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Malásia Propõe Criação do Conselho Halal da ASEAN para Fortalecer Comércio Regional

A Malásia apresentou uma proposta para a criação de um Conselho Halal da ASEAN com o objetivo de fortalecer a cooperação estratégica na indústria Halal regional, facilitar o trânsito de produtos Halal entre países e impulsionar o comércio intra-ASEAN, que ainda não atingiu seu potencial máximo. A iniciativa foi apresentada durante uma sessão de mesa redonda da indústria Halal entre Malásia e Indonésia, realizada em Jacarta em 22 de abril de 2025.

Nova Plataforma para Integração do Mercado Halal Regional

Segundo Khairul Azwan Harun, presidente da Halal Development Corporation (HDC), a proposta foi apresentada durante encontro que contou com a presença do Vice-Primeiro-Ministro da Malásia, Datuk Seri Dr. Ahmad Zahid Hamidi, e do chefe da Agência Organizadora de Garantia de Produtos Halal da Indonésia (BPJPH), Ahmad Haikal Hassan.

“Este Conselho Halal da ASEAN servirá como plataforma para agilizar o comércio, expandir mercados e harmonizar o uso de logotipos Halal, além de aproveitar um mercado regional de quase 700 milhões de pessoas”, afirmou Azwan em declarações à imprensa.

Durante a conferência, ambos os países também propuseram facilitar a entrada de produtos Halal através do reconhecimento mútuo de certificados Halal malaios e indonésios, eliminando a necessidade de procedimentos ou inspeções adicionais. Esta medida visa não apenas economizar custos e tempo, mas também impulsionar significativamente o comércio bilateral entre Malásia e Indonésia, especialmente para micro, pequenas e médias empresas que buscam penetrar um mercado combinado de mais de 240 milhões de muçulmanos.

Reconhecimento Mútuo de Certificações como Estratégia de Crescimento

A implementação do reconhecimento mútuo de certificações representaria uma mudança significativa para o mercado Halal regional. “Produtos malaios certificados como Halal e regulados pelo Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia (JAKIM) poderão ser comercializados diretamente na Indonésia, e vice-versa. Esta é uma virada de jogo que aumentará imediatamente o valor de exportação de nossos produtos Halal”, destacou Azwan.

O presidente da HDC também mencionou que a Malásia e a Indonésia concordaram em liderar esforços para melhorar o comércio intra-ASEAN, particularmente para produtos Halal, a fim de capitalizar o potencial do mercado Halal regional, atualmente avaliado em aproximadamente US$ 1,3 trilhão.

“A Malásia e a Indonésia desempenham um papel catalisador neste esforço, pois ambas são as maiores economias islâmicas da região. O fortalecimento do comércio Halal entre os países da ASEAN posicionará o grupo como um bloco econômico Halal competitivo”, acrescentou.

Diplomacia Halal: Estratégia para Liderança Global

Azwan observou que esses resultados estratégicos estão alinhados com a estrutura de Diplomacia Halal delineada pelo governo por meio da HDC para garantir que a Malásia permaneça líder global na indústria Halal. A implementação das três iniciativas-chave será refinada na reunião do Conselho de Desenvolvimento da Indústria Halal em 29 de maio, presidida por Ahmad Zahid, antes de ser oficialmente finalizada pelo Secretariado da ASEAN.

O conceito de diplomacia Halal, liderado por Ahmad Zahid, concentra-se em compartilhar a experiência da Malásia no desenvolvimento do ecossistema Halal com países amigos, particularmente dentro da ASEAN. Esta abordagem já tem rendido frutos significativos para a Malásia em suas relações comerciais internacionais. Em setembro de 2024, durante uma visita de trabalho à China, o Vice-Primeiro-Ministro da Malásia conseguiu desbloquear potencial de investimento de aproximadamente RM4 bilhões de players da indústria Halal chinesa.

Expansão para Novos Mercados e Transformação Digital

A Malásia, através da HDC, adotou uma abordagem proativa para expandir a influência da indústria Halal em mercados não tradicionais, como Norte da África, Ásia Central e Ásia Ocidental, por meio da estratégia de “diplomacia Halal”.

“Não podemos avançar sozinhos. Malásia e Indonésia precisam colaborar como uma entidade Halal unificada da ASEAN para atender à demanda do mercado Halal global, já que os países produtores só conseguem atender a 20% dos requisitos”, explicou Azwan.

De acordo com o Plano Diretor da Indústria Halal (HIMP 2030), a Malásia almeja alcançar valores de exportação Halal superiores a RM260 bilhões até 2030, promovendo seis setores-chave: alimentos e bebidas, ingredientes, logística, cosméticos e nutracêuticos, dispositivos médicos e produtos farmacêuticos.

Azwan também instou os atores da indústria Halal a serem mais agressivos na realização da transformação digital do sistema Halal, incluindo certificação e normas, para garantir que a Malásia mantenha sua posição como ecossistema Halal global líder. Esta transformação é considerada crucial para aumentar a eficiência e transparência da cadeia de suprimentos Halal, em linha com tecnologias avançadas e demandas de mercado cada vez mais sofisticadas.

Uma abordagem baseada em ciência, tecnologia e inovação (CTI) também é vista como um impulsionador fundamental na revolução do sistema Halal local através de tecnologias como blockchain, inteligência artificial e Internet das Coisas.

“A transformação digital não apenas acelerará os processos de certificação, mas também aumentará a confiança do consumidor e facilitará o monitoramento da conformidade com as normas Halal em toda a cadeia de valor. A Malásia, que há muito tempo é referência no desenvolvimento da indústria Halal global, agora enfrenta o desafio de permanecer relevante na era digital”, concluiu Azwan.

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HHS, Robert F. Kennedy Jr.

FDA Anuncia Eliminação Gradual de Corantes Sintéticos à Base de Petróleo nos Alimentos dos EUA

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) e a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) anunciaram em 22 de abril de 2025 uma série de medidas para eliminar gradualmente todos os corantes sintéticos à base de petróleo do suprimento alimentar do país. Esta iniciativa representa um marco significativo na agenda “Make America Healthy Again” (Tornando a América Saudável Novamente) promovida pelo Secretário do HHS, Robert F. Kennedy Jr.

Plano de Transição para Alternativas Naturais

A FDA estabeleceu uma estratégia abrangente que inclui o estabelecimento de um padrão nacional e um cronograma para a indústria alimentícia fazer a transição de corantes à base de petroquímicos para alternativas naturais. O processo começará com a revogação da autorização de dois corantes alimentares sintéticos – Citrus Red No. 2 e Orange B – nos próximos meses.

A agência trabalhará em colaboração com a indústria para eliminar seis corantes sintéticos adicionais amplamente utilizados: FD&C Green No. 3, FD&C Red No. 40, FD&C Yellow No. 5, FD&C Yellow No. 6, FD&C Blue No. 1 e FD&C Blue No. 2. A meta é completar esta transição até o final de 2026. Adicionalmente, a FDA solicitou que as empresas de alimentos removam o FD&C Red No. 3 mais rapidamente do que o prazo de 2027-2028 anteriormente estabelecido.

“Para os últimos 50 anos, as crianças americanas têm vivido em uma ‘sopa tóxica’ de produtos químicos sintéticos”, afirmou o Comissário da FDA, Dr. Marty Makary, observando que outros países ao redor do mundo não são tão permissivos com os ingredientes permitidos em seus alimentos como os EUA.

Justificativas Científicas e Preocupações com a Saúde

Durante a coletiva de imprensa, Makary citou estudos científicos que levantam preocupações sobre a correlação entre corantes sintéticos à base de petróleo e diversas condições de saúde. “A comunidade científica conduziu vários estudos levantando preocupações sobre a correlação entre corantes sintéticos à base de petróleo e várias condições de saúde, incluindo transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), obesidade, diabetes, resistência à insulina, câncer, disrupção genômica, problemas gastrointestinais e reações alérgicas… Então, por que estamos arriscando?”.

O Dr. Makary fez referência a um estudo publicado em 2007 na renomada revista médica europeia The Lancet, que estabeleceu uma conexão entre corantes alimentares e hiperatividade. Outras pesquisas, como uma revisão publicada em 2012, vincularam o corante vermelho 40 a múltiplos tipos de câncer, enquanto testes da FDA realizados no início da década de 1990 concluíram que alguns lotes dos corantes amarelo 5 e amarelo 6 foram contaminados com carcinógenos como a benzidina.

Estudos adicionais mencionados pelo comissário incluem evidências de que o corante vermelho 40 interrompeu o metabolismo da glicose em ratos, o amarelo 5 causou perturbações no DNA em células sanguíneas humanas, e o vermelho 40 provocou colite em camundongos.

Acelerar a Disponibilidade de Alternativas Naturais

Para facilitar esta transição, a FDA está acelerando a aprovação de aditivos de cores naturais. A agência planeja autorizar quatro novos aditivos de cores naturais nas próximas semanas e está agilizando a revisão e aprovação de outros, incluindo fosfato de cálcio, extrato azul de Galdieria, azul de gardênia e extrato de flor de ervilha borboleta.

Adicionalmente, a FDA estabelecerá uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) para conduzir pesquisas abrangentes sobre como os aditivos alimentares impactam a saúde e o desenvolvimento das crianças. Esta colaboração visa fortalecer a capacidade da FDA de desenvolver políticas alimentares baseadas em evidências e apoiar uma América mais saudável.

Harmonização Regulatória e Desafios da Implementação

Esta iniciativa federal surge em um momento em que vários estados americanos já começaram a implementar suas próprias proibições de corantes alimentares sintéticos. No início de 2025, a Virgínia Ocidental tornou-se o primeiro estado a proibir a maioria dos corantes alimentares sintéticos, citando riscos à saúde neurodegenerativa das crianças. Mais de 24 outros estados estão considerando legislação semelhante.

Imagem lado a lado do Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. e do Comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos Marty Makary. (Getty Images

“Passamos a lei na Virgínia Ocidental porque pensamos que nossas crianças e nossos cidadãos merecem algo melhor … Eles merecem comida real, não atalhos químicos projetados para enganar o olho, mas prejudicar o corpo”

Governador Patrick Morrisey durante a coletiva de imprensa da FDA

Entretanto, a abordagem voluntária da FDA gerou críticas de alguns grupos de consumidores. Peter Lurie, presidente do Centro para Ciência no Interesse Público, expressou ceticismo: “A história nos diz que confiar no cumprimento voluntário da indústria alimentícia muitas vezes provou ser uma missão tola”.

Impactos na Indústria e Desafios Técnicos

A transição de corantes sintéticos para alternativas naturais apresenta desafios significativos para a indústria alimentícia. A National Confectioners Association, representando os fabricantes de doces, afirmou que os corantes alimentares à base de petróleo são seguros e que, em muitos casos, substituições não estão imediatamente disponíveis.

Um aspecto particularmente desafiador é a formulação de corantes azuis naturais estáveis. Comentários em fóruns de discussão destacam a dificuldade que empresas como a Mars enfrentaram ao tentar criar M&Ms azuis usando corantes naturais.

Para ser eficaz, os substitutos naturais devem ser estáveis sob calor e diferentes níveis de pH, possuir uma vida útil razoável, e estar disponíveis em quantidade suficiente para atender às demandas dos fabricantes. Além disso, é importante que essas cores naturais não carreguem o sabor de sua fonte, como spirulina, beterraba ou cenoura.

Corantes Sintéticos versus Alternativas Naturais

O debate sobre corantes alimentares sintéticos versus naturais ocorre paralelamente a discussões mais amplas sobre materiais à base de petróleo versus biopolímeros em embalagens de alimentos. Pesquisas recentes têm explorado o uso de biopolímeros e materiais biodegradáveis como alternativas às embalagens tradicionais à base de petróleo, motivadas por preocupações ambientais e de saúde.

Um estudo publicado em 2021 destacou que o objetivo final das novas tecnologias de embalagem de alimentos, além de manter a qualidade e segurança dos alimentos para o consumidor, é considerar as preocupações ambientais e reduzir seus impactos. Outro estudo de 2022 investigou o uso de bioensaios in vitro para orientar o desenvolvimento de polímeros de base biológica mais seguros para uso em embalagens de alimentos.

A iniciativa da FDA para eliminar gradualmente os corantes sintéticos à base de petróleo do suprimento alimentar americano representa uma mudança significativa na regulamentação alimentar dos EUA. Embora a motivação primária seja a proteção da saúde, especialmente das crianças, a iniciativa também reflete tendências globais mais amplas em direção a ingredientes mais naturais e práticas sustentáveis.

O sucesso desta iniciativa dependerá da capacidade da indústria alimentícia de desenvolver e implementar alternativas viáveis, da eficácia do apoio regulatório da FDA e do engajamento contínuo dos consumidores e grupos de defesa. À medida que esta transição avança, será essencial monitorar tanto os benefícios à saúde quanto os possíveis custos e desafios técnicos envolvidos na substituição destes corantes amplamente utilizados.

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Referências

  1. EUA planejam eliminar corantes artificiais de alimentos até 2026 – Poder360
  2. EUA vão eliminar corantes utilizados em salgadinhos e balas – InfoMoney
  3. FDA vai eliminar corantes sintéticos do suprimento alimentar dos EUA – Investing.com
  4. EUA proibirá corantes alimentícios artificiais antes do fim de 2026 – UOL
  5. EUA proibirão corantes alimentícios artificiais antes do fim de 2026 – O Globo
  6. Proibições de corantes alimentares artificiais nos EUA e em outros países – Food Safety Brazil
Festival Cultural da América Latina e Caribe em Katara promove intercâmbio cultural e fortalece relações diplomáticas entre Catar e nações latino-americanas através de arte e música.

Festival Cultural da América Latina e Caribe: Celebração de Diversidade e Diálogo entre Civilizações em Doha

O Festival Cultural da América Latina e Região do Caribe foi inaugurado ontem em Doha, marcando o início de uma celebração rica em expressões artísticas e culturais que promete fortalecer os laços diplomáticos entre o Catar e as nações latino-americanas. O evento, que ocorre entre 26 e 30 de abril de 2025, representa uma plataforma significativa para o intercâmbio cultural e a promoção do entendimento mútuo entre povos de diferentes continentes, reafirmando o papel do Catar como centro de diálogo multicultural no Oriente Médio.

Cerimônia de Abertura e Programação Diversificada

A inauguração do festival ocorreu ontem, sábado, sob o patrocínio da Instituição Geral do Complexo Cultural Katara, com a presença de representantes diplomáticos de diversos países latino-americanos e caribenhos acreditados junto ao Estado do Catar. A cerimônia contou com a participação do Sr. Saif Saad Al-Dosari, vice-diretor geral de Katara e diretor de Recursos Humanos, e da Sra. Maryam Al Saad, presidente do Centro Katara para Diplomacia Pública e diretora do Departamento de Relações Internacionais de Katara, além de uma notável presença oficial, diplomática e pública.

O festival foi aberto com uma exposição de fotografias e obras de arte no Edifício 47, salas 1 e 2, às 17h, seguida pela exibição de um filme cinematográfico apresentado pela Embaixada do Uruguai no Edifício 15 de Katara às 18h. Esta programação inicial ofereceu aos visitantes a oportunidade de explorar diversos aspectos da cultura e das artes latino-americanas e caribenhas, estabelecendo desde o primeiro momento um ambiente de imersão cultural.

A programação do festival abrange uma variedade de atividades que incluem apresentações musicais, concertos e exposições artísticas que destacam o rico patrimônio cultural dos povos da América Latina e Caribe. Os eventos ocorrerão em diversos locais dentro do complexo cultural Katara, com destaque para o Teatro Drama e a praça aberta do Edifício 47, onde os visitantes poderão desfrutar de experiências artísticas autênticas que refletem o espírito vibrante desta região.

Diplomacia Cultural e Fortalecimento de Relações Internacionais

A Sra. Maryam Al Saad, presidente do Centro Katara para Diplomacia Pública e diretora do Departamento de Relações Internacionais de Katara, destacou a importância do festival como um evento cultural excepcional que proporciona ao público no Catar uma oportunidade rara de descobrir culturas geograficamente distantes, porém humanamente próximas. Segundo ela, “as atividades cuidadosamente coordenadas expressam o rico e diversificado patrimônio dos países da América Latina e do Caribe”, reforçando o compromisso de Katara em lançar iniciativas que apoiem seus objetivos de construir pontes de entendimento entre os povos e promover a diversidade cultural.

Este festival se insere no contexto mais amplo das relações entre o Catar e os países da América Latina, que têm se fortalecido significativamente nas últimas décadas. O Catar busca expandir suas parcerias estratégicas com nações latino-americanas em diversos setores, incluindo economia, comércio, investimentos, cultura e diplomacia, visando servir interesses e objetivos comuns.

América Latina e Caribe: Um Mercado Emergente e um Parceiro Estratégico

A região da América Latina representa um mercado consumidor importante, com uma população que ultrapassa 650 milhões de pessoas, sendo considerada o quarto maior bloco econômico mundial e abrigando algumas das potências emergentes mais proeminentes do cenário global. O volume comercial entre o Catar e os países latino-americanos atingiu aproximadamente 3,6 bilhões de riais catarianos no ano passado, demonstrando o potencial econômico desta parceria.

As relações do Catar com países como Cuba e Costa Rica exemplificam o compromisso do emirado com o fortalecimento de laços diplomáticos e cooperação multissetorial. Com Cuba, o Catar mantém uma relação caracterizada por visitas de alto nível e acordos em áreas como saúde, turismo e investimentos. Já com Costa Rica, os laços se baseiam no respeito mútuo e em interesses comuns, com foco especial no desenvolvimento de projetos produtivos, redução de emissões de carbono e combate às mudanças climáticas.

Patrimônio Cultural e Artístico da América Latina

O Festival Cultural da América Latina e Região do Caribe oferece aos visitantes um panorama da riqueza artística do continente, que abrange desde ritmos musicais populares até expressões das artes visuais. A América Latina possui uma tradição musical diversificada que inclui gêneros como bachata, merengue, música regional mexicana e rock latino, cada um refletindo distintas influências culturais e históricas.

No campo das artes visuais, a região produziu movimentos artísticos únicos, frequentemente caracterizados pela fusão de elementos indígenas, africanos e europeus. As exposições fotográficas e artísticas apresentadas no festival proporcionam uma janela para esta diversidade criativa, celebrando a capacidade da arte de transcender fronteiras geográficas e linguísticas.

Impacto da Diplomacia Pública e Cultural

O festival também representa um exemplo concreto dos esforços de diplomacia pública empreendidos pelo Catar. A Rede Diplomática Internacional Pública, presidida pela Instituição Geral do Complexo Cultural Katara, tem implementado campanhas promocionais para a “Diplomacia Pública Catari na América Latina”, envolvendo embaixadores, diplomatas, profissionais de mídia e personalidades do esporte e da arte em países latino-americanos.

Estas iniciativas têm contribuído para elevar as relações bilaterais históricas entre o Catar e os países latino-americanos, fortalecendo a cooperação em diversos campos e consolidando a posição do Catar como um destino turístico, cultural e esportivo pioneiro na região do Golfo. A organização de eventos como o atual festival cultural reflete o compromisso contínuo do Catar com o diálogo intercultural e a construção de pontes entre civilizações.

Katara: Centro de Convergência Cultural

A escolha de Katara como sede do festival não é acidental. O complexo cultural tem se estabelecido como um centro nevrálgico para eventos culturais internacionais no Catar, promovendo o intercâmbio cultural e o diálogo entre civilizações. Além deste festival, Katara acolhe regularmente uma série de atividades culturais internacionais com o objetivo de fortalecer o intercâmbio cultural e a comunicação civilizacional entre os povos do mundo.

Em outubro de 2021, Katara sediou uma exposição intitulada “Amigos, Catar e Cuba”, criada pelo artista cubano Michel Lopez, demonstrando o compromisso contínuo da instituição com o fortalecimento das relações culturais entre o Catar e os países latino-americanos. Similarmente, em junho de 2022, em preparação para a Copa do Mundo FIFA Catar 2022, Katara organizou, em colaboração com a Embaixada da Costa Rica, um espetáculo intitulado “Costa Rica… Cultura do Futebol”, que incluiu atividades musicais, artísticas e demonstrações esportivas.

O Futuro das Relações entre o Catar e a América Latina

O Festival Cultural da América Latina e Região do Caribe representa não apenas uma celebração da diversidade cultural, mas também um investimento estratégico no fortalecimento das relações diplomáticas, econômicas e culturais entre o Catar e os países latino-americanos. A política externa do Catar, sob a liderança do Sua Alteza o Emir Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, tem demonstrado um interesse crescente em ampliar as parcerias com nações latino-americanas, reconhecendo o potencial desta região para colaborações mutuamente benéficas.

As recentes visitas oficiais do Emir a países como Costa Rica ilustram este compromisso com a expansão das relações catarianas e o estabelecimento de parcerias estratégicas com diversas nações fraternas e amigas ao redor do mundo. Estas iniciativas diplomáticas, complementadas por eventos culturais como o festival atual, criam uma base sólida para futuras colaborações em áreas como comércio, investimento, turismo e intercâmbio acadêmico.

Um Encontro de Culturas e Oportunidades

O Festival Cultural da América Latina e Região do Caribe em Katara representa um marco significativo nas relações entre o Catar e as nações latino-americanas e caribenhas. Ao proporcionar uma plataforma para o intercâmbio cultural, o festival não apenas celebra a diversidade artística e cultural da América Latina, mas também fortalece os laços diplomáticos e econômicos entre regiões geograficamente distantes, porém crescentemente conectadas por interesses comuns.

A diversidade de eventos programados, desde exposições artísticas até apresentações musicais, oferece aos visitantes uma experiência imersiva nas tradições culturais latino-americanas, promovendo o entendimento mútuo e o apreço pela riqueza do patrimônio cultural global. À medida que o festival se desenrola nos próximos dias, ele continuará a servir como um testemunho do compromisso do Catar com o diálogo intercultural e a construção de pontes entre civilizações.

Referências

  1. Qatar news agency

Revisão da Regulamentação da ANVISA sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos: Análise das Propostas para 2025

Revisão da Regulamentação da ANVISA sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos: Análise das Propostas para 2025

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está conduzindo uma revisão abrangente da regulamentação sobre rotulagem de alimentos alergênicos no Brasil, com o objetivo de atualizar as normas de acordo com os recentes avanços do Codex Alimentarius e aprimorar a proteção à saúde das pessoas com alergias alimentares. Este processo é parte do tema 3.23 da Agenda Regulatória 2024/2025 e visa aperfeiçoar aspectos como a lista de alimentos alergênicos, os critérios para isenção de derivados, e os requisitos de legibilidade das advertências.

Histórico da Regulamentação de Alimentos Alergênicos no Brasil

As ações da ANVISA para regulamentar a rotulagem de alimentos alergênicos começaram em 2011, quando o Brasil submeteu uma proposta ao Mercosul para revisão do Regulamento Técnico sobre rotulagem geral de alimentos embalados. Diante do avanço limitado nas negociações e do crescimento da demanda por regras claras no país, a agência optou por desenvolver uma regulamentação nacional.

Após consultas públicas e audiências realizadas em 2014 e 2015, foi publicada a RDC nº 26/2015, que estabeleceu os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos causadores de alergias. Posteriormente, essa norma foi revisada e consolidada com outros atos de rotulagem, resultando na atual RDC nº 727/2022, sem alterações significativas de mérito.

A elaboração da lista de alimentos alergênicos foi baseada nas recomendações do Codex Alimentarius, considerando também referências de outros países para detalhar as oleaginosas alergênicas. Além disso, o látex natural foi incluído na lista devido à Lei nº 12.849/2013, que determina a advertência sobre sua presença em embalagens.

A Regulamentação Atual e seus Principais Aspectos

A RDC nº 727/2022 estabelece três tipos de informações sobre alergênicos na rotulagem: advertências sobre presença intencional, advertências sobre possibilidade de contaminação cruzada, e informações sobre ausência de alergênicos. Esta última é restrita aos casos em que há critérios estabelecidos em regulamentos específicos, visando proteger a saúde de consumidores mais sensíveis.

A lista atual de alimentos considerados alergênicos inclui trigo, centeio, cevada, aveia e suas estirpes hibridizadas; crustáceos; ovos; peixes; amendoim; soja; leites de todas as espécies de animais mamíferos; e diversas oleaginosas como amêndoa, avelãs, castanha-de-caju, castanha-do-brasil, macadâmias, nozes, pecãs, pistaches e pinoli.

As advertências devem iniciar com o termo “ALÉRGICOS” e especificar os nomes comuns dos alimentos, facilitando o reconhecimento pelos consumidores sensíveis. Quanto à legibilidade, as advertências devem estar agrupadas imediatamente após ou abaixo da lista de ingredientes, em caixa alta, negrito, com cor contrastante com o fundo do rótulo e altura mínima de 2 milímetros.

Avanços do Codex Alimentarius e a Necessidade de Revisão

Em 2024, o Codex Alimentarius aprovou a revisão das provisões sobre rotulagem de alimentos alergênicos, atualizando terminologias, definições, lista de alimentos e critérios para isenção de derivados. Essas mudanças foram incorporadas ao Padrão Geral para Rotulagem de Alimentos Pré-embalados (CXS 1-1985).

A revisão incluiu a atualização da lista de alimentos alergênicos, com a inclusão do gergelim na lista de relevância global. Houve também a transferência da soja, aveia, castanha-do-pará, macadâmia e pinoli para a lista de alimentos de relevância regional, e a inclusão do trigo sarraceno, aipo, tremoço e mostarda também como alergênicos regionais.

O Codex estabeleceu que as autoridades nacionais podem isentar derivados de alimentos alergênicos da declaração obrigatória, desde que submetidos a uma avaliação de risco que comprove sua segurança. Também foram aprimoradas as disposições sobre a apresentação e a legibilidade das declarações, com recomendações mais detalhadas sobre como essas informações devem ser dispostas nos rótulos.

Propostas de Aperfeiçoamento para a Regulamentação Brasileira

Critérios para Isenção de Derivados Alergênicos

Um dos principais pontos a serem aprimorados é a definição de critérios mais claros para isenção de derivados alergênicos da advertência de rotulagem. A regulamentação atual não diferencia claramente o tratamento a ser dado aos diferentes tipos de derivados, que podem incluir destilados alcoólicos de cereais, onde normalmente não há alérgenos remanescentes, óleo de soja refinado, onde pode haver traços, ou outros produtos sem padronização de processo produtivo.

Os avanços recentes do Codex Alimentarius e o documento do Comitê Conjunto de Especialistas da FAO/OMS sobre Avaliação de Risco de Alérgenos Alimentares podem fornecer orientações valiosas para esse aperfeiçoamento. A adoção de critérios internacionalmente reconhecidos contribuiria para maior transparência na avaliação de risco e nos requisitos de identidade, pureza e composição de derivados excetuados da rotulagem.

Exclusão de Alimentos de Ingrediente Único

Outra proposta é excetuar os alimentos de ingrediente único da advertência, considerando que, em muitos casos, a menção ao alimento alergênico já integra a denominação de venda do produto. O Codex Alimentarius já reconhece que, para alimentos de ingrediente único, a advertência não é necessária quando o nome do alergênico consta na denominação de venda.

Esta proposta é vista como uma opção proporcional e mais coerente com as demais informações obrigatórias declaradas nos rótulos. Os avanços obtidos nas negociações do Mercosul para o aprimoramento dos critérios de legibilidade da denominação de venda respaldam essa exceção sem comprometer o acesso dos consumidores a informações qualificadas.

Atualização da Lista de Alimentos Alergênicos

A ANVISA também considera atualizar a lista de alimentos alergênicos de acordo com as recomendações do Codex. Isso poderia incluir a adição do gergelim como alergênico de relevância global e a reclassificação de certos alimentos como alergênicos de relevância regional, conforme as novas diretrizes internacionais.

A metodologia estabelecida pelo Comitê Conjunto de Especialistas da FAO/OMS para revisão e validação da lista de alérgenos prioritários pode ser usada como base para a definição de critérios para incorporação de alergênicos de relevância nacional, bem como para orientar a condução de pesquisas no Brasil sobre o tema.

Aprimoramento das Informações sobre Alergênicos

As novas disposições do Codex Alimentarius permitem que as autoridades nacionais exijam a identificação dos alergênicos tanto na lista de ingredientes quanto em uma advertência separada. Essa abordagem combinada pode ser mais eficaz do que utilizar apenas uma dessas formas, proporcionando maior clareza para os consumidores com alergias alimentares.

Existe também a possibilidade de aprimorar a apresentação visual das advertências, tornando-as mais concisas e padronizadas. Entre as possibilidades estão a substituição do termo “ALÉRGICOS” por “ATENÇÃO”, a padronização dos nomes dos alimentos alergênicos a serem declarados com a exclusão do uso do termo “DERIVADOS”, e a adoção de critérios de legibilidade semelhantes aos já existentes para a tabela nutricional.

Plano de Implementação e Próximos Passos

A ANVISA planeja iniciar o processo de revisão com um Diálogo Setorial Virtual sobre Rotulagem de Alimentos Alergênicos, agendado para abril de 2025. Após esse diálogo, a agência pretende submeter à Diretoria Colegiada uma proposta de revisão das condições processuais aprovadas, possivelmente com dispensa de Análise de Impacto Regulatório para manter a convergência internacional, e realização de Consulta Pública.

Durante o segundo e terceiro trimestre de 2025, serão conduzidas atividades para elaboração da proposta de incorporação das recomendações do Codex Alimentarius ao ordenamento jurídico nacional, com a participação dos agentes afetados por meio de diálogos setoriais e outros mecanismos de participação social.

A agência planeja concluir a Consulta Pública até o quarto trimestre de 2025, possivelmente de forma simultânea ou próxima às consultas sobre as propostas de revisão da rotulagem geral e nutricional de alimentos, atualmente em discussão no Mercosul. Esta sincronização visa proporcionar aos agentes afetados uma visão integrada das propostas de aperfeiçoamento dos requisitos de rotulagem.

Considerações Finais

A revisão da regulamentação sobre rotulagem de alimentos alergênicos representa um importante avanço para a proteção da saúde das pessoas com alergias alimentares no Brasil, alinhando as normas nacionais com as melhores práticas internacionais. Esta atualização é especialmente relevante considerando que, segundo estimativas, cerca de 6% das crianças e 3,5% dos adultos brasileiros têm alergias alimentares.

Ao atualizar e aprimorar os requisitos de rotulagem, a ANVISA busca não apenas melhorar a segurança de alimentos para os consumidores, mas também promover a convergência regulatória e facilitar o comércio internacional, reduzindo barreiras técnicas e proporcionando um mercado mais equitativo para produtores e importadores de alimentos.

O processo de revisão, com ampla participação dos setores envolvidos, deverá resultar em uma regulamentação mais clara, eficaz e proporcional, beneficiando tanto os consumidores quanto a indústria alimentícia brasileira, garantindo maior segurança alimentar e acesso a informações mais precisas sobre a composição dos alimentos.

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Referências

  1. Documentodebasesobrerotulagemdealergnicos.pdf

Análise do AGROINSIGHT Abril 2025 Origem Vegetal

Análise do AGROINSIGHT Abril 2025 Origem Vegetal

Este artigo apresenta uma análise abrangente do relatório AGROINSIGHT de abril de 2025, com foco na Origem Vegetal. O objetivo é oferecer uma visão detalhada sobre o desempenho, tendências, desafios e oportunidades do setor vegetal brasileiro. Serão abordados aspectos estatísticos, conjunturais e prospectivos, além de destacar oportunidades de negócios e apresentar tabelas comparativas relevantes.

Introdução

O setor de origem vegetal ocupa papel central no agronegócio brasileiro, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB), geração de empregos e saldo da balança comercial. O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 oferece uma radiografia detalhada do desempenho recente, desafios conjunturais e perspectivas futuras desse segmento, considerando fatores como produção, exportação, preços, custos de produção e dinâmica de mercado. A análise detalhada deste relatório é fundamental para orientar decisões estratégicas de produtores, exportadores, investidores e formuladores de políticas públicas.

Panorama Geral do Setor Vegetal em Abril de 2025

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 revela que o setor de origem vegetal manteve papel de destaque no agronegócio brasileiro, mesmo diante de desafios conjunturais como oscilações climáticas, volatilidade cambial e pressões sobre custos de produção. A produção agrícola apresentou desempenho robusto em culturas-chave, com destaque para soja, milho, algodão, café e cana-de-açúcar. O cenário internacional, marcado por demanda consistente de grandes mercados importadores e flutuações nos preços internacionais, influenciou diretamente a rentabilidade dos produtores.

O documento destaca que, apesar de adversidades climáticas pontuais em algumas regiões, a adoção de tecnologias de manejo, sementes geneticamente melhoradas e práticas sustentáveis permitiu mitigar perdas e garantir produtividade elevada em diversas culturas. O relatório também aponta para a crescente importância da rastreabilidade, sustentabilidade e conformidade com normas internacionais, especialmente para mercados como União Europeia, China e países do Oriente Médio.

Desempenho das Principais Culturas de Origem Vegetal

Soja

A soja manteve-se como principal cultura de exportação do Brasil em 2025, consolidando a posição do país como maior exportador mundial. O relatório destaca crescimento de área plantada, impulsionado por preços internacionais favoráveis e demanda aquecida da China. A produtividade média nacional apresentou leve aumento em relação ao ciclo anterior, reflexo de investimentos em tecnologia e manejo integrado de pragas e doenças. O custo de produção, entretanto, registrou elevação devido à valorização de insumos importados e aumento de despesas com defensivos agrícolas.

A tabela a seguir apresenta dados comparativos de produção, produtividade e exportações de soja:

Indicador20242025Variação (%)
Área plantada (mil ha)42.50043.800+3,1
Produção (mil t)156.000159.500+2,2
Produtividade (kg/ha)3.6703.640-0,8
Exportação (mil t)96.00098.500+2,6

O relatório ressalta que a leve queda na produtividade média foi compensada pelo aumento de área, garantindo crescimento na produção total. O ambiente externo, com recuperação gradual da economia chinesa, sustentou o ritmo de embarques, embora a concorrência da Argentina tenha se intensificado após a normalização climática naquele país.

Milho

O milho consolidou-se como segunda principal cultura de grãos, com expansão de área e produção, especialmente na segunda safra (safrinha). O relatório aponta que a demanda interna por milho para ração animal e etanol permaneceu elevada, enquanto as exportações foram favorecidas pela desvalorização do real frente ao dólar. O clima favorável na região Centro-Oeste contribuiu para produtividade acima da média histórica.

A tabela a seguir resume os principais indicadores do milho:

Indicador20242025Variação (%)
Área plantada (mil ha)21.20022.000+3,8
Produção (mil t)119.000124.500+4,6
Produtividade (kg/ha)5.6105.660+0,9
Exportação (mil t)50.00052.800+5,6

O relatório evidencia que o milho brasileiro ganhou competitividade internacional, especialmente após a redução de estoques nos Estados Unidos. O crescimento da produção de etanol de milho também contribuiu para diversificação de mercados e agregação de valor.

Algodão

O algodão brasileiro manteve trajetória de crescimento, impulsionado pela demanda internacional e ganhos de produtividade. O relatório destaca que o Brasil consolidou-se como segundo maior exportador global, atrás apenas dos Estados Unidos. A adoção de cultivares de alto rendimento e manejo eficiente de irrigação foram determinantes para o desempenho positivo, mesmo diante de custos elevados de insumos.

Indicador20242025Variação (%)
Área plantada (mil ha)1.6501.720+4,2
Produção (mil t)3.0503.170+3,9
Produtividade (kg/ha)1.8501.840-0,5
Exportação (mil t)2.1002.200+4,8

O relatório ressalta que a estabilidade dos preços internacionais e a valorização do algodão com certificação de sustentabilidade abriram novas oportunidades em mercados premium.

Café

O café brasileiro registrou safra volumosa em 2025, beneficiada por condições climáticas favoráveis em Minas Gerais e Espírito Santo. O relatório aponta aumento da produção de café arábica de alta qualidade, com valorização nos mercados externos. O segmento de cafés especiais apresentou crescimento expressivo, impulsionado por certificações e rastreabilidade.

Indicador20242025Variação (%)
Produção (mil sacas)54.00058.500+8,3
Exportação (mil sacas)40.50043.200+6,7

O relatório destaca que a valorização do café brasileiro no mercado internacional foi sustentada por campanhas de promoção e pela crescente demanda por cafés sustentáveis e de origem controlada.

Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar manteve-se como base da produção de açúcar e etanol no Brasil. O relatório evidencia crescimento da produção, impulsionado por investimentos em renovação de canaviais e mecanização. O segmento de etanol de segunda geração ganhou relevância, contribuindo para a diversificação da matriz energética.

Indicador20242025Variação (%)
Área colhida (mil ha)8.5008.700+2,4
Produção (mil t)670.000685.000+2,2
Açúcar (mil t)40.00041.800+4,5
Etanol (mil m³)30.50031.200+2,3

O relatório ressalta que a demanda internacional por açúcar brasileiro aumentou após quebras de safra em concorrentes asiáticos, enquanto o mercado interno de etanol foi favorecido pela política de combustíveis renováveis.

Tendências de Mercado e Dinâmica dos Preços

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 destaca que o ambiente de preços das principais commodities vegetais foi marcado por volatilidade, reflexo de fatores como clima, câmbio, custos de produção e dinâmica da demanda internacional. A soja e o milho apresentaram preços médios superiores aos do ano anterior, sustentados pela demanda asiática e redução de estoques globais. O algodão e o café também registraram valorização, especialmente nos segmentos de maior valor agregado.

O documento enfatiza que a volatilidade cambial exerceu forte influência sobre a rentabilidade dos produtores, com a desvalorização do real frente ao dólar favorecendo as exportações, mas pressionando os custos dos insumos importados. O relatório aponta que a gestão de riscos, por meio de instrumentos como hedge e contratos futuros, tornou-se ainda mais relevante para mitigar os impactos das oscilações de preços.

A tabela abaixo apresenta a evolução dos preços médios das principais commodities vegetais em 2024 e 2025:

ProdutoPreço Médio 2024 (R$/t)Preço Médio 2025 (R$/t)Variação (%)
Soja1.8501.960+5,9
Milho1.1201.180+5,4
Algodão7.9008.300+5,1
Café1.1801.260+6,8
Açúcar2.0502.180+6,3

O relatório observa que, apesar do aumento dos preços, a elevação dos custos de produção reduziu as margens de lucro em algumas culturas, especialmente para produtores menos capitalizados.

Custos de Produção e Rentabilidade

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 dedica atenção especial à análise dos custos de produção, destacando a pressão exercida pela valorização dos insumos importados, como fertilizantes, defensivos e sementes. O documento aponta que o aumento dos custos foi parcialmente compensado pela elevação dos preços das commodities e ganhos de produtividade, mas ressalta que a margem de rentabilidade permaneceu apertada para produtores que não adotaram práticas de gestão eficiente.

A tabela a seguir sintetiza a evolução dos custos de produção das principais culturas vegetais:

CulturaCusto Médio 2024 (R$/ha)Custo Médio 2025 (R$/ha)Variação (%)
Soja4.5004.820+7,1
Milho3.2003.420+6,9
Algodão8.6009.080+5,6
Café10.20010.950+7,4
Cana-de-Açúcar6.8007.150+5,1

O relatório enfatiza que a adoção de tecnologias de precisão, agricultura digital e manejo sustentável foram determinantes para a redução de custos variáveis e aumento da eficiência produtiva. O documento também destaca a importância da gestão financeira, planejamento de compras e acesso a linhas de crédito com taxas competitivas.

Exportações e Competitividade Internacional

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 evidencia que o setor vegetal brasileiro manteve elevada competitividade internacional, sustentada por vantagens comparativas como disponibilidade de terras, clima favorável e capacidade de resposta rápida à demanda global. O documento aponta que as exportações de soja, milho, algodão, café e açúcar atingiram volumes recordes, impulsionadas pela recuperação econômica global e pela busca de segurança alimentar por parte de grandes importadores.

O relatório destaca, entretanto, que a concorrência internacional se intensificou, especialmente com a recuperação da produção argentina e a entrada de novos players no mercado asiático. O documento ressalta que a diferenciação por qualidade, rastreabilidade e conformidade com normas internacionais tornou-se fator crítico para a manutenção e expansão de mercados.

A tabela abaixo apresenta o desempenho das exportações brasileiras de origem vegetal em 2024 e 2025:

ProdutoExportação 2024 (mil t)Exportação 2025 (mil t)Variação (%)
Soja96.00098.500+2,6
Milho50.00052.800+5,6
Algodão2.1002.200+4,8
Café40.50043.200+6,7
Açúcar26.00027.800+6,9

O relatório enfatiza que a abertura de novos mercados, especialmente no Oriente Médio e Sudeste Asiático, foi favorecida pela certificação Halal e pelo atendimento a normas sanitárias e fitossanitárias rigorosas.

Sustentabilidade, Inovação e Certificações

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 dedica seção especial à sustentabilidade, inovação e certificações, ressaltando que a adoção de práticas agrícolas sustentáveis tornou-se requisito fundamental para acesso a mercados exigentes e obtenção de melhores preços. O documento destaca o avanço da agricultura regenerativa, integração lavoura-pecuária-floresta e uso de bioinsumos como tendências consolidadas.

O relatório evidencia que a rastreabilidade e a conformidade com normas internacionais de segurança de alimentos e sustentabilidade agregaram valor aos produtos vegetais brasileiros, ampliando o acesso a nichos de mercado premium.

O documento também aponta que a inovação tecnológica, por meio de agricultura digital, uso de drones, sensoriamento remoto e inteligência artificial, contribuiu para o aumento da eficiência produtiva, redução de custos e mitigação de riscos climáticos.

Oportunidades de Negócios e Perspectivas Futuras

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 identifica diversas oportunidades de negócios para o setor vegetal brasileiro, destacando a expansão da demanda por alimentos, fibras e bioenergia em mercados emergentes. O documento ressalta o potencial de crescimento das exportações de produtos com certificação Halal, orgânicos e de origem sustentável.

O relatório aponta que a diversificação de culturas, agregação de valor por meio de processamento industrial e desenvolvimento de produtos inovadores representam estratégias promissoras para aumento da rentabilidade e redução da vulnerabilidade a oscilações de preços internacionais.

O documento destaca, ainda, a necessidade de investimentos em infraestrutura logística, armazenamento e transporte para redução de custos e aumento da competitividade. O fortalecimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, inovação e acesso a crédito também é apontado como fator crítico para o desenvolvimento sustentável do setor.

Desafios e Riscos

O relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 alerta para desafios e riscos que podem impactar o desempenho do setor vegetal brasileiro nos próximos anos. O documento destaca a volatilidade climática, com eventos extremos como secas e enchentes, como principal fator de risco para a produção agrícola. A dependência de insumos importados e a volatilidade cambial também são apontadas como ameaças à rentabilidade dos produtores.

O relatório enfatiza a importância da gestão de riscos, diversificação de mercados e adoção de seguros agrícolas como estratégias para mitigação de impactos adversos. O documento ressalta, ainda, a necessidade de adaptação às exigências crescentes de sustentabilidade e conformidade com normas internacionais, sob pena de perda de competitividade.

Considerações Finais

A análise do relatório AGROINSIGHT de abril de 2025 evidencia que o setor de origem vegetal brasileiro manteve desempenho robusto, mesmo diante de desafios conjunturais e estruturais. O crescimento da produção, exportações e adoção de práticas sustentáveis consolidou o Brasil como protagonista global no agronegócio. O documento destaca que a inovação, certificação Halal, rastreabilidade e conformidade com normas internacionais serão determinantes para a manutenção e expansão da competitividade do setor nos próximos anos.

A diversificação de culturas, agregação de valor, investimentos em infraestrutura e fortalecimento de políticas públicas são apontados como caminhos para o desenvolvimento sustentável e geração de oportunidades de negócios. O relatório alerta para a necessidade de gestão eficiente de riscos e adaptação às novas demandas do mercado global, especialmente em relação à sustentabilidade e segurança de alimentos.

O setor vegetal brasileiro, ao combinar tradição, inovação e compromisso com a sustentabilidade, está preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do cenário global em transformação.

Referências

  1. AGROINSIGHT Abril 2025 Origem Vegetal

AgroInsight origem Animal - Volume 04

Análise do AGROINSIGHT 2025 V4 – Origem Animal – com Foco no Halal

O AGROINSIGHT Volume 4, dedicado aos produtos de origem animal, apresenta-se como uma ferramenta estratégica para exportadores brasileiros interessados em expandir sua presença no mercado internacional. Desenvolvido pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura e Pecuária, com apoio da rede de adidos agrícolas presentes em 38 países, este documento analisa oportunidades de negócios para produtores, exportadores e associações setoriais que buscam crescimento sustentável e competitivo no cenário global, com particular relevância para os mercados Halal.

O Valor Estratégico do AGROINSIGHT para o Setor Exportador

O AGROINSIGHT nasce do compromisso do Ministério da Agricultura e Pecuária com o fortalecimento da presença do agronegócio brasileiro no mercado internacional. Sob a liderança do ministro Carlos Fávaro e do secretário Luis Rua, o relatório oferece análises estratégicas que vão além de simples compilações de dados, estabelecendo-se como uma verdadeira ponte entre o agronegócio brasileiro e os mercados globais.

A publicação reúne informações detalhadas sobre consumo, produção, comércio exterior e tendências de mercado para produtos de origem animal em diversas economias ao redor do mundo. Com foco especial em identificar oportunidades para exportadores brasileiros, o documento apresenta avaliações precisas de mercados potenciais, incluindo aqueles onde produtos Halal possuem demanda crescente e representam uma oportunidade de diferenciação.

Para exportadores focados em mercados Halal, o relatório oferece insights valiosos sobre preferências de consumo, requisitos regulatórios específicos e estratégias de acesso a mercados com grandes populações muçulmanas. Essa orientação estratégica permite que empresas brasileiras possam desenvolver abordagens customizadas para mercados com características culturais e religiosas específicas.

Panorama Global e Tendências para Produtos de Origem Animal

O cenário global para produtos de origem animal apresenta-se dinâmico e em constante transformação, influenciado por fatores como mudanças nas preferências dos consumidores, preocupações com sustentabilidade e bem-estar animal, além de requisitos religiosos como a certificação Halal. A análise apresentada no AGROINSIGHT 2025 revela tendências que moldarão o futuro desse setor.

Observa-se crescente demanda por proteínas animais em mercados emergentes, impulsionada pelo aumento da renda e urbanização acelerada. Países muçulmanos, em particular, mostram expansão consistente no consumo de carnes, lácteos e ovos, acompanhada por maior exigência quanto à qualidade e conformidade com preceitos religiosos.

Outra tendência significativa é a valorização de certificações e rastreabilidade como fatores de diferenciação e acesso a mercados premium. Para produtos Halal, a certificação representa não apenas um requisito religioso, mas cada vez mais um símbolo de qualidade, pureza e conformidade com normas rigorosas de produção e processamento.

A diversificação do portfólio de produtos também emerge como estratégia importante. Mercados tradicionalmente associados a produtos Halal, como os países do Oriente Médio, mostram interesse crescente em categorias antes pouco exploradas, como alimentos para animais de estimação, insumos genéticos e produtos apícolas especializados, abrindo novas fronteiras para exportadores brasileiros.

Mercados Prioritários para Produtos Halal: Análises e Oportunidades

Arábia Saudita: Diversificação Além dos Produtos Cárneos Tradicionais

A Arábia Saudita tem tradicionalmente sido um importante mercado para produtos cárneos Halal, mas o AGROINSIGHT 2025 revela oportunidades emergentes em segmentos até então pouco explorados pelos exportadores brasileiros. Um exemplo notável é o mercado de alimentos para animais de estimação, que movimenta aproximadamente 1,2 bilhão de dólares no país, com uma taxa de crescimento superior a 8,2% ao ano.

O relatório indica que o mercado de pet food corresponde a 64% do mercado de suprimentos para animais de estimação na Arábia Saudita, totalizando cerca de 730 milhões de dólares. Em 2023, o país importou 58 milhões de dólares em alimentos para cães e gatos, com o Brasil respondendo por 3% desse valor, uma participação que poderia ser consideravelmente ampliada.

O documento destaca uma mudança importante nas atitudes dos consumidores sauditas em relação aos animais de estimação. Nos últimos anos, houve um aumento notável na diversidade de animais, com mais pessoas adquirindo não apenas gatos, mas também cães, aves, peixes ornamentais e outras espécies. Essa transformação social abre novos horizontes para exportadores brasileiros que atuam nesse segmento.

Para empresas interessadas em explorar esse mercado, o relatório sugere a participação na Saudi Pet & Vet Expo, que ocorrerá em novembro de 2025 em Riade, como uma plataforma estratégica para estabelecer contatos e compreender melhor as tendências e preferências locais.

Argélia: Festividades Religiosas como Oportunidades Estratégicas

O AGROINSIGHT 2025 apresenta uma análise detalhada sobre como as festas islâmicas no calendário argelino geram sazonalidade no comércio de alimentos, especialmente produtos de origem animal. Datas como Ramadã, Eid al Fitr e Aid Al-Adha são identificadas como períodos críticos que demandam planejamento estratégico por parte de exportadores interessados no mercado argelino.

O relatório revela que a Argélia enfrenta desafios significativos em sua produção local de carne ovina, devido principalmente à seca prolongada na região do Magrebe, que afetou tanto a quantidade quanto a qualidade da forragem disponível. Esta situação, combinada com a forte demanda religiosa, elevou os preços do carneiro vivo a patamares proibitivos para muitas famílias argelinas, chegando a 445 dólares em 2024, equivalente a aproximadamente três salários mínimos no país.

Uma oportunidade específica destacada no documento é o anúncio feito pelo presidente argelino Abdelmadjid Tebboune sobre a importação de um milhão de ovinos, isentos de impostos, para garantir a celebração da festa Aid Al-Adha. Este projeto ambicioso, estimado em 260 milhões de dólares, visa atender cerca de 25% da demanda nacional por ovinos e representa uma janela estratégica para fornecedores internacionais, incluindo o Brasil.

O relatório menciona que, entre os potenciais fornecedores com normas sanitárias confiáveis para este projeto, estão países como Romênia, Espanha, Irlanda, Reino Unido, Argentina, Brasil e Austrália. Para o Brasil, apesar da desvantagem logística da distância, a competitividade em preços e a reconhecida qualidade de seus produtos representam fatores favoráveis nesta equação comercial.

Egito: Potencial Crescente no Mercado de Carnes Ovinas e Caprinas

O mercado egípcio para carnes de ovinos e caprinos apresenta oportunidades significativas para exportadores brasileiros, conforme análise do AGROINSIGHT 2025. Em 2023, o Egito importou 17,5 milhões de dólares destes produtos, posicionando-se como o 40º maior importador mundial, com potencial de expansão considerável nos próximos anos.

Um fator facilitador para o acesso ao mercado egípcio é a ausência de barreiras tarifárias, já que a tarifa de importação padrão do país para carnes de ovinos e caprinos é de 0%, inclusive para produtos brasileiros. Este cenário cria condições favoráveis para exportadores que conseguem oferecer produtos competitivos e que atendam aos requisitos Halal.

O relatório destaca que a produção local egípcia de carne ovina tem apresentado uma tendência de queda, com uma redução anual média de 2,03% nos últimos cinco anos. Projeções indicam que este declínio deve continuar, resultando em uma diminuição estimada de 8,78% até 2028. Esta redução na produção doméstica, combinada com o crescimento populacional e a demanda por proteína animal, amplia a necessidade de importações.

Embora atualmente o Brasil não possua participação significativa neste mercado, o documento identifica potencial para exportadores brasileiros que consigam superar desafios como a forte concorrência de fornecedores estabelecidos como Austrália, Uruguai e Estados Unidos. O desenvolvimento de estratégias específicas para este mercado, incluindo certificação Halal adequada e parcerias locais estratégicas, poderia abrir portas para uma presença brasileira mais significativa.

Bangladesh: Oportunidades Emergentes no Mercado de Ovos e Proteínas

Bangladesh emerge no AGROINSIGHT 2025 como um mercado de alto potencial para exportadores brasileiros de ovos e ovoprodutos. Com uma população de aproximadamente 180 milhões de habitantes e crescimento econômico consistente, o país apresenta demanda crescente por proteína animal de qualidade.

O relatório destaca que Bangladesh possui um consumo per capita de ovos de 3,92 kg/pessoa/ano, posicionando o país como o 18º principal consumidor mundial. Apesar deste número expressivo, o consumo ainda está muito abaixo de países como China, Japão, EUA e Canadá, indicando amplo potencial de crescimento futuro.

Um aspecto relevante apontado pelo documento é a vulnerabilidade do país a eventos climáticos extremos, que frequentemente afetam a produção local e elevam os preços internos. Em 2024, por exemplo, o preço dos ovos aumentou 20,41% em relação ao ano anterior, principalmente devido a enchentes e outros eventos climáticos. Nestes períodos, o governo autoriza importações para estabilizar os preços, criando oportunidades pontuais para fornecedores estrangeiros.

As exportações brasileiras de ovo em pó para Bangladesh já mostraram resultados promissores, com valores de aproximadamente 375 mil dólares em 2021 e 356 mil dólares em 2022. O relatório sugere que exportadores interessados neste mercado trabalhem com parceiros locais e participem de feiras e exposições setoriais para melhor compreender as particularidades do mercado de Bangladesh.

Estratégias de Diferenciação e Agregação de Valor para Produtos Halal

O AGROINSIGHT 2025 apresenta insights valiosos sobre estratégias de diferenciação que podem ser aplicadas por exportadores de produtos Halal. Um caso emblemático destacado é o do mel de Manuka da Nova Zelândia no mercado chinês, que alcança preços até dez vezes superiores ao mel comum graças a estratégias eficientes de branding, certificação rigorosa e posicionamento premium.

Este exemplo, embora não diretamente relacionado a produtos Halal, ilustra princípios aplicáveis a diversos produtos de origem animal destinados a mercados exigentes. O relatório destaca como a Nova Zelândia investiu em certificações de qualidade e origem, desenvolveu embalagens sofisticadas, implementou sistemas de rastreabilidade e estabeleceu parcerias estratégicas com plataformas de e-commerce chinesas.

Para produtos Halal, o documento sugere que estas estratégias podem ser ainda mais efetivas quando combinadas com certificação religiosa reconhecida e narrativas que ressaltem valores como pureza, autenticidade e respeito a tradições. Exportadores brasileiros poderiam, por exemplo, diferenciar méis especiais como o de aroeira ou de cipó-uva em mercados muçulmanos, destacando suas propriedades medicinais únicas e conformidade com requisitos Halal.

Outra estratégia de diferenciação identificada no relatório é o investimento em genética animal de alta qualidade. Os relatórios sobre a Colômbia e a Costa Rica evidenciam demanda crescente por material genético bovino para melhoramento de rebanhos locais. Embora não diretamente relacionada a produtos finais Halal, a exportação de sêmen e embriões representa uma oportunidade de alto valor agregado que pode facilitar a criação de relacionamentos comerciais duradouros.

Desafios Sanitários e Requisitos Regulatórios em Mercados Prioritários

Um aspecto crucial abordado pelo AGROINSIGHT 2025 são os desafios sanitários e requisitos regulatórios que impactam o comércio internacional de produtos de origem animal, especialmente aqueles destinados a mercados Halal. O relatório apresenta análises detalhadas sobre questões como surtos de febre aftosa na Coreia do Sul e mudanças nas normas sanitárias na Argentina, destacando a importância do monitoramento constante destes fatores.

No caso específico de produtos Halal, o documento enfatiza que os exportadores precisam estar atentos não apenas às certificações religiosas, mas também a requisitos técnicos e sanitários específicos de cada mercado. Na Arábia Saudita, por exemplo, o relatório menciona que as exportações de alimentos para animais de estimação podem ser realizadas com Certificado Sanitário Internacional (CSI) sem necessidade de certificação Halal, enquanto outros produtos exigem documentação mais específica.

O relatório também destaca a importância da adaptação às particularidades de cada mercado. Na Argélia, por exemplo, a importação de ovinos para a festa Aid Al-Adha requer animais saudáveis, vacinados, com pelo menos seis meses de idade e pesando entre 40 e 45 quilos. Compreender e atender a requisitos específicos como estes é fundamental para o sucesso em mercados muçulmanos.

Outro aspecto relevante mencionado é a necessidade de estabelecer relacionamentos com autoridades sanitárias dos países importadores. O documento destaca que, em muitos casos, a abertura de mercados e a habilitação de estabelecimentos exigem negociações técnicas detalhadas e, por vezes, visitas de inspeção. Exportadores brasileiros devem estar preparados para estes processos, que podem ser demorados, mas são essenciais para garantir acesso sustentável a mercados prioritários.

Diversificação de Oportunidades Além do Foco Halal: Análises Setoriais

O relatório AGROINSIGHT Volume 4 apresenta um panorama abrangente de oportunidades para o agronegócio brasileiro de origem animal, que se estendem para além dos mercados com requisitos Halal específicos. Essas análises cobrem diversos produtos e geografias, revelando potenciais em segmentos de alto valor agregado e nichos específicos. É importante ressaltar que, embora o documento original inclua análises sobre o mercado de carne suína, como as oportunidades no Canadá, optamos por não detalhar este segmento neste artigo em consideração aos princípios islâmicos que guiam parte significativa do nosso público e da análise focada nos mercados Halal. Para uma visão completa que abranja todos os setores, incluindo o suíno, recomenda-se a consulta integral ao relatório AGROINSIGHT.

Subprodutos Animais para Uso Industrial na Alemanha

A Alemanha demonstra um mercado consolidado e tecnologicamente avançado para o aproveitamento de subprodutos animais não comestíveis. O país possui uma indústria robusta que transforma matérias-primas como gorduras, farinhas, tripas, peles e ossos em produtos para diversos setores.

  • Aplicações: Os subprodutos são utilizados em rações (especialmente pet food, um mercado estimado em US$ 6 bilhões na Alemanha em 2024), na indústria oleoquímica, farmacêutica (hemoderivados, colágeno), cosmética, de fertilizantes e bioenergia, incluindo a produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF). A parceria entre a alemã SARIA e a francesa TotalEnergies prevê o fornecimento de gorduras animais para produção de até 285 mil toneladas de SAF por ano a partir de 2025.
  • Mercado: Em 2024, excluindo hemoderivados (que podem ter origem humana), a Alemanha importou cerca de US$ 1,12 bilhão (aproximadamente 820 mil toneladas) em gorduras, farinhas e subprodutos in natura impróprios para consumo humano. A China liderou as exportações (20%), seguida pelos Países Baixos (15%) e Polônia (8%). O Brasil participou com US$ 26,5 milhões nesse segmento em 2024. O setor de pet food alemão, o maior da UE, faturou €4,5 bilhões em 2023 (+11,4%) e tem projeção de alcançar US$ 8,4 bilhões em 2029.
  • Regulamentação: O mercado é regulado pela UE (Regulamento (CE) n.º 1069/2009), categorizando subprodutos (1, 2 e 3) com base no risco sanitário. O acesso exige registro no TRACES-NT e cumprimento de normas sanitárias rigorosas.

Genética Bovina de Alto Valor na Colômbia e Costa Rica

Ambos os países apresentam uma demanda crescente por material genético bovino (sêmen e embriões) como parte de seus esforços para modernizar a pecuária, aumentar a produtividade e alinhar-se a metas de sustentabilidade.

  • Colômbia: Com um rebanho de cerca de 30,3 milhões de cabeças e 80% da área agropecuária dedicada à pecuária (predominantemente extensiva), a Colômbia busca melhorar a qualidade genética através de programas como o “Embriogán” (Fedegan) e o “Conpes Lácteo” (Agrosavia), focados em transferência de embriões e melhoramento de rebanhos leiteiros e de dupla aptidão. O Brasil já possui acesso sanitário e suas exportações globais de genética bovina vêm crescendo, indicando potencial de expansão na Colômbia.
  • Costa Rica: O país implementou o Sistema Nacional de Identificação e Rastreabilidade e o Plano Nacional de Melhoramento Genético (2020-2034). Com um rebanho de mais de 1,6 milhão de cabeças (dados de 2019) e a meta de ser carbono neutro até 2050, a melhoria genética é chave para a eficiência. Em 2024, a Costa Rica importou US$ 1,844 milhão em sêmen bovino. Os EUA foram o maior fornecedor (US$ 892 mil), mas o Brasil foi o segundo (US$ 513 mil), com tendência de crescimento desde 2020.

Nichos Específicos e Outras Potencialidades

O relatório identifica oportunidades em produtos específicos e analisa dinâmicas de mercados concorrentes.

  • Carne de Peru (Chile): O consumo no Chile é consolidado (2,5 kg/pessoa/ano), mas a produção local (~63.000 toneladas em 2024) enfrenta desafios (comercialização de cortes escuros, menor rendimento, desafios sanitários), com tendência de encerramento da única planta de abate dedicada. Isso aumenta a dependência de importações. Em 2024, as importações de partes e miúdos do Brasil cresceram 66,6% (para 6.298,6 toneladas) e as de peito sem osso brasileiro aumentaram 81% (para 5.330,2 toneladas), comparado a 2023. Vantagens brasileiras incluem proximidade, acordos comerciais (tarifa zero), sistema sanitário robusto (livre de IAAP em granjas comerciais) e reconhecimento pelo consumidor chileno, especialmente frente a surtos de influenza aviária nos EUA.
  • Carne Mecanicamente Separada (CMS) e Processados (África do Sul): O mercado sul-africano de processados movimenta US$ 1,5 bilhão (2025 proj.). A indústria local depende fortemente do CMS de frango brasileiro (290 mil das 334 mil toneladas de aves exportadas pelo Brasil em 2024), que tem tarifa zero, enquanto produtos processados finais enfrentam tarifa de 15%. Isso favorece o processamento local. Oportunidades para o Brasil residem em nichos como bacons, presuntos, costelas pré-cozidas (alguns com tarifa zero) ou embutidos finos, além do investimento direto em plantas locais.
  • Carne Bovina (Austrália como Concorrente): A Austrália prevê produção e exportação recordes em 2025 (~2,62 milhões de toneladas produzidas, 1,38 milhão exportadas), impulsionada por eficiência (carcaças de ~300kg). O cenário global, com retração nos EUA e possível queda no Brasil, posiciona a Austrália como principal fornecedor em expansão. A recente tarifa de 10% imposta pelos EUA sobre carne australiana pode ter impacto limitado devido à alta demanda americana, competitividade de preço australiana e câmbio favorável (AUD/USD). Para o Brasil, isso pode abrir oportunidades em nichos premium, atrair compradores que buscam diversificar fornecedores e reforçar a imagem de parceiro confiável, especialmente na Ásia.
  • Questões Sanitárias: Relatórios sobre Argentina e Coreia do Sul destacam a importância do monitoramento de doenças como Febre Aftosa (FMD) e seus impactos nas regulações e fluxos comerciais, como a recente suspensão temporária da mudança de regras na Argentina sobre movimentação de carne com osso para a Patagônia e os focos controlados na Coreia do Sul em 2025.

Conclusão: Perspectivas e Estratégias para o Futuro

A análise do AGROINSIGHT 2025 revela um cenário promissor para exportadores brasileiros de produtos de origem animal em mercados Halal globais, mas que demanda preparação técnica, estratégica e cultural. O crescimento econômico em países muçulmanos, aliado ao aumento da demanda por proteínas animais de qualidade e ao reconhecimento da excelência brasileira em diversos setores, cria oportunidades significativas para diversificação e expansão.

Para aproveitar plenamente estas oportunidades, o relatório sugere uma abordagem multifacetada que combine: compreensão profunda das particularidades culturais e religiosas de cada mercado; adaptação de produtos e estratégias de comunicação; obtenção de certificações reconhecidas internacionalmente; desenvolvimento de parcerias locais estratégicas; e monitoramento contínuo de mudanças regulatórias e sanitárias.

O documento evidencia que o mercado Halal vai muito além dos produtos tradicionais como carne bovina e ovina, abrangendo segmentos diversos como alimentos para animais de estimação, mel, ovos e material genético. Esta diversidade permite que empresas brasileiras de diferentes portes encontrem nichos alinhados às suas capacidades e objetivos estratégicos.

As análises apresentadas no AGROINSIGHT 2025 reforçam o potencial do Brasil como fornecedor global de produtos de origem animal, incluindo aqueles destinados a mercados Halal. A combinação de capacidade produtiva, qualidade reconhecida, competitividade e adaptabilidade às exigências específicas posiciona o país de forma privilegiada para atender à crescente demanda por produtos Halal em mercados emergentes e tradicionais.

Como ponte estratégica entre o agronegócio brasileiro e os mercados globais, o AGROINSIGHT 2025 oferece não apenas dados e análises, mas um roteiro para empresas que buscam expandir sua presença internacional. Em um cenário de crescente competitividade e exigência, o acesso a informações qualificadas e a visão estratégica tornam-se diferenciais cruciais para o sucesso sustentável no complexo e promissor mercado global de produtos Halal.

Referências

  1. Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. AGROINSIGHT, Volume 4 – Origem: animal. 2025.

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Secretário Geral do SMIIC Visita Autoridade Paquistanesa para Fortalecer Implementação de Normas Halal

Em movimento significativo para fortalecer a cooperação em padronização e acreditação entre países islâmicos, o Secretário Geral do Instituto de Normas e Metrologia para os Países Islâmicos (SMIIC), Ihsan Ovut, realizou uma visita oficial ao Conselho Nacional de Acreditação do Paquistão (PNAC), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Esta visita, ocorrida em 23 de abril de 2025, marca um passo importante na harmonização de normas Halal e no fortalecimento da infraestrutura de qualidade no mundo islâmico, com potencial impacto positivo para o comércio internacional de produtos Halal.

A Busca pela Harmonização de Normas Halal

A reunião entre Ihsan Ovut e o Diretor Geral do PNAC, Ateeq ur Rehman Memon, centrou-se na implementação das normas Halal do SMIIC no Paquistão, com ênfase especial nas normas OIC/SMIIC 2 e OIC/SMIIC 3. Estas normas são fundamentais para estabelecer requisitos consistentes para organismos que fornecem certificação Halal e para entidades de acreditação que supervisionam esses organismos certificadores, respectivamente.

O Paquistão tem demonstrado comprometimento com a adoção de normas harmonizadas, tendo já incorporado nove normas SMIIC em seu sistema nacional. Este processo de adoção, iniciado em 2022, representa um avanço significativo para garantir a credibilidade e aceitação global das certificações Halal emitidas no país. A implementação dessas normas visa remover barreiras comerciais e facilitar o comércio internacional de produtos Halal.

O Papel Crucial dos Acordos de Reconhecimento Mútuo

Durante o encontro, ambos os líderes destacaram a importância de fomentar acordos de reconhecimento multilateral (MRAs) entre os estados membros da Organização para Cooperação Islâmica (OIC). Estes acordos são instrumentos essenciais para estabelecer confiança mútua e facilitar o comércio entre nações islâmicas, eliminando a necessidade de múltiplas certificações para um mesmo produto.

Memon enfatizou a necessidade de maior aceitação do logotipo do SMIIC em todos os países islâmicos, o que contribuiria significativamente para a harmonização das práticas Halal e impulsionaria o comércio intra-OIC. A adoção universal deste símbolo representaria um passo importante para consumidores e produtores, simplificando a identificação de produtos genuinamente Halal em mercados globais.

Desafios da Multiplicidade de Normas Halal

Um dos maiores obstáculos para o crescimento da indústria Halal global é a multiplicidade de normas existentes. Atualmente, diversos países islâmicos possuem suas próprias normas Halal, incluindo Malásia, Indonésia, Brunei, Emirados Árabes Unidos e Paquistão. Esta diversidade, embora reflita particularidades culturais e interpretações religiosas locais, cria confusão e dificuldades para produtores, especialmente aqueles em países ocidentais que desejam exportar para mercados islâmicos.

A harmonização dessas normas tem sido um objetivo persistente do SMIIC, que trabalha para estabelecer uma infraestrutura de qualidade Halal global (OHAQ – OIC Global Halal Quality Infrastructure). Esta estrutura visa garantir a rastreabilidade dos produtos, aumentar a confiança dos consumidores, promover o reconhecimento mútuo entre certificações e diminuir barreiras técnicas ao comércio.

Evolução das Normas SMIIC

Desde sua criação, o SMIIC tem desenvolvido e atualizado continuamente suas normas para atender às necessidades do mercado Halal em expansão. As primeiras três normas OIC/SMIIC entraram em vigor em 17 de maio de 2011, estabelecendo diretrizes gerais para alimentos Halal, requisitos para organismos de certificação e diretrizes para entidades de acreditação.

Recentemente, o SMIIC anunciou a publicação de novas normas que abordam diferentes aspectos da inspeção Halal, produtos farmacêuticos e alimentação animal. Estas incluem a OIC/SMIIC 57:2022, que estabelece requisitos para organismos de inspeção Halal; a OIC/SMIIC 50-1:2022, que cobre a fabricação e transporte de produtos farmacêuticos Halal; e a OIC/SMIIC 23:2022, que delineia requisitos para preparação e produção de alimentos destinados a animais Halal.

Impacto para o Comércio Internacional de Produtos Halal

A visita do Secretário Geral do SMIIC ao PNAC reafirma a visão compartilhada de promover integração regional através de práticas padronizadas, marcando um passo positivo para maior colaboração em garantia de qualidade e avaliação de conformidade no mundo islâmico. Esta colaboração é particularmente importante em um contexto onde o mercado Halal global está em rápido crescimento, com um valor estimado de mercado de US$ 2,2 trilhões em 2018.

Para o Paquistão, a implementação efetiva das normas SMIIC representa uma oportunidade de fortalecer sua posição no mercado Halal internacional, garantindo que seus produtos sejam reconhecidos e aceitos globalmente. O Conselho Nacional de Acreditação do Paquistão lançou o Esquema de Acreditação Halal para estabelecer uma estrutura robusta para acreditação de organismos de certificação Halal no país, assegurando que produtos e serviços Halal originários do Paquistão atendam a normas internacionalmente reconhecidas.

Perspectivas Futuras para Harmonização Global

O futuro da harmonização das normas Halal depende da colaboração próxima entre as autoridades de todos os países envolvidos na emissão de certificações Halal. Apenas através dessa cooperação será possível alcançar um quadro regulatório homogêneo com procedimentos de certificação e acreditação unificados, cada vez mais necessários em um mercado globalizado.

O SMIIC, com seu Plano Estratégico 2021-2030, está comprometido em desenvolver normas de alta qualidade que sejam utilizadas mundialmente, apoiar as necessidades de seus membros e garantir o engajamento efetivo de suas partes interessadas, além de apoiar o aprimoramento da infraestrutura de qualidade e a interconectividade de seus membros.

Conclusão

A visita do Secretário Geral do SMIIC ao chefe do PNAC representa um marco importante no esforço contínuo para harmonizar normas Halal e fortalecer a infraestrutura de qualidade no mundo islâmico. Este encontro não apenas destaca o compromisso do Paquistão com a implementação de normas Halal internacionalmente reconhecidas, mas também reforça a importância da colaboração entre países islâmicos para enfrentar os desafios da indústria Halal global.

À medida que o mercado Halal continua a crescer, a harmonização de normas torna-se cada vez mais crucial para facilitar o comércio internacional e garantir a confiança dos consumidores. O trabalho do SMIIC e do PNAC exemplifica como a cooperação internacional pode contribuir para o desenvolvimento de um sistema Halal global que beneficie produtores, certificadores e, principalmente, consumidores muçulmanos em todo o mundo.

Referências

  1. UrduPoint. SMIIC Secretary General Calls On PNAC Chief To Bolster Halal Standards Implementation In Pakistan. https://www.urdupoint.com/en/pakistan/smiic-secretary-general-calls-on-pnac-chief-t-1968378.html
  2. Halalfocus. Pakistan has adopted and released 9 SMIIC Standards. https://halalfocus.com/pakistan-has-adopted-and-released-9-smiic-standards/
  3. SMIIC. New Halal Standards – SMIIC – News & Events. https://www.smiic.org/en/content/731
  4. SMIIC. New editions of OIC/SMIIC Halal Standards. https://www.smiic.org/en/content/573
  5. PNAC Islamabad. Halal Certification Bodies Accreditation (PS 4992). https://pnac.gov.pk/Services/Halal-Certification-Bodies
  6. ICDT-CIDC. OIC/SMIIC Standards on Halal Issues and Halal Quality Infrastructure. https://icdt-cidc.org/wp-content/uploads/SMIIC-and-halal-ICDT-070721.pdf

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Crise Logística Impacta Exportação de Café Brasileiro: O Paradoxo de Abundância e Escassez

A cafeicultura brasileira enfrenta um paradoxo significativo: mesmo sendo o maior produtor mundial de café, o país tem registrado uma elevação expressiva nos preços do produto no mercado interno, enquanto simultaneamente enfrenta gargalos logísticos que impedem o pleno aproveitamento de seu potencial exportador. Em março de 2025, exportadores brasileiros deixaram de embarcar 637.767 sacas de café – o equivalente a 1.797 mil contêineres – devido a dificuldades operacionais nos principais portos nacionais. Este cenário não apenas gerou prejuízos diretos de R$ 8,9 milhões para as empresas exportadoras, mas também contribui para uma crescente pressão nos preços domésticos, afetando consumidores que enfrentam valores recordes para um produto intrinsecamente ligado à identidade nacional.

A Crise Logística nos Portos Brasileiros

A infraestrutura portuária brasileira tem se mostrado inadequada para acompanhar o crescimento do agronegócio nacional, resultando em um estrangulamento sistemático das operações de exportação. Conforme dados do Boletim Detenção Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em março de 2025, 55% dos navios que operaram nos principais portos brasileiros enfrentaram atrasos ou alterações de escala, o que representou 179 de um total de 325 embarcações.

O Porto de Santos, responsável por 78,5% dos embarques de café no primeiro trimestre de 2025, registrou uma situação ainda mais crítica, com 63% dos navios sofrendo atrasos ou alterações em suas escalas – foram 113 do total de 179 porta-contêineres afetados. O tempo mais longo de espera no embarcadouro santista chegou a alarmantes 42 dias, um período que compromete toda a cadeia logística do café brasileiro.

No complexo portuário do Rio de Janeiro, segundo maior exportador de café do país com 17,2% de participação no primeiro trimestre, o cenário não foi significativamente melhor. O índice de atrasos alcançou 59% no mês passado, com o maior intervalo registrado sendo de 15 dias entre o primeiro e o último prazo. Esse percentual representa 43 dos 73 navios destinados às remessas do produto que sofreram alteração de escalas.

O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, destaca a gravidade do problema: “Conforme dados de relatórios de mercado que monitoramos, além dos atrasos, descobrimos que ocorreram 19 omissões de escalas e outras 13 omissões por cancelamento da viagem em embarcações de longo curso, em março, por conta das limitações de infraestrutura portuária, que elevam o tempo de espera dos navios. Isso nos causa grande preocupação porque potencializa a lotação nos pátios, o que desencadeia efeito em toda a cadeia produtiva”.

Impactos Econômicos Para o Setor Cafeeiro

A não concretização dos embarques de café tem gerado um efeito cascata de consequências econômicas. Desde que o Cecafé iniciou o monitoramento dos impactos logísticos, em junho de 2024, o total de perdas acumuladas pelos exportadores já soma impressionantes R$ 66,576 milhões. Este valor contempla despesas adicionais com armazenagem, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.

Para além dos gastos operacionais extraordinários, o país também deixou de arrecadar US$ 262,8 milhões em receita cambial apenas em março, o equivalente a R$ 1,510 bilhão, devido à não concretização dos embarques programados. Esta estimativa considera o preço médio FOB da saca de café verde (US$ 336,33) e a cotação média do dólar a R$ 5,7462 no período.

É importante observar que, apesar da redução no volume exportado, a receita cambial apresentou um crescimento expressivo. Em março de 2025, o Brasil exportou 3,287 milhões de sacas de 60 kg, um volume 24,9% menor comparado ao mesmo mês do ano anterior. Contudo, a receita cambial cresceu 41,8%, alcançando US$ 1,321 bilhão. Este fenômeno reflete as cotações elevadas no mercado internacional, impulsionadas pela diminuição da oferta global devido a condições climáticas adversas que afetaram importantes produtores como Brasil, Vietnã e Indonésia.

Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, explica que “as bolsas de futuros vêm registrando preços altos há meses em função da diminuição da oferta global, por conta de extremos climáticos, os quais afetaram a produtividade nos cafezais de importantes produtores nos últimos anos”. No entanto, ele alerta que o cenário pode sofrer alterações devido a novas políticas comerciais e conflitos econômicos entre as principais economias globais, especialmente após o “tarifaço” apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A Dualidade do Mercado: Exportação versus Consumo Interno

O paradoxo da cafeicultura brasileira se evidencia na dissonância entre o mercado exportador e o consumo interno. Embora o Brasil seja o maior produtor mundial de café, contribuindo com 27% das exportações globais, os consumidores brasileiros enfrentam preços cada vez mais altos e, frequentemente, recebem um produto de qualidade inferior ao exportado.

Esta disparidade é explicada por diversos fatores. Primeiramente, a precificação do café segue parâmetros internacionais, com valores estabelecidos em dólar. Como resultado, mesmo o café destinado ao mercado interno tem seu preço influenciado pelas cotações internacionais, fato agravado pela valorização do dólar frente ao real nos últimos anos.

Além disso, existe uma diferenciação qualitativa significativa. O café destinado à exportação passa por rigorosos processos de seleção, privilegiando os grãos de melhor qualidade, principalmente da variedade arábica. Ao mercado interno, frequentemente são destinados grãos de qualidade inferior, resultando em um produto final com características sensoriais comprometidas, o que explica a predominância de cafés com torra excessiva no país – prática que mascara imperfeições dos grãos.

Este fenômeno não se restringe ao café. Outros produtos do agronegócio brasileiro como soja (56% das exportações mundiais), milho (31%), açúcar (44%), suco de laranja (76%) e carne bovina (24%) seguem lógica semelhante, priorizando mercados externos em detrimento do abastecimento doméstico a preços acessíveis.

Potencial para Mercados Halal e Estratégias de Diversificação

Diante deste cenário desafiador, a diversificação de mercados surge como estratégia fundamental para o setor cafeeiro brasileiro. Os mercados Halal representam uma oportunidade significativa e ainda subexplorada pelo Brasil. Embora o café seja naturalmente um produto Halal (permitido pelo Islamismo), a certificação formal pode agregar valor e facilitar a entrada em mercados muçulmanos com alto poder aquisitivo.

A importância das certificações Halal tem crescido globalmente, como evidenciado pela postura da maior organização muçulmana da Indonésia, Nahdlatul Ulama (NU), que recentemente instou seu governo a manter-se firme quanto aos requisitos de certificação Halal para produtos importados, apesar das críticas dos Estados Unidos. Esta postura demonstra a relevância cultural e religiosa das certificações Halal em países de maioria muçulmana, bem como o crescente debate sobre comércio internacional e soberania regulatória em questões que envolvem práticas religiosas.

Países como a Indonésia, que possuem uma expressiva população muçulmana, representam mercados potenciais para o café brasileiro certificado Halal. Adicionalmente, nações do Oriente Médio como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, com seu elevado poder aquisitivo, constituem oportunidades promissoras para cafés brasileiros de alta qualidade que atendam às exigências da certificação Halal.

Perspectivas e Caminhos para a Superação da Crise

Embora os recentes anúncios de investimentos em infraestrutura portuária – como o leilão do terminal TECON10, a concessão do canal de entrada marítima de Santos, o túnel Santos-Guarujá e a nova via da Rodovia Anchieta – representem avanços, Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, alerta que “os investimentos são importantes, mas não resolvem os prejuízos imediatos. Precisamos de soluções urgentes para manter a competitividade do agro brasileiro.”

No curto prazo, medidas como a otimização dos fluxos operacionais nos portos, ampliação de janelas de atracação e melhoria na coordenação entre os diferentes elos da cadeia logística podem mitigar os impactos. No médio e longo prazos, investimentos estruturais em ferrovias, hidrovias e na modernização dos portos são imperativos para eliminar os gargalos existentes.

Para o mercado interno, políticas que incentivem a comercialização de café de melhor qualidade a preços acessíveis poderiam transformar a relação dos brasileiros com este produto nacional. Programas de educação do consumidor sobre os diferentes perfis de café, métodos de preparo e características sensoriais contribuiriam para elevar o patamar do consumo doméstico, criando um mercado mais exigente e consciente.

Conclusão: Um Desafio Estrutural para a Competitividade Brasileira

A crise logística que afeta as exportações de café brasileiro evidencia um problema estrutural que compromete não apenas o setor cafeeiro, mas a competitividade do agronegócio nacional como um todo. O descompasso entre o crescimento da produção agrícola e o desenvolvimento da infraestrutura logística resulta em perdas econômicas significativas e reduz o potencial exportador do país.

Simultaneamente, o paradoxo de sermos o maior produtor mundial de café e enfrentarmos preços recordes no mercado interno revela as contradições de um modelo econômico que prioriza o mercado externo sem garantir equilíbrio com as necessidades domésticas. Em um contexto de volatilidade cambial e incertezas geopolíticas, como as recentes políticas comerciais protecionistas dos Estados Unidos, a diversificação de mercados, incluindo o promissor segmento Halal, apresenta-se como alternativa estratégica.

O Brasil possui potencial para superar estes desafios e consolidar sua posição de liderança no mercado global de café, mas isto exigirá investimentos consistentes em infraestrutura, modernização regulatória e um reequilíbrio entre as demandas dos mercados externo e interno. Somente assim o café, símbolo da identidade brasileira, poderá expressar plenamente seu potencial econômico e cultural, tanto no cenário internacional quanto no cotidiano dos brasileiros.

Referências

  1. Exportadores de café enfrentam prejuízo de R$ 8,9 milhões com gargalos logísticos nos portos brasileiros
  2. Falta de estrutura nos portos atrasa o embarque de 600 mil sacas de café
  3. Conselho dos Exportadores de Café do Brasil
  4. Exportação de café do Brasil recua em volume, mas receita dispara em março, revela Cecafé
  5. Exportações dos Cafés do Brasil registram crescimento de 41,8% na receita cambial e queda de 24,9% no volume exportado em março de 2025
  6. Notícias – Centro Halal Da América Latina

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Paquistão Avança na Inclusão Financeira com Novo Fundo para Investimentos Islâmicos

A Comissão de Valores Mobiliários do Paquistão (SECP) realizou uma reunião consultiva com a Associação de Fundos Mútuos do Paquistão (MUFAP) em 22 de abril de 2025, resultando na proposta de criação de um novo Fundo de Desenvolvimento de Mercado. Esta iniciativa visa aprofundar o engajamento público com investimentos em conformidade com os princípios Halal, representando um passo significativo para o país que busca eliminar completamente a Riba (juros proibidos pela lei islâmica) de seu sistema financeiro até janeiro de 2028, conforme determinado pela 26ª Emenda Constitucional do país.

O Novo Fundo de Desenvolvimento e Suas Implicações

O Fundo de Desenvolvimento de Mercado proposto pela SECP durante a reunião consultiva com a MUFAP representa uma ferramenta estratégica para transformar o setor financeiro paquistanês. Este fundo não se limitará apenas a promover investimentos islâmicos, mas também servirá como um impulsionador para a educação financeira dos investidores, ampliando a participação do varejo no mercado de capitais e promovendo um crescimento financeiro mais inclusivo. A proposta prevê esforços concentrados para alcançar investidores através de modelos de distribuição mais eficazes, aproveitando soluções de tecnologia financeira (fintech) e acelerando a transição para práticas financeiras em total conformidade com a Sharia.

Durante a reunião, os participantes concordaram em aplicar esforços coordenados para expandir o alcance aos investidores, enfatizando a importância de um modelo de distribuição eficaz que possa atingir diversos segmentos da população. O fundo também proporcionará recursos para iniciativas educacionais que ajudarão os investidores a compreender melhor os princípios e mecanismos dos investimentos Halal, contribuindo para uma tomada de decisão mais informada e consciente por parte da população.

Plano Estratégico para Finanças Islâmicas 2024-2026

O novo fundo proposto se insere em um contexto mais amplo de planejamento estratégico da SECP. Recentemente, o órgão regulador aprovou seu Plano de Ação Estratégico 2024-2026, criado especificamente para fomentar o crescimento e o desenvolvimento das finanças islâmicas no setor financeiro não bancário do Paquistão. Este plano foi cuidadosamente formulado pelo comitê da SECP, presidido por Mujtaba Ahmed Lodhi, Comissário-SCD, e estabelecido em 2023, contando com representantes da Bolsa de Valores do Paquistão (PSX), da Central Depository Company (CDC), da National Clearing Company of Pakistan Limited (NCCPL), chefes de departamentos de políticas da SECP e especialistas do setor.

O plano estratégico visa capacitar plenamente as finanças islâmicas em todos os setores regulados sob a jurisdição da SECP até dezembro de 2026. Após essa implementação inicial, uma estratégia detalhada de conversão será desenvolvida para facilitar a transição de instituições financeiras convencionais para instituições financeiras islâmicas. Este processo de transição foi planejado para garantir uma mudança sem sobressaltos, minimizando possíveis interrupções no sistema financeiro e proporcionando tempo suficiente para adaptações estruturais e operacionais.

O plano se concentra em quatro áreas principais: aceleração do crescimento por meio da expansão da participação das finanças islâmicas em setores regulados; padronização para garantir consistência e harmonia nas práticas financeiras islâmicas; melhoria da qualidade através do aprimoramento do desempenho e da eficiência das instituições financeiras islâmicas; e fortalecimento do arcabouço legal para construir uma base robusta para o crescimento sustentável das finanças Halal no país.

A Importância das Finanças Islâmicas no Contexto Paquistanês

Para compreender a relevância dessas iniciativas, é fundamental entender a natureza e os princípios das finanças islâmicas. Diferentemente do sistema financeiro convencional, as finanças islâmicas proíbem a cobrança de juros (Riba), considerada injusta e exploratória na perspectiva islâmica. Em vez disso, as instituições financeiras islâmicas utilizam mecanismos alternativos para gerar retornos, como compartilhamento de lucros e perdas, taxas de serviço e contratos de compra e venda com margem predeterminada.

No Paquistão, um país de maioria muçulmana, a demanda por produtos financeiros em conformidade com a Sharia tem crescido significativamente. Atualmente, a Bolsa de Valores do Paquistão (PSX) já oferece uma ampla gama de ações e títulos de dívida em conformidade com a Sharia, com mais de 50% do mercado composto por empresas que aderem aos princípios islâmicos. No entanto, a penetração das finanças islâmicas ainda não alcançou todo seu potencial, especialmente entre os pequenos investidores e nas áreas rurais do país.

O Plano Estratégico para a Indústria Bancária Islâmica 2021-25, estabelecido anteriormente pelo Banco Estatal do Paquistão, já havia definido uma meta ambiciosa de alcançar 30% de participação em termos de ativos e depósitos no setor bancário. As novas iniciativas da SECP complementam este plano, ampliando o foco para o setor financeiro não bancário e potencializando o crescimento integrado das finanças islâmicas em todo o ecossistema financeiro paquistanês.

Desafios e Perspectivas para Implementação

Apesar dos avanços significativos e do forte apoio institucional, a implementação efetiva das finanças islâmicas no Paquistão enfrenta diversos desafios. Um dos principais obstáculos é a necessidade de padronizar práticas e produtos financeiros islâmicos em um ambiente onde diferentes interpretações da Sharia podem gerar divergências. Para abordar este desafio, o plano estratégico da SECP enfatiza a importância da padronização e da adoção de normas internacionalmente reconhecidas.

Outro desafio significativo envolve a capacitação do capital humano. O crescimento sustentável das finanças islâmicas requer profissionais qualificados que compreendam tanto os princípios da Sharia quanto as complexidades do sistema financeiro moderno. O novo Fundo de Desenvolvimento de Mercado proposto pretende destinar recursos para programas de capacitação e desenvolvimento profissional, contribuindo para solucionar esta lacuna de conhecimento.

A transição de um sistema financeiro convencional para um sistema baseado em princípios islâmicos também exige uma infraestrutura tecnológica robusta e adaptada. As instituições financeiras precisarão investir em sistemas que possam gerenciar eficientemente produtos financeiros islâmicos, muitas vezes mais complexos em sua estruturação do que os convencionais. A ênfase do plano na utilização de fintech demonstra o reconhecimento da SECP sobre a importância da tecnologia nesse processo de transformação.

Conclusão

As recentes iniciativas da Comissão de Valores Mobiliários do Paquistão, incluindo a proposta do novo Fundo de Desenvolvimento de Mercado e a aprovação do Plano de Ação Estratégico 2024-2026, representam passos significativos na jornada do país para estabelecer um sistema financeiro robusto e inclusivo baseado em princípios Halal.

A abordagem multifacetada, que combina desenvolvimento de mercado, educação dos investidores, padronização de práticas e fortalecimento do arcabouço legal, demonstra um compromisso abrangente com a transformação do setor financeiro. Essa transformação não apenas atenderá aos requisitos constitucionais de eliminar a Riba até 2028, mas também tem o potencial de promover maior inclusão financeira e desenvolvimento econômico sustentável no Paquistão.

O sucesso dessas iniciativas dependerá da colaboração contínua entre reguladores, instituições financeiras, especialistas em Sharia e a sociedade civil. Se implementado efetivamente, o Paquistão poderá se posicionar como um centro regional importante para finanças islâmicas, oferecendo lições valiosas para outros países que buscam desenvolver seus próprios mercados financeiros islâmicos.

Referências

  1. SECP, MUFAP se reúnem para discutir reformas de fundos mútuos e proteção ao investidor
  2. SECP aprova plano de ação estratégico 2024-2026 para desenvolvimento das finanças islâmicas no setor financeiro não bancário
  3. SECP aprova plano para financiamento islâmico
  4. Plano Estratégico para a Indústria Bancária Islâmica 2021-25
  5. Investimento em Conformidade com a Sharia – PSX – Bolsa de Valores do Paquistão
  6. Desenvolvimentos Significativos – SECP

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Maldivas Acelera Integração das Finanças Islâmicas com Reforma no Financiamento Educacional

As Maldivas está em processo de transformação no cenário das finanças islâmicas, com ênfase particular na reformulação do sistema de financiamento educacional. Esta iniciativa representa um avanço significativo para posicionar o país como um centro regional de finanças Halal, integrando princípios islâmicos às estruturas financeiras existentes para educação superior. A mudança é parte de uma estratégia abrangente do governo para fortalecer o setor financeiro nacional enquanto mantém conformidade com os preceitos da Sharia, criando novas oportunidades para cidadãos maldivos buscarem educação superior através de mecanismos financeiros eticamente alinhados com suas crenças religiosas.

O Panorama das Finanças Islâmicas nas Maldivas

O desenvolvimento das finanças Halal nas Maldivas tem ganhado momentum significativo nos últimos anos, com o governo demonstrando comprometimento crescente em transformar o país em um hub regional para este segmento. A Autoridade Monetária das Maldivas (MMA) lançou a iniciativa Tamveel Islamic Finance, destinada a ampliar a conscientização pública e proporcionar treinamento especializado no setor de finanças islâmicas. Este programa ambicioso forma parte de uma estratégia maior para fortalecer a posição do país no sistema financeiro islâmico global, conforme declarado pelo Governador Munawwar da MMA, que expressou claramente que o objetivo é transformar as Maldivas em um centro importante no ecossistema financeiro islâmico.

O governo maldivo estabeleceu um Fundo de Desenvolvimento de Capacidades com uma alocação inicial de 5 milhões de MVR (rufias maldivas), recursos destinados a apoiar programas educacionais diversos e oportunidades de treinamento para construir expertise local em finanças islâmicas. A colaboração anunciada com o Centro Internacional para a Universidade de Finanças Islâmicas (ICFI) reforça este compromisso, facilitando a formação especializada na área e preparando profissionais capacitados para atuar neste mercado em expansão.

A criação de uma estrutura regulatória robusta para as finanças islâmicas também tem sido prioridade, com o Partido Democrático Maldivo (MDP) propondo a formulação de um plano diretor nacional para expansão adicional das finanças islâmicas no país. Estas ações demonstram reconhecimento governamental da importância estratégica deste setor não apenas para o desenvolvimento econômico nacional, mas também para atender as necessidades de uma população predominantemente muçulmana.

A Transformação do Financiamento Educacional

A pedra angular desta evolução financeira nas Maldivas é a reformulação do sistema de financiamento educacional para alinhá-lo com os princípios da Sharia. O Banco das Maldivas (BML) Islamic introduziu um novo produto de financiamento educacional baseado no conceito de Ijarah (arrendamento), uma estrutura compatível com os preceitos da Sharia que proporciona assistência financeira para maldivos que buscam educação superior em qualquer parte do mundo, desde cursos de nível certificado até doutorados.

Este financiamento educacional do BML Islamic permite que estudantes obtenham até 75% do custo total de sua educação, incluindo taxas de matrícula, despesas de subsistência e outros gastos relacionados, com uma taxa de 11% e um período de reembolso máximo de dez anos. Um aspecto fundamental deste produto é que os pagamentos só começam após a conclusão dos estudos, facilitando a jornada educacional sem sobrecarga financeira imediata para os estudantes. O financiamento está disponível mediante uma contribuição de capital de 25% e exige uma garantia equivalente a 150% do valor financiado.

Esta iniciativa representa um esforço significativo para corrigir as questões identificadas no Esquema Nacional de Empréstimos para Educação Superior (NSLS), que foi objeto de análise crítica quanto à sua conformidade com os princípios da Sharia. Estudos apontaram preocupações relacionadas à taxa de serviço de 1% e à ausência de supervisão formal da Sharia no esquema anterior, questões que o novo modelo busca resolver através de uma estrutura financeira mais transparente e inequivocamente compatível com os princípios islâmicos.

O Papel Transformador da Dra. Aishath Muneeza

Na vanguarda desta transformação está a Professora Dra. Aishath Muneeza, uma figura proeminente no desenvolvimento das finanças islâmicas nas Maldivas. Como Presidente do Comitê de Sharia de Investimentos Alia e correspondente do Islamic Finance News (IFN) para as Maldivas, a Dra. Muneeza tem sido instrumental na moldagem do panorama das finanças islâmicas no país. Sua trajetória impressionante inclui posições como primeira vice-ministra mulher do Ministério de Assuntos Islâmicos e vice-ministra do Ministério de Finanças e Tesouro das Maldivas.

A contribuição da Dra. Muneeza estende-se à criação do primeiro esquema de microfinanças compatível com a Sharia no país, demonstrando seu compromisso com soluções financeiras islâmicas inovadoras. Como conselheira de Sharia, ela desempenhou papel crucial na estruturação de ofertas corporativas de sukuk (títulos islâmicos) e instrumentos de tesouraria islâmica para entidades tanto públicas quanto privadas nas Maldivas. Sua expertise também foi fundamental na elaboração do arcabouço legal para o mercado de capitais islâmico do país.

Atualmente, além de suas funções acadêmicas como Decana Associada para Estudantes e Internacionalização na Universidade INCEIF, a Dra. Muneeza continua a influenciar o setor como membro do Comitê de Sharia da Munich Re e Diretora independente no Conselho da Amana Takaful Maldives, a única provedora de takaful (seguro islâmico) completo nas Maldivas. Sua visão e liderança têm sido catalisadoras para a evolução do sistema financeiro maldivo em direção a maior conformidade com os princípios islâmicos.

Implementação Prática e Impactos Esperados

A implementação do novo financiamento educacional islâmico representa uma oportunidade significativa para muitos potenciais estudantes maldivos que buscam meios compatíveis com a Sharia para realizar seus sonhos de educação superior. Conforme destacado pela Diretora de Bancos Islâmicos do BML, Suri Hanim Mohamed, os produtos do BML Islamic são desenvolvidos de acordo com padrões internacionais de excelência em bancos e finanças islâmicas, garantindo total conformidade com os preceitos da Sharia.

O impacto esperado desta iniciativa transcende o aspecto financeiro, pois aborda uma necessidade fundamental da população maldiva de ter acesso a serviços financeiros que respeitam seus valores religiosos. Ao proporcionar uma alternativa Halal ao financiamento educacional convencional, esta reforma permite que mais cidadãos maldivos busquem educação superior sem comprometer suas crenças, potencialmente elevando o nível educacional geral do país e contribuindo para seu desenvolvimento socioeconômico.

Esta transformação também se alinha com tendências globais no financiamento da educação superior em países de maioria muçulmana. Estudos indicam que instrumentos financeiros islâmicos como sukuk (títulos), waqf (doações) e zakat (caridade) podem ser utilizados efetivamente para financiar instituições de ensino superior, proporcionar bolsas de estudo para estudantes de origens desfavorecidas e financiar pesquisas, oferecendo soluções sustentáveis para os desafios de financiamento educacional.

Perspectivas Futuras para as Finanças Islâmicas nas Maldivas

A reforma no financiamento educacional representa apenas um aspecto de um movimento mais amplo nas Maldivas em direção à integração das finanças islâmicas em todos os setores da economia. O manifesto do MDP, por exemplo, propõe conduzir uma auditoria de reforma regulatória para modernizar o arcabouço regulatório do setor financeiro maldivo, facilitando um setor financeiro moderno e um mercado de capitais que prioriza as finanças islâmicas.

O estabelecimento das Maldivas como um centro regional de finanças islâmicas não apenas atenderia às necessidades financeiras domésticas de forma compatível com a Sharia, mas também poderia atrair investimentos internacionais, diversificando a economia para além do turismo. Esta diversificação é particularmente importante considerando a vulnerabilidade da economia maldiva, que depende fortemente do turismo.

A visão de longo prazo inclui desenvolver um sistema financeiro que permita às finanças islâmicas acessar mais convenientemente setores como bancos, seguros e fundos de pensão, criando um ecossistema financeiro Halal completo. Para concretizar esta visão, o contínuo desenvolvimento de capacidades locais em finanças islâmicas, através de iniciativas como o programa Tamveel e a colaboração com instituições educacionais, será crucial.

O movimento das Maldivas em direção a uma maior integração das finanças islâmicas, exemplificado pela reforma no financiamento educacional, representa um passo significativo na jornada do país para estabelecer um sistema financeiro que seja não apenas economicamente viável, mas também eticamente alinhado com os valores da população. Com liderança visionária, investimento em desenvolvimento de capacidades e reformas regulatórias contínuas, as Maldivas está bem posicionada para emergir como um modelo regional de finanças islâmicas integradas.

Referências

  1. BML Islamic introduces Education Financing – Raajje.mv
  2. A SHARI’AH ANALYSIS OF THE NATIONAL HIGHER EDUCATION LOAN SCHEME IN THE MALDIVES – IJIEF
  3. Innovative MMA Tamweel Initiative Seeks to Transform Islamic Finance – PSM News
  4. Dr. Aishath Muneeza – Hdfc.com.mv
  5. Dr Muneezaa Appointed to the Shariah Committee of Maldives Islamic Bank – MIB
  6. Associate Dean Prof Dr Aishath Muneeza (CoE ISF Member) for her contributions to Islamic finance – INCEIF