeias de Suprimentos

O Ramadã atua como um catalisador importante no estímulo aos supermercados para aumentarem seu estoque de produtos com certificação Halal, desde carnes e aves frescas até refeições prontas e lanches ao longo de todo o ano. Esta expansão exige que as cadeias de suprimentos se adaptem adequadamente, necessitando investimentos significativos por parte dos supermercados em abastecimento, logística e infraestrutura. Os supermercados e varejistas independentes de alimentos investem uma soma estimada entre £159 milhões e £274 milhões na cadeia de valor do Ramadã, demonstrando o reconhecimento crescente do poder de compra da comunidade muçulmana.

Grandes redes de supermercados e varejistas convencionais no Reino Unido têm aprimorado suas ofertas para o Ramadã ao longo da última década. Ao lado da extensa rede de 47.000 lojas de conveniência do país, esses varejistas geram entre £228 milhões e £342 milhões em vendas diretas durante o Ramadã, enquanto investem substancialmente em suas cadeias de suprimentos para atender às demandas específicas dos consumidores muçulmanos neste período. O relatório da Equi também destaca o impacto positivo do desenvolvimento de marcas mais “inclusivas” por alguns varejistas, que se tornam mais propensos a se beneficiar do substancial “poder de compra muçulmano” durante este período.

Vestuário, Presentes e Hospitalidade Durante o Ramadã e o Eid

Os gastos da comunidade muçulmana britânica se estendem muito além dos alimentos. Estima-se que os muçulmanos britânicos despendam entre £200 milhões e £300 milhões em roupas, presentes e viagens durante o Ramadã e o Eid (Celebração do fim do Ramadã), representando uma contribuição significativa para setores como o de moda e turismo. Varejistas de vestuário como H&M e Asos aderiram a esta tendência, lançando coleções de moda modesta especificamente para o Ramadã e o Eid em 2025, enquanto a IKEA introduziu sua primeira coleção de decoração temática para o Ramadã, GOKVÄLLÄ, apresentando peças de decoração e utensílios adaptados para o iftar (quebra de jejum).

Paralelamente, as mesquitas em toda a Grã-Bretanha cumprem um papel social e econômico vital durante o Ramadã, servindo refeições gratuitas para quebrar o jejum (iftar) cujo valor é estimado em £15 milhões durante o mês sagrado. Este aspecto da economia do Ramadã ilustra como as práticas religiosas podem gerar não apenas atividade econômica, mas também promover inclusão social e apoio comunitário. Em algumas regiões, como Bradford, os impactos econômicos são ainda mais pronunciados, com estimativas de que uma família média de cinco ou seis pessoas possa gastar mais de £3.000 ao longo de um fim de semana de Eid, incluindo £1.200 em roupas novas e até £500 em compras de alimentos.

Contribuições Caritativas e Impacto Social do Ramadã

O espírito de generosidade inerente ao mês sagrado direciona uma quantia estimada de £359 milhões para doações caritativas. Este aspecto da economia do Ramadã transcende o valor monetário, promovendo coesão social e solidariedade. O Business Secretary Jonathan Reynolds, em uma celebração especial de iftar, reconheceu o “notável aumento nas doações das comunidades muçulmanas a cada ano” durante o Ramadã, sinalizando uma crescente conscientização governamental sobre as significativas contribuições filantrópicas associadas ao mês sagrado.

Além do impacto económico direto, o Ramadã desempenha um papel crucial no fortalecimento do tecido social das comunidades britânicas. Eventos públicos, como iftars em larga escala, contribuem para aproximar pessoas, promovendo a inclusividade e o diálogo entre diversos contextos culturais. Esta dimensão social, embora difícil de quantificar em termos monetários, representa um valor substancial para a sociedade britânica como um todo, facilitando a integração e o entendimento intercultural.

O Potencial Inexplorado da Economia do Ramadã

O estudo enfatiza que a economia do Ramadã permanece uma área subexplorada na discussão de políticas, representando uma oportunidade não realizada para canalizar essas mudanças em cadeias de suprimentos locais fortalecidas, impulsionar pequenas empresas e incentivar hábitos de consumo mais sustentáveis. O Professor Javed Khan OBE, diretor administrativo da Equi, defende que o governo e as empresas ajudem a aproveitar os benefícios econômicos e sociais do mês sagrado, e que campanhas como “Compre Britânico” também incluam produtos Halal britânicos.

O relatório da Equi faz diversas recomendações importantes, instando o governo a reconhecer formalmente e integrar a economia do Ramadã em seu planejamento econômico, fornecer apoio direcionado para o crescimento de empresas muçulmanas britânicas e emitir orientações claras aos empregadores sobre as melhores práticas para apoiar seus funcionários muçulmanos durante o Ramadã. Estas recomendações sublinham o potencial para benefícios econômicos e sociais ainda maiores se os gastos relacionados ao Ramadã e as necessidades da comunidade muçulmana forem estrategicamente considerados dentro de estruturas nacionais mais amplas.

Sustentabilidade e Desafios Futuros

Apesar dos benefícios econômicos significativos, o Ramadã também apresenta desafios que precisam ser abordados para maximizar seu impacto positivo. As estatísticas sobre o desperdício de alimentos durante o período são alarmantes: o desperdício alimentar na Grã-Bretanha aumenta de uma média de 2,7 kg por pessoa para 4,5 kg por pessoa durante o Ramadã, com 66% dos muçulmanos britânicos descartando sobras de iftar no dia seguinte. Esta realidade contradiz os princípios islâmicos de gratidão (shukr) e o reconhecimento das bênçãos (barakah) concedidas ao mundo.

Felizmente, iniciativas sustentáveis estão ganhando força. A organização londrina Green Deen Tribe, por exemplo, realiza uma série de iftars em Londres centrados em três temas principais: redução de resíduos plásticos não reutilizáveis, diminuição do consumo de carne e redução do desperdício de alimentos. Estas iniciativas exemplificam como os princípios islâmicos podem ser harmonizados com práticas sustentáveis contemporâneas, oferecendo um modelo para a evolução futura da economia do Ramadã.

O Futuro da Economia do Ramadã no Reino Unido

A economia do Ramadã no Reino Unido representa uma força dinâmica e em crescimento, com potencial para expandir ainda mais sua influência nos próximos anos. Com o aumento da população muçulmana e o crescente reconhecimento do poder de compra desta comunidade, espera-se que mais empresas se adaptem para atender às necessidades específicas dos consumidores durante este período sagrado, criando novas oportunidades de mercado e inovação.

O crescimento desta economia também tem o potencial de influenciar positivamente as relações interculturais, à medida que práticas e tradições associadas ao Ramadã se tornam mais visíveis e integradas na sociedade britânica mais ampla. Ao mesmo tempo, o aumento da conscientização sobre questões de sustentabilidade e responsabilidade social dentro da comunidade muçulmana pode levar a uma evolução da economia do Ramadã em direção a práticas mais sustentáveis e eticamente conscientes.

Em um contexto econômico mais amplo, enquanto o Reino Unido enfrenta desafios de crescimento, a robusta economia do Ramadã oferece um exemplo inspirador de como tradições culturais e religiosas podem gerar valor econômico tangível, beneficiando não apenas as comunidades diretamente envolvidas, mas a sociedade como um todo. O reconhecimento e o apoio adequados a esta dimensão econômica podem transformar o Ramadã em um modelo de crescimento inclusivo que beneficia todos os setores da sociedade.

Referências

  1. Relatório: Ramadã contribui com £1,3 bilhão para a economia do Reino Unido – 5Pillars https://5pillarsuk.com/2025/03/28/report-ramadan-contributes-1-3-billion-to-uk-economy/
  2. Ramadã impulsiona a economia do Reino Unido em até £1,3 bilhão, revela relatório – Mustaqbal Media https://mustaqbalmedia.net/en/ramadan-boosts-uk-economy-by-up-to-1-3-billion-report-finds/
  3. Ramadã vale até £1,3 bilhões para a economia do Reino Unido — e cresce rapidamente – Hyphen Online https://hyphenonline.com/2025/03/31/ramadan-economy-growth-uk-1-3bn-equi/
  4. Gastos do Ramadã no Reino Unido aumentam para £1,3 bilhão anualmente – Halal Times https://www.halaltimes.com/uk-ramadan-spending-surges-to-1-3-billion-annually/
  5. Muçulmanos do Reino Unido combatem o desperdício de alimentos do Ramadã com iftars éticos – Muslim Climate Watch https://muslimclimatewatch.com/uk-muslims-ramadan-food-waste-ethical-iftars/
  6. Ramadã contribui com até £1,3 bilhão para a economia do Reino Unido – Shamsi Design https://www.shamsidesign.co.uk/blogs/ramadan-contributes-ps1-3-billion-to-uk-economy

vietnam-expansao-mercado-halal-2025

Vietnam Intensifica Reformas para Expandir sua Presença no Mercado Halal

O Vietnã está adotando medidas estratégicas para fortalecer sua inserção no mercado global Halal, avaliado em aproximadamente US$ 3 trilhões. Especialistas e autoridades locais têm destacado a necessidade de desenvolver um ecossistema robusto de produtos Halal, alinhado às normas internacionais de qualidade e certificação. Este movimento busca aproveitar o vasto potencial do país em matérias-primas e sua crescente relevância como destino turístico internacional.

Potencial Econômico e Recursos Naturais

Matérias-Primas para Produção Halal

O Vietnã possui uma rica diversidade de matérias-primas adequadas para a produção Halal, incluindo café, arroz, frutos do mar, produtos de aquicultura, especiarias, nozes, vegetais e frutas. Estes recursos oferecem uma base sólida para a fabricação de produtos certificados, especialmente em setores como alimentos e bebidas. Apesar disso, atualmente o país atende apenas 10% da demanda global por produtos Halal, evidenciando uma lacuna significativa que pode ser explorada por produtores locais.

Crescimento Econômico Sustentado

Com uma taxa média de crescimento do PIB entre 6% e 7% ao ano, o Vietnã apresenta um cenário econômico favorável para o desenvolvimento de produtos Halal. Além disso, sua posição como um dos principais destinos turísticos internacionais desde 2018 tem impulsionado os setores de hospitalidade e serviços alimentares, com aumento na demanda por restaurantes e serviços de catering Halal.

Desafios Estruturais e Certificação

Necessidade de Diretrizes Claras

Embora o país possua grande potencial no mercado Halal, desafios relacionados à certificação ainda persistem. Muitos mercados exigem certificação por terceiros reconhecidos internacionalmente, em vez de aceitar declarações diretas das empresas vietnamitas. Isso tem gerado barreiras comerciais que limitam o alcance dos produtos locais em mercados estratégicos como o Oriente Médio e a Europa.

Investimentos Estrangeiros

Autoridades vietnamitas têm incentivado investidores estrangeiros a estabelecerem instalações compatíveis com normas Halal no país. A recente assinatura do Acordo de Parceria Econômica Abrangente (CEPA) entre Vietnã e Emirados Árabes Unidos promete facilitar a exportação de produtos certificados para a região do Golfo, ampliando as oportunidades comerciais para empresas vietnamitas.

Estratégias para Expansão

Desenvolvimento de Marcas Fortes

A criação de marcas Halal reconhecidas globalmente é vista como uma prioridade estratégica para o Vietnã. Diversificar mercados-alvo e estabelecer redes promocionais claras são ações recomendadas por especialistas para aumentar a competitividade dos produtos vietnamitas no cenário internacional.

Reformas na Estrutura Legal

Melhorias na estrutura legal relacionada à certificação Halal estão sendo discutidas como forma de simplificar os procedimentos e aumentar a transparência no processo regulatório. Estas reformas são essenciais para atrair mais investimentos e consolidar o país como um importante player no mercado global Halal.

Perspectivas Futuras

Com reformas estruturais em andamento e um foco crescente na qualidade e certificação, o Vietnã está bem posicionado para expandir sua presença no mercado Halal nos próximos anos. O aproveitamento pleno de suas matérias-primas e a construção de um ecossistema eficiente podem transformar o país em um líder regional neste segmento estratégico.